Prévias 2021: Não esqueçamos: Ravens são ameaças aos bichos-papões da AFC

Baltimore manteve quase intacta a base de 2020, reforçando-se nos dois setores ofensivos mais frágeis da equipe – wide receivers e linha ofensiva. Outra vez candidata ao Super Bowl, franquia torce para que as contratações ajudem Lamar a reencontrar sua melhor forma

Lamar Jackson obteve sua primeira vitória nos playoffs diante do Tennessee Titans, porém a temporada do Baltimore Ravens terminou de maneira amarga após uma lavada contra o Buffalo Bills no Divisional Round. Sem encantar como em 2019 – mas ainda bastante competitiva -, a franquia espera voltar mais forte em 2021, destronar os bichos-papões da AFC e enfim chegar ao Super Bowl.

DRAFT E FREE AGENCY 2021: Ao contrário das intertemporadas anteriores, os Ravens focaram no lado ofensivo da bola desta vez e trouxeram diversos reforços para a linha e o corpo de wide receivers, suas duas posições mais carentes. Isso, no entanto, representou algumas baixas significativas na defesa, apesar da unidade continuar entre as melhores da liga.

Principal reforço: Rashod Bateman, WR. O calouro precisa ser o wide receiver número 1 o qual Lamar Jackson não teve até agora, de preferência o mais rápido possível. Dono das ferramentas físicas e técnicas necessárias para dominar logo de cara, Bateman tende a assumir um papel destacado no ataque logo de cara.

Principal perda: Matt Judon, EDGE. Judon liderou o time com seis sacks em 2020. Não é uma produção daquelas de cair o queixo, contudo ele foi o principal apressador de passe e fará falta em 2021, sobretudo porque Yannick Ngakoue também saiu e Baltimore contratou apenas o veterano Justin Houston para substituí-los.

Novos alvos e bloqueadores prometem trazer mais conforto a Lamar

É necessário reconhecer que Lamar Jackson regrediu um pouco como passador. Não só os números pioraram em relação a 2019 (a porcentagem de passes completos e o total de touchdowns caíram, enquanto as interceptações subiram); a mecânica e as decisões do quarterback pareceram menos polidas. Enfim, ele esteve longe da forma de vencedor do prêmio de MVP.

À parte a culpa do próprio Lamar, todavia, há outros fatores explicando a queda ofensiva dos Ravens. Um deles foi a instabilidade na linha ofensiva: a equipe viu Marshal Yanda se aposentar e Ronnie Stanley lesionar gravemente o tornozelo na semana 8. Sem os dois, a linha entrou em parafuso e não conseguiu proteger Jackson com a mesma eficiência, caindo de 8º a 23º na métrica Adjusted Sack Rate.

O general manager Eric DeCosta, então, decidiu investir em bloqueadores. Kevin Zeitler e Alejandro Villanueva vieram ocupar, respetivamente, as posições de right guard e right tackle – Zeitler tentará preencher o vazio deixado pela saída de Yanda. Já o calouro Ben Cleveland, selecionado na 3ª rodada do Draft, traz profundidade ao plantel. Some os três ao retorno de Stanley e teremos um conjunto muito mais encorpado em 2021, ainda que a transição de Bradley Bozeman de left guard para center desperte alguma preocupação.

Outro fator em 2020 era o pedestre grupo de recebedores. Marquise Brown é meio bipolar, alternando ótimos lances com drops terríveis em momentos importantes. Willie Snead, que agora está nos Raiders, e Miles Boykin, por sua vez, são meros coadjuvantes na liga que não costumam ultrapassar as 500 jardas recebidas a cada ano. Apenas o tight end Mark Andrews apresentava o mínimo de regularidade, sendo o alvo de confiança de Lamar, entretanto ele sozinho não fazia verão.

Igual à linha ofensiva, DeCosta atacou o problema indo atrás de reforços: Sammy Watkins veio na free agency e Rashod Bateman na 1ª rodada do Draft. Iremos falar sobre ambos daqui a pouco, portanto faremos suspense por ora.

Baltimore fez vários investimentos visando melhorar o entorno de Lamar Lackson e mudar um pouco a chave, talvez querendo deixar de ser o time previsível que corre em 58% dos snaps. Agora está nas mãos do coordenador Greg Roman. Ele precisa fazer as peças se encaixarem, encontrar soluções para o jogo aéreo (o pior da NFL em total de jardas) e tornar o ataque mais equilibrado.

Perda de pass rushers machuca, mas Ravens seguem fortes na defesa

Vamos começar pela parte ruim: pass rush. Matt Judon e Yannick Ngakoue partiram na free agency, restando Pernell McPhee, Tyus Bowser, Jaylon Ferguson, o calouro Odafe Oweh e o recém-chegado Justin Houston no corpo de EDGEs. Bowser e Ferguson, os jovens remanescentes de 2020, totalizaram quatro sacks, ao passo que McPhee e Houston já romperam a barreira dos 32 anos de idade.

Não é um grupo que inspira confiança. A sorte dos Ravens é conseguir compensar o possível baixo número de sacks com uma secundária agressiva e capaz de forçar turnovers. Os cornerbacks Marlon Humphrey e Marcus Peters, por exemplo, somaram 12 fumbles forçados e cinco interceptações em 2020. Aliás, por falar em cornerbacks, você não encontrará um quarteto superior a Humphrey, Peters, Tavon Young e Jimmy Smith. Até por isso falta dinheiro para segurar os EDGEs, o famoso dilema do cobertor curto – cobre de um lado, descobre do outro.

A linha defensiva deverá contribuir no pass rush, embora a vocação do trio Brandon Williams, Calais Campbell e Derek Wolf seja mesmo defender o jogo terrestre, algo que são realmente ótimos fazendo – Campbell é quem tem maior potencial apressando o passe, porém ele também tem seus 34 anos de idade. Ou Oweh estreia na NFL pegando fogo – e ele não derrubou o quarterback nenhuma vez por Penn State em 2020 -, ou Don Martindale precisará de criatividade gerando pressão, caso contrário podemos ver uma escassez de sacks.

A resposta para esse problema pode estar justamente em Martindale. Nos últimos dois anos, os Ravens lideraram a liga em número de blitzes enviadas – 54,9% em 2019, 44,1% em 2020. Se os jogadores não possuem tanta qualidade para gerar pressão de forma individual, a saída encontrada por Baltimore foi gerar essa pressão na base da força.

Apesar disso, não existem motivos para imaginar muitas dificuldades deste lado da bola. A franquia, 9ª em DVOA defensivo geral na última temporada, nunca teve uma defesa abaixo do top 12 em número de jardas e pontos cedidos desde a chegada de John Harbaugh em 2008. Ela possui talento suficiente em todos os setores e um técnico especialista em tirar o melhor dos atletas que tem em mãos. Não será este o calcanhar de Aquiles.

Como foi em 2020: 11-5, 2º lugar na AFC North. Derrota na Semifinal de Conferência.

Aspecto tático: Sammy Watkins traz experiência a um conjunto de wide receivers jovem e errático. Bateman traz o talento para ser a resposta em médio ou até curto prazo. A inserção dos dois promete fazer a vida de Lamar bem mais fácil e, se tudo der certo, injetar uns esteróides no anêmico ataque aéreo dos últimos tempos. Bateman sofreu com algumas pequenas lesões no Training Camp, contudo ele e Watkins vêm recebendo elogios pelos suas performances.

Jogo mais importante: Semana 18, vs. Steelers. Uma partida contra Pittsburgh na semana derradeira tem toda a cara de duelo decisivo na AFC North ou, no mínimo, confronto implicando a briga pelo Wild Card.

Pergunta a ser respondida: Greg Roman será capaz de fazer o ataque aéreo decolar? A história recente da NFL nos mostra como ataques focados em corridas do quarterback ficam manjados bastante rápido. Por exemplo, foi o que aconteceu no San Francisco 49ers de Greg Roman e Colin Kaepernick; é o que acontecerá em Baltimore se o coordenador ofensivo não buscar aumentar o repertório de Lamar.

Ano passado, Roman já sofreu críticas pela pouca criatividade nas chamadas e a falta de produção do ataque pelo ar, embora também devamos ter em perspectiva o retrocesso de Jackson e a escassez de recebedores qualificados no elenco. Talvez 2021 seja a prova de fogo para descobrirmos a viabilidade deste viés excessivamente terrestre dos Ravens, podendo inclusive culminar na demissão de Roman caso não haja evolução aérea.

O que esperar em 2021: Competidor na AFC. Baltimore é favorito ao título de divisão e pertence ao seleto grupo de postulantes a desbancar o Kansas City Chiefs na Conferência Americana. Há certo ceticismo quanto ao poder de fogo do ataque aéreo, sobretudo quando a equipe fica atrás no placar e depende de lançar a bola para se recuperar, mas a defesa e o jogo corrido podem tranquilamente ganhar várias partidas. Em suma, os Ravens sonham com Super Bowl e não seria nada surpreendente vê-los no SoFi Stadium em fevereiro.

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