Times que possuem defesas como seu ponto forte ganham a maioria de seus jogos de forma apertada. Nesses casos, você não precisa de um ataque que anote 30 pontos toda semana, e sim de uma unidade que avance a bola de forma consistente e que não te deixe na mão. Se essa combinação for bem balanceada, é possível ir bem longe.
Tudo o que falamos acima se aplica ao Chicago Bears da temporada de 2018, quando o time venceu a divisão e perdeu na pós-temporada por um field goal que acertou a trave duas vezes. Coincidentemente, esse é o mesmo roteiro do Chicago Bears de 2020, mas a vitória por 20 a 19 contra o Tampa Bay Buccaneers provou que existe uma diferença importante: mesmo com toda a variância no desempenho de Nick Foles, você pode acreditar até o fim.
Khalil Mack e Kyle Fuller são peças ideais numa defesa de impacto
A importância dos EDGEs e dos cornerbacks na NFL nunca foi tão alta como na atualidade, em que o jogo aéreo é o grande foco da maioria dos times. Os Bears têm a sorte de possuírem dois jogadores muito acima da média justamente nesses pontos da defesa, e por isso a unidade ainda se mantém dentre as melhores da liga, ainda que haja queda de produção se comparada a mesma unidade em 2018.
Khalil Mack é o melhor jogador do Chicago Bears. Agora em sua terceira temporada com a equipe, ele continua justificando o investimento de duas escolhas de primeira rodada feito em 2018, apresentando-se como uma força dominante pressionando os quarterbacks adversários pelos extremos e demandando total atenção da linha ofensiva. Com sua combinação de força, explosão e movimentos de pass rush, é uma missão dificílima bloquear Mack de forma individual, já que ele sozinho pode fazer jogadas capazes de definir o resultado de uma partida.
Já em Kyle Fuller, o time tem uma opção segura e capaz de, se necessário, marcar individualmente o melhor recebedor do oponente. Para se ter uma ideia, os ataques adversários não completam nem a metade dos passes lançados em direção a um wide receiver que está sendo marcado por Fuller em uma determinada jogada. Além disso, a agressividade do cornerback é recompensada de uma forma positiva: ele já possui 2 turnovers forçados em apenas 5 partidas em 2020, uma ótima marca.
Mack e Fuller são apenas os nomes mais notáveis de uma defesa que é forte de várias formas: do lado oposto à Mack, Robert Quinn faz um ótimo trabalho pressionando os quarterbacks adversários, assim como o cornerback calouro Jaylon Johnson teve um bom início de 2020 atuando no lado oposto à Fuller. Pelo interior da linha, Akiem Hicks manteve a forma dominante mesmo depois de sofrer com lesões em 2019. Apesar da inconsistência, o linebacker Roquan Smith é capaz de jogar em alto nível e, por fim, Eddie Jackson permanece como um dos melhores safeties da liga. Certamente, é uma das melhores defesas da NFL.
Apesar da alta variância, Foles é capaz de levar os Bears longe
Uma definição simplificada de variância aplicada nesse texto faz respeito aos desvios que um objeto tem de sua média. Sendo o objeto as atuações de Nick Foles, é quase impossível encontrar uma média plausível. Ter um quarterback inconsistente nunca é algo bom, mas o caso de Foles é totalmente atípico: em sua carreira, ele nunca se estabeleceu como franchise quarterback ao mesmo tempo que já foi o MVP do Super Bowl.
Chicago tem atualmente 4 vitórias e 1 derrota, com Foles estando presente nos três últimos jogos. Ele foi dominante em algum deles? Longe disso. Só que, ao mesmo tempo que ele deixa oportunidades claras em campo, Foles te dá confiança o suficiente para continuar acreditando na vitória nos momentos mais críticos de uma partida, onde ele mais cresce de produção.
Bom, ao menos mais confiança do que Trubisky.
Foles é a melhor opção para o Chicago Bears atualmente. Ainda que ele seja inconsistente e tenha falhas claras, a presença do jogador em campo acende uma faísca completamente diferente no ataque dos Bears – até mesmo na questão psicológica, quando comparamos a aura que envolve Foles e a ineptitude de Mitchell Trubisky.
Como falamos no início do texto, dado o nível da defesa dos Bears, o ataque não precisa ser a grande estrela da partida: basta apenas que não deixe a equipe na mão todos os jogos. Mesmo com seus altos e baixos, Foles se provou capaz de aparecer nas horas mais importantes. Se continuar assim, Chicago será um time perigoso.
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