Todo começo de offseason tem mudanças intensas nas comissões técnicas. Treinadores são demitidos, outros vão para postos superiores em outros times e abrem espaço para reposição, que muitas vezes é feita por aqueles que acabaram de perder o emprego. É o ciclo natural da NFL e as mudanças por diversas vezes trazem esperança ao torcedor, que se empolga com o histórico dos recém-chegados. Todavia, em 2022 uma torcida em especial fica com a pulga atrás da orelha: a do New England Patriots.
Por mais que a confiança em Bill Belichick seja imensa – e seu histórico faz jus a isso – a montagem do staff é um tanto quanto estranho a primeira vista. Após a saída de Josh McDaniels para se tornar head coach do Las Vegas Raiders, a franquia não só não definiu um coordenador ofensivo, como ao que tudo indica e é apontado por diversos insiders, terá Joe Judge e Matt Patricia nesse lado da bola. Como se não bastasse, na defesa novamente não deve existir a formalização de um coordenador, algo único na NFL.
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A centralização parece o caminho
Ao que tudo indica, Bill Belichick quer ter o comando do ataque de forma micro e não apenas macro como nos tempos de McDaniels. Ao não ter definido um coordenador ofensivo uma semana antes de um evento importante como o Combine – onde estarão os principais prospectos para o próximo Draft -, Belichick mostra que a sua vontade será suprema agora também onde antes costumava antes delegar maior poder. A contratação de Judge e o movimento interno com Patricia – antes apenas um conselheiro – reforçam essa impressão.
Homens de confiança de Belichick, ambos conhecem a forma do treinador trabalhar, o que poupa tempo quando existe uma centralização. Se você tem vários pontos para cuidar, precisa minimizar o tempo gasto em cada um, sob pena de deixar outro descoberto. Porém, fica a ressalva de que Judge teve como experiência apenas um ano como treinador de wide receivers (2019), acumulando a função com a de coordenador de special teams. Já Patricia trabalhou como assistente de linha ofensiva em 2005, depois se dedicando a defesa.
O trabalho de chamar as jogadas devem ficar a encargo de Nick Caley, treinador de tight ends e que trabalha nos Patriots desde 2015. Tendo sido assistente de McDaniels, ele deve seguir a mesma linha do antecessor. Todavia, é importante frisar que Josh era um dos coordenadores mais eficientes da NFL, sabendo usar coisas simples de forma muito eficiente. Ele teve muito mérito em saber ir soltando as rédeas do ataque com Mac Jones gradualmente, o que deu confiança ao então calouro.
Não são movimentos que, num primeiro momento, trazem confiança ao torcedor ou grande perspectiva de evolução. Judge vem de um trabalho muito ruim como head coach no New York Giants, onde em especial o ataque foi ruim e Daniel Jones em nada evoluiu. Patricia também naufragou no Detroit Lions, enquanto Caley não teve nenhum tight end de destaque nos últimos anos. Será preciso que Belichick trabalhe muito as diretrizes que quer na unidade, para evitar que a evolução de Jones seja comprometida.
