O torcedor do Denver Broncos viveu um turbilhão de emoções nas últimas semanas. Após uma sequência de viradas improváveis — a mais recente, uma remontada épica sobre o New York Giants, transformando um 19 a 0 no último período em uma vitória por 33 a 32 —, o sentimento é misto: orgulho pela resiliência do time, mas também frustração por perceber que o potencial ofensivo parece ser explorado apenas quando o desespero bate à porta. A terceira virada consecutiva mostra uma tendência clara: o Denver tem talento, mas está sendo freado por uma abordagem excessivamente conservadora de Sean Payton.
Bo Nix, o calouro que vem encantando a torcida, é o símbolo desse dilema. O quarterback tem mostrado nervos de aço e um instinto competitivo raro, especialmente nos momentos decisivos. Nos três primeiros quartos das partidas, Nix acumula 8 touchdowns totais — um número respeitável, mas nada fora da curva. No entanto, no último período, quando finalmente ganha liberdade para arriscar, ele já soma 6 touchdowns. Ou seja: um quarto do jogo é suficiente para que Nix produza quase tanto quanto nos três anteriores.
Os números do próprio time reforçam a narrativa. O Denver Broncos é o segundo time que mais pontua no último quarto da NFL, uma façanha impressionante para uma equipe que, nos demais períodos, figura apenas nas posições 17ª, 20ª e 28ª em pontos anotados. Essa discrepância não é coincidência — é reflexo direto do estilo de jogo adotado por Sean Payton. O treinador, conhecido por sua mente ofensiva criativa, parece ter assumido uma postura excessivamente cautelosa nos inícios de partida, priorizando jogadas curtas, screens previsíveis e evitando arriscar.
A justificativa implícita parece ser a tentativa de proteger um quarterback jovem. Mas chega um momento em que o excesso de zelo se torna contraproducente. Bo Nix já mostrou que consegue lidar com a pressão, que tem leitura de campo e precisão suficientes para desafiar defesas desde o primeiro snap. O quarto período tem sido sua vitrine — mas também o espelho do que Denver poderia ser se o plano de jogo não fosse travado por medo de erros.
Tem bola para segurar a onda
E mesmo que os erros apareçam, os Broncos têm estrutura para suportá-los. A defesa da equipe é top-5 na liga, e não apenas em estatísticas superficiais. É a defesa que mais consegue sacks na NFL, pressionando constantemente os quarterbacks adversários e forçando decisões ruins. Essa unidade dá a Sean Payton o luxo de poder ser mais agressivo ofensivamente: se um turnover acontecer, há confiança suficiente de que a defesa conseguirá conter o estrago. Em outras palavras, o equilíbrio do elenco permite correr mais riscos.
Além disso, a confiança é um ciclo. Quando o técnico transmite ao seu quarterback a sensação de que ele precisa “evitar o erro a qualquer custo”, isso restringe a fluidez ofensiva. Mas quando a mensagem é “confio em você para decidir”, o resultado é exatamente o que temos visto no último quarto: um Bo Nix mais solto, mais criativo e, consequentemente, mais produtivo. A liderança que ele mostrou nessas viradas — especialmente na vitória sobre os Giants — é algo que não se ensina. É puro instinto de vencedor.
Portanto, o caminho parece claro: Sean Payton precisa soltar as rédeas de Nix mais cedo. O ataque do Denver não pode continuar dependendo de milagres no último período. Se o técnico permitir que o jovem quarterback jogue com a mesma confiança e liberdade desde o primeiro quarto, o time não apenas evitará situações desesperadoras, mas também poderá ditar o ritmo das partidas.
Apenas relaxe um pouco Payton
Os Broncos mostraram que têm uma defesa dominante e um quarterback promissor. Falta apenas um ajuste de mentalidade. A abordagem conservadora, embora segura, impede que o time alcance seu verdadeiro teto. É hora de confiar em Bo Nix — não apenas quando o relógio aperta, mas desde o primeiro drive. Porque se o último quarto já é o show particular de Nix, imagine o que ele pode fazer em quatro.
O Denver Broncos encontrou seu líder. Agora, cabe a Sean Payton parar de protegê-lo demais e deixá-lo jogar como o quarterback que ele já provou ser — um que não precisa de um milagre no fim para vencer.
Para saber mais:
Afundou: Crise de Miami exige recomeço completo
5 lições, Semana 7: Jaxon Smith-Njigba é o melhor recebedor da temporada
Transmissões da Semana 8 da temporada 2025 da NFL
Christian McCaffrey mostra como os 49ers ainda são um time perigoso
Quer ter todo conteúdo do ProFootball rapidinho em seu celular ou computador sem perder tempo?
Acesse nossos grupos no WhatsApp ou no Telegram e receba tudo assim que for para o ar.
