Brady, Arians: “Casamento” tem conserto?

Diferente do início do ano, o sistema ofensivo não vem dando certo. Brady está sofrendo com passes longos desde a derrota para os Saints e Arians tampouco faz modificações no ataque. Com o fim da temporada regular, uma solução, principalmente pensando em playoffs, se faz cada vez mais urgente.

Passadas 7 semanas da temporada regular, era impossível não se impressionar com as atuações de Tom Brady. Mesmo com os limites do tempo e em um sistema novo, o lendário quarterback estava sendo capaz de dar a volta por cima após um 2019 amargo, que quase sepultou sua carreira. Até mesmo na vitória suada frente ao carrasco New York Giants, Brady conseguiu apresentar uma atuação decente, levando o Tampa Bay Buccaneers ao triunfo em uma partida apática.

Desde o embate contra o New Orleans Saints, entretanto, a chave virou e sua temporada de recuperação saiu dos trilhos. Suas atuações não apenas pioraram e se refletiram nas estatísticas: Brady parece não estar mais adaptado ao sistema do treinador, Bruce Arians, e isso se reflete em um ataque inepto, que não consegue aproveitar as oportunidades que a defesa lhe dá.

A presença na pós-temporada pode até estar bem encaminhada, mas com as dificuldades ofensivas, está longe de ser garantida. Além disso, mesmo com a eventual classificação aos playoffs, a presença de Tampa nos confrontos de janeiro pode ser um voo de galinha se as coisas não melhorarem. Há solução para o relacionamento entre o quarterback e o head coach?

Há problema com o sistema?

Ao mesmo tempo que Brady via sua produção cair na temporada, um ponto que foi muito levantado é que o ataque de Arians não ocupava bem suas qualidades. É possível entender esse argumento, mas a realidade é que ele é inconsistente com o que vimos no início da temporada.

É notório que falta variedade no ataque dos Buccaneers e não é de hoje que falamos isso. Arians não é o arquiteto ofensivo mais preocupado com táticas utilizadas na NFL de hoje e que são virtudes das novas caras da liga, como a movimentação pré-snap e o play-action. O uso deste, inclusive, é uma crítica válida e constantemente feita, pois Brady é notoriamente bom nesse tipo de passe – inclusive neste ano -, só que ele vem sendo pouco visto nas chamadas de ataque.

A questão que surge é: a falta desses artifícios prejudicou Brady no início do ano? Comparando comparáveis, a média de jardas que a bola viajou no ar no confronto contra o Kansas City Chiefs, foi muito semelhante à vista na vitória contra o Las Vegas Raiders (9,6 e 9, respectivamente), quando Brady teve uma de suas melhores partidas no ano.

O grande problema da queda ofensiva não é o sistema de Arians – apesar de ele possuir seus imbróglios, como citado acima -, mas a dificuldade de Tom em executar os mesmos conceitos do início da temporada. O que explica sua crise em passes em profundidade (em passes para mais de 15 jardas: 1 touchdown, 3 interceptações, 38% de passes completos) desde a semana 10? Por que possui a sexta maior marca em lançamentos ruins ao mesmo tempo que é o sexto menos pressionado na liga?

É possível encontrar pontos de melhora no sistema de Arians, mas a inconsistência de Brady é o maior problema da unidade neste momento.

O que fazer?

Agora que o principal problema foi elucidado, vamos encontrar uma solução – ainda que ela não seja aplicada na prática. Há dois processos para que o ataque de Tampa volte a operar como no início do ano, porém, algumas mudanças podem ser necessárias.

Em primeiro lugar, Brady e Arians precisam resolver sua DR e entender qual o passo do relacionamento que estão: há algo a ser feito para que o quarterback consiga usufruir o máximo do sistema do treinador outra vez? Se sim, basta continuar do jeito que está e a responsabilidade recai inteiramente sobre o passador – mas é difícil imaginar isso, pois Tom parece não estar diagnosticando bem a rota com as coberturas na hora da execução e o braço não está mais acurado como antes.

Do contrário, mudanças precisam ser feitas, seja pela implementação dos aclamados conceitos modernos ou por uma revolução no ataque, em um esquema de passes rápidos abusando da velocidade de Chris Godwin e Mike Evans. Honestamente, o segundo ponto é de difícil implementação, já que boa parte da temporada se passou e mudanças podem comprometer ainda mais. O primeiro é de fácil transformação, mas a realidade é que de nada ele adiantará, também, se Brady não conseguir voltar ao seu nível das primeiras semanas.

Resumindo, como boa parte da NFL hoje, está nas mãos do quarterback. Arians pode fazer algumas modificações para facilitar a vida de Brady, contudo, o principal vai partir deste, pois de nada adianta até mesmo uma revolução se seu braço e sua mente, enfim, resolverem dizer “chega”.

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