O Buffalo Bills viu em 2020 a comprovação de que a fé que a organização depositou em Josh Allen no Draft de 2018 era merecida. Ao ver seu franchise quarterback jogando em altíssimo nível e com um ataque reforçado, a equipe chegou na final de conferência pela primeira vez desde 1993. O objetivo da atual temporada é superar o último obstáculo rumo ao Super Bowl: bater o Kansas City Chiefs.
DRAFT E FREE AGENCY 2021: Acertar na free agency nem sempre é investir pesado no elenco; as vezes isso também pode significar ficar parado e só trabalhar com o que já se tem de bom. Foi o que Buffalo fez, com pouquíssimas perdas importantes, várias reestruturações de contrato e apenas uma ou outra reposição.
Foi no Draft que vieram os movimentos notáveis. A escolha de Gregory Rousseau no final da primeira rodada foi uma barganha e tanto. O foco absoluto foi nas trincheiras, com as quatro primeiras escolhas sendo utilizadas em jogadores de linha – os dois primeiros na defesa, os dois seguintes no ataque. Proteção para Josh Allen, pressão nos quarterback adversários.
Principal reforço: Emmanuel Sanders, WR. Sanders é um jogador com histórico mínimo de drops e que se destaca por um excelente route running. Com 34 anos de idade, atleticismo não será um problema: ele nunca foi um jogador que se destacou por ser muito rápido ou forte, e os dois últimos anos em San Francisco e New Orleans não deram sinais de que sua produção está declinando. Um excelente segundo recebedor.
Principal perda: John Brown, WR. Brown era a arma vertical no ataque de Brian Daboll, entretanto, ele vem de um ano marcado por lesões e com baixa produção, tornando seu corte natural numa temporada em que a folha salarial foi problema pra grande parte da liga. Não é uma ausência que os torcedores da equipe irão lamentar considerando a qualidade de Sanders, seu substituto.
Com Allen, céu é o teto
O ataque do Buffalo Bills deu mais um salto de qualidade em 2020 e a causa foi a incrível melhora do quarterback. Depois de dois anos bastante inconstantes no início da carreira de Allen, a paciência da organização deu frutos e os Bills tiveram a melhor campanha em décadas, faltando apenas um degrau para chegar ao Super Bowl.
Allen saltou de 58,8% de passes completos para 69,2%, além de lançar 37 touchdowns, um incrível aumento de 85% em relação à 2019. A chave para tal melhora estatística foi justamente o que lhe faltava desde os tempos de Wyoming: consistência. O quarterback dos Bills possui praticamente todas as ferramentas físicas, e embora ele não seja uma ameaça em corridas desenhadas, ele é móvel o suficiente para manter a jogada viva quando fora do pocket e até mesmo num scramble ocasional.
Allen virou um quarterback de elite em 2020 porque os Bills fizeram com que isso acontecesse. Dentre os passos para tal, a ótima linha ofensiva foi cada vez mais reforçada e hoje forma um grupo sólido que cedeu apenas 27 sacks e obteve sucesso em 64% dos bloqueios em jogadas de passe no último ano[foot]Pass Block Win Rate, ESPN[/foot]. É o método que outras equipes deveriam seguir com um quarterback jovem: protegê-lo à todo custo. O ótimo center Mitch Morse e os sólidos Daryl Williams e Jon Feliciano vieram por meio da free agency, já Cody Ford foi escolhido na segunda rodada de 2019. Seguro no pocket, Allen não precisava acelerar seu relógio interno, tomando melhores decisões.
Obviamente que, com mais tempo no pocket, surgiam mais oportunidades para os recebedores criarem separação. Essa fórmula, a ser repetida em 2021, é quase garantia de sucesso com Stefon Diggs, Emmanuel Sanders e Cole Beasley como wide receivers titulares: os três são muito acima da média em relação ao route running, com excelente técnica para bater os cornerbacks sem depender necessariamente da velocidade. Diggs e Beasley foram inclusive indicados ao All-Pro em 2020.
Allen demorou, em média, incríveis 3,04 segundos para soltar a bola após o snap, a 3ª maior marca da liga entre quarterbacks[foot]Next Gen Stats, NFL[/foot]. É um testamento à qualidade da linha ofensiva e também ao ataque vertical de Daboll, cuja média de 8.8 jardas por tentativa de passe de Allen também esteve no top 10 da liga.[foot]Next Gen Stats, NFL[/foot]
Enfim, não é um ataque 100% completo porque ainda faltam tight ends que possam trabalhar melhor o meio do campo – Dawson Knox não é confiável o suficiente e uma troca por Zach Ertz ainda é uma possibilidade válida. A dupla de running backs composta por Zack Moss e Devin Singletary se completa, embora nenhum deles seja espetacular a ponto de dominar o backfield ou ganhar uma grande quantidade de snaps sobre o outro. O jogo aéreo vai ser mesmo o foco de Daboll mais uma vez, espalhando o campo com seus recebedores e dando ritmo ao quarterback.
Melhora na linha: chave para ir ainda mais longe
Os 22,4% de pressão nos quarterbacks adversários não foram nem de perto uma marca suficiente para um time que quer brigar por título. Com a comissão técnica e a diretoria inteligentes que possuem, os Bills reconheceram isso, usando as duas primeiras escolhas do Draft em EDGEs: Gregory Rousseau (#30) e Carlos Basham (#61) se juntam a um grupo que até tinha profundidade, mas carecia de um poder de fogo maior de seus principais nomes.
Rousseau vem impressionando bastante nos training camps, justamente a notícia que o torcedor dos Bills mais esperava. Jerry Hughes e Mario Addison, os EDGEs titulares, não são exatamente ruins, mas estão num ponto de suas carreiras em que seriam mais importantes como jogadores de rotação do que como titulares. Rousseau, que tem atleticismo de impressionar, se mostrou bastante polido tecnicamente nos dois jogos de pré-temporada. Se ele entrar como titular na semana 1, sua presença certamente será sentida.
