Caleb Williams: O que seria um bom 2025?

Ano inicial de Caleb foi aquém do esperado e Chicago trabalhou para melhorar seu entorno. O que precisa acontecer para que o salto de evolução seja positivo?

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Poucos empregos são tão cruéis quanto o de ser um quarterback na NFL. Há muitos louros, claro, mas não sem muito suor e, principalmente, densa pressão mental. Caleb Williams mal iniciou sua carreira na liga e as pressões por um bom ano já se iniciam. Sim, é apenas seu segundo ano e já era sabido que sua transição não seria rápida. Ainda assim, o jovem traz consigo o jugo de ser a primeira escolha geral e a ânsia por resultados após uma intertemporada “dos sonhos” em Chicago.

Com novo (e gabaritado) treinador, elenco mais qualificado e experiência adquirida, Caleb possui terreno mais fértil do que em seu ano de calouro. Diante deste cenário mais favorável, vamos, juntos, desenhar pontos que afirmariam seu 2025 como uma boa temporada ao final dela.

Tomada de decisão será essencial

Na adaptação do nível universitário ao profissional, a principal dificuldade, talvez, seja a velocidade de leitura de jogo. Os esquemas ofensivos e defensivos são bem mais complexos que um playbook da NCAA. Além disso, um quarterback possui uma média de 2,5 segundos para conseguir entender o que está acontecendo antes que um pass rusher encoste em sua garganta para levá-lo ao chão.

Isso é ainda mais difícil para quarterbacks que costumam ser “mágicos” no College Football. Há vários casos de nomes que são reconhecidos por estender jogadas e conseguir grandes ganhos no nível universitário – Caleb é um deles. Quando transacionamos isso para a NFL, todavia, a situação se torna mais complexa. Ganhar tempo no pocket não é mais tão simples e as janelas de passe se tornam muito mais apertadas.

Williams sofreu com essa transição no primeiro ano. Pelo ProFootball Focus, na temporada regular de 2024, Caleb foi o quarto quarterback da liga com maior média de tempo para efetuar o lançamento (3,04 segundos), atrás apenas de Jalen Hurts, Lamar Jackson e Sam Darnold – quarterbacks que, diferentemente de Caleb, eram protegidos por boas linhas ofensivas. Quando segurou a bola por mais de 2,5 segundos, completou 53,4% de seus passes (sexta pior marca), teve 7,1 jardas/tentativa (quarta pior marca) e foi sackado em 61 oportunidades (pior marca da NFL).

Os números nos ajudam a elucidar a realidade: em um esquema bagunçado, Caleb segurava demais a bola e era incapaz de tomar as melhores decisões. Não havia leitura ofensiva, mas um show de improvisação que não resulta em benefício algum. Com Ben Johnson chamando o ataque e os investimentos feitos na sua proteção, ele não poderá mais buscar o caminho mais longo.

Johnson é um dos criadores de jogada mais inventivos da liga. Para que seu esquema funcione, porém, o passador precisa entender as nuances do playcall e soltar a bola rapidamente, antes que a defesa adversária perceba o que está ocorrendo a tempo de se recuperar. Jared Goff, em 2024, foi o sexto passador que mais rápido se livrou da bola (2,69 segundos) e encontrou eficiência nessas situações. Caleb será inserido em contexto semelhante e precisa demonstrar tomada de decisão igualmente satisfatória. Demonstrar boas leituras e gatilho rápido quando há boas janelas é um salto essencial para seu 2025.

Bears QB Caleb Williams sets goal of being team's first 4,000-yard passer - Chicago Sun-Times

Controle e fluidez do ataque 

Ataques como o de Ben Johnson, nos quais sua criatividade rouba atenção, levam-nos a crer que o trabalho do quarterback no sistema é facilitado no tocante ao comando ofensivo. Ledo engano. Nesse tipo de situação, é crucial possuir um quarterback que faz um bom trabalho de leitura no pré-snap e se mostra capaz de fazer os pequenos ajustes, seja com mudanças de jogada ou identificações de proteção.

Ademais, há muita movimentação pré-snap no ataque de Johnson e essa cadência/identificação dos motions requer conhecimento exímio do passador. Do contrário, pode haver uma descrição errada que leve a uma falta ou jogada natimorta.

Há alguns dias, Caleb disse que dependeria muito dele para que o ataque pudesse “fluir bem como um todo“. Ele tem razão. Em uma unidade ofensiva diversificada e explosiva, caberá a ele controlar a cadência e os pequenos ajustes para que o grupo flua de forma suave. Do contrário será como surfar uma onde grande e depois viver de pequenos “jacarezinhos”.

Precisão 

Williams foi um quarterback impreciso em 2024. Com 62,5% de passes completos, ele teve a pior marca da NFL para quarterback com mais de 400 tentativas de passe. Goff, em comparação, foi o segundo melhor da liga no último ano: 72,4%. Ben Johnson deseja isso de seu novo comandado, como deixou explícito recentemente: “ficaria muito feliz se ele completasse 70% de seus passes nesta temporada“.

Pode parecer simplista, mas, na NFL, o básico se mostra essencial. Passes completos estão correlacionados à permanência de seu time no gramado e mover as correntes é mais importante do que conquistar big plays esporádicas. Williams precisa demonstrar esse crescimento, especialmente em profundidade e zonas intermediárias. Em lançamentos para além de 20 jardas, ele completou apenas 26,7% de seus passes, terceira pior marca da liga em 2024; entre 10-20 jardas, 50,5% de passes completos, segunda pior marca.

O ataque de Johnson irá explorar as mais variadas faixas do campo e precisará contar com precisão ímpar para não perder as oportunidades de janela.

Há esperança?

Pode parecer muita coisa, no entanto, não estamos pedindo muito para alguém que chegou à liga com pompa de primeira escolha geral. Caleb possui talento para dar o salto nos pontos apontados e, aparentemente, está se esforçando muito nesta intertemporada para atingir os níveis desejados.

Com um treinador qualificado para auxiliá-lo e um grupo de apoio mais bem montado, espere ver substancial crescimento de seus atributos. Pessoalmente, espero um 2025 bom de Caleb e vejo ele subindo de patamar nas dificuldades apresentadas. Ainda não o suficiente para que Chicago sonhe com uma corrida profunda nos playoffs, mas o necessário para que a esperança renasça na região dos grandes lagos.

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