Antes mesmo da temporada começar, a perspectiva geral em Indianapolis para 2023 era a de lapidar Anthony Richardson e dar o primeiro passo na reconstrução. O início foi promissor, com o calouro jogando bem, até lesionar o ombro direito e perder o resto da temporada. Tudo – e todos – indicava que o ano iria pelo ralo. Corta para o momento atual: 7-5 de campanha, sendo quatro vitórias consecutivas, segundo lugar na AFC South e na zona de classificação dos playoffs. Nada mal para quem se projetava uma campanha negativa neste ano.
Chapolin Colorado Azulado
Ele já ornou mullets, foi caubói e samurai, mas sem nunca abandonar seu bigode. Em um ano onde os quarterbacks reservas estão trabalhando mais – com direito ao retorno de Joe Flacco (ELITE!) -, quem anda se destacando e mantendo vivo o sonho da pós-temporada em Indy é, sem dúvida, Gardner Minshew: atualmente, o melhor backup da NFL.
O jogo contra os Titans é a epítome da experiência Minshewmaníaca: uma verdadeira montanha-russa, às vezes alternando entre momentos de brilho e outros deploráveis na mesma partida. Após ter um primeiro tempo oscilante, ele deu a volta por cima na segunda etapa: movendo-se bem no pocket e sabendo lidar com a pressão do front de Tennessee, além de encontrar seus alvos com eficiência.
Vale lembrar que o jogo terrestre não funcionou: Jonathan Taylor não jogou e Zack Moss não conseguiu ser efetivo. Com a ajuda valiosa dos special teams – que bloqueou dois punts e anotou um TD -, o ataque buscou a virada, que só veio na prorrogação.
É aqui que o roteiro minshewmaníaco poderia tomar o rumo digno da Porta dos Desesperados – e em alguns momentos da temporada, tomou, como no jogo contra os Saints e contra os Patriots (apesar da vitória). No entanto, aconteceu o contrário: assim que os Colts tiveram a posse de bola, Minshew soltou o braço e achou Alec Pierce na cara da end zone. Uma bomba para mais de 40 jardas e um passe curto para Michael Pittman marcar o touchdown foi o suficiente para garantir a vitória – tudo passando pelas mãos dele.
Ele está longe de ser perfeito, quanto mais titular em um time que sonhe por voos maiores. Porém, errando e acertando, Minshew é o exemplo vivo do que é o Indianapolis Colts em 2023: imperfeito e meio insano, mas corajoso e capaz de lutar até o fim. Assim como um certo super-herói mexicano.
Todos os meus movimentos são friamente calculados
Aposto um Guaravita que, caso tivesse assistido Chapolin na infância, Shane Steichen daria esta resposta a quem dissesse que seu primeiro ano de trabalho é surpreendente. De certa forma, é verdade, pois existem buracos dentro do elenco, sem contar com o fato do próprio ser inexperiente num todo.
Além disso, a previsão de uma disputa acirrada dentro da AFC não fazia dos Colts um time a se imaginar nos playoffs. Contudo, nem todas as previsões viraram realidade e possíveis competidores saíram da disputa. Outros podem cair até a semana 18: afinal de contas, são só três vagas de wild card e Indianapolis pode bem conquistar uma delas.
A própria AFC South, que se imaginava Jacksonville ganhando fácil, se mostrou mais acirrada que o imaginado: para além de Colts e do ótimo ano dos Texans, os Titans são um time capaz de arrancar uma vitória ali e acolá, ainda mais com Will Levis jogando melhor que se esperava
. E apesar do ataque ter seus problemas, os Jags ainda devem levar a divisão. Detalhe: todos os times da AFC South possuem pelo menos um confronto divisional até a reta final da temporada. No caso dos Colts, resta o jogo contra os Texans na semana 18, que pode virar um duelo direto pelas últimas vagas de wild card.
Para quem acreditava que a lesão de Anthony Richardson iria enterrar o ano, os Colts demonstraram muita coragem e resiliência para manter a chama viva. Como diria o velho e conhecido refrão popular do Chapolin, “de onde menos se espera, vem o seguro”.
Para saber mais:
Ep.66: Recap da Semana 13 da NFL – 2023
7 coisas para ficar de olho na reta final da temporada
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