Cerejas do bolo: Velha guarda da NFC disputa com os jovens da AFC pelo trono entre os Quarterbacks

A NFL vive uma fase abençoada na posição de quarterback, com inúmeros talentos. A velha guarda ainda vem forte com Brady e Mahomes, mas os jovens da Conferência Americana querem assumir de vez o trono da liga – confira os 5 principais nomes da posição

O choque de gerações está cada vez mais comum no início dos anos 2020. Costumes, hobbies, maneiras de se relacionar e de se vestir: não parece, mas ter nascido alguns anos antes ou depois influencia bastante nisso. 

Na NFL não vem sendo diferente. A figura do quarterback pouco móvel, resumida em Tom Brady e Peyton Manning, parece ficar cada vez mais distante. Alguma mobilidade e atleticismo são cada vez mais exigidos no nível universitário e é natural que isso seja levado para a NFL depois da colheita do Draft. 

A nitidez fica ainda maior quando paramos para pensar que as duas conferências parecem como separadas por um Muro de Berlim da mobilidade e idade. Os principais quarterbacks da Conferência Nacional entraram na liga antes de 2010, quando os nomes mais fortes da Conferência Americana sequer na faculdade estavam. 

Polaridade na NFC e o topo com eternos favoritos

Entra ano, sai ano, Aaron Rodgers e Tom Brady estão entre os favoritos ao Super Bowl e neste ano isso continua forte até pela polarização da NFC, que deve ter Tampa Bay, Green Bay e Los Angeles Rams como postulantes ao título. Na liga há várias temporadas, ambos não dão sinal de queda de rendimento. Brady vem de um ano forte e um título em 2020, enquanto Rodgers vem de dois MVPs seguidos. O quarterback dos Packers liderou[foot]Para este texto, usamos dados qualificados por QBR para o espaço amostral[/foot] a liga em rating, foi o quarto em touchdowns, primeiro em menos turnovers e liderou os Packers para mais uma folga na Conferência – embora a partida contra a forte defesa do San Francisco 49ers tenha sido um tanto quanto aquém. 

Embora Davante Adams, seu principal recebedor, tenha deixado o time rumo a Las Vegas é difícil acreditar numa queda de desempenho de Rodgers para 2022. Como batemos muito na tecla, um bom quarterback faz seus recebedores e, em minha humilde visão, é o que deve acontecer aqui.

Com Brady a situação é diferente. Não houve nenhuma perda drástica no elenco, embora Rob Gronkowski siga sem contrato. Seus principais recebedores, Chris Godwin e Mike Evans, voltam para 2022. Tal como Brady. Ou quase o contrário. Depois da eliminação para o Los Angeles Rams nos playoffs, Brady anunciou aposentadoria e praticamente um mês após o anúncio, voltou atrás. Pode parecer que não, mas isso é um bom sinal para a próxima temporada. Se Brady declarou a volta, é porque deve considerar que ainda tem lenha para queimar e em alto nível. Caso contrário, tenho dúvidas que ele arriscaria um arranhão sequer em seu legado de diamante. 

AFC é a loucura que você já sabe

É um tanto quanto difícil eleger apenas cinco quarterbacks para que este texto fique nos moldes das outras posições já publicadas aqui. Mas vamos seguir nessa tendência e nos esforçar. Sabe por que é difícil? Porque só na Conferência Americana poderiamos pensar em cinco nomes. 

Patrick Mahomes, em termos de talento puro, representa o que se espera de um quarterback “apelão”. Mas mesmo Patrick tem problemas aqui e acolá. Na primeira metade da temporada passada, Mahomes sofreu bastante com turnovers. Em 2021, foram 13 interceptações: a pior marca de sua carreira. Tal como Rodgers, o líder do Kansas City Chiefs perdeu seu principal recebedor em Tyreek Hill. Também como Rodgers, isso não me preocupa tanto – pelos mesmos motivos. De toda forma, vejamos como Mahomes se porta em 2022, especialmente na primeira metade da temporada, que é brutal. Nas sete primeiras semanas, os Chiefs pegam Arizona, LA Chargers, Indianapolis, Tampa Bay, Las Vegas, Buffalo e San Francisco: todos times que são candidatos aos playoffs. 

O nemesis de Mahomes está na costa leste em Josh Allen. Tanque de guerra correndo com a bola e um dos braços mais fortes da NFL, Allen protagonizou com Mahomes um dos melhores jogos da história dos playoffs em janeiro deste ano. Não teve a oportunidade de ter a bola na prorrogação, mas tem em 2022 a oportunidade de ir bastante longe. No papel, julgo que Buffalo tem o elenco mais equilibrado da liga: é difícil encontrar um buraco realmente grande. Com tudo isso e franca evolução desde que veio para o nível profissional em 2018, Allen tem tudo para ter o melhor ano de sua carreira. 

Nossa lista ainda precisa falar sobre Justin Herbert. Dos cinco nomes que aqui figuram, disparadamente esse é o que menos teve ajuda nas últimas duas temporadas. Ficou de fora dos playoffs mas, no jogo de vida ou morte contra os Raiders na Semana 18, parecia uma criança com fichas ilimitadas no fliperama. Para a próxima temporada, Herbert tem como meta quebrar o recorde de mais touchdowns nos primeiros três anos – que ainda é de Dan Marino desde 1985. Ele só precisa de 29 para tanto. Com uma defesa reforçada e um ataque que ainda teve reforço na linha ofensiva, Herbert tem o pacote completo para causar ainda mais estragos nas defesas adversárias.

Menções mais do que honrosas

Russell Wilson – que vem de um ano atípico – e Joe Burrow são dois dos nomes que infelizmente ficam de fora mas que têm totais condições de figurar no topo desta mesma lista daqui 365 dias. Idem imaginar que podem vencer o Super Bowl ou serem MVP – coisas distintas, dada a maldição que paira na NFL desde 1999, hehe[foot]O último MVP da temporada regular a ser campeão do Super Bowl foi Kurt Warner na temporada de 1999[/foot].

Ainda, na NFC, é mais do que justo lembrar de Matt Stafford. Pela primeira vez, Stafford teve um time minimamente estruturado ao seu redor e uma mente ofensiva pra lá de respeitada para chamar as jogadas. Não deu outra, com o título vindo em casa no Super Bowl. Deshaun Watson, Lamar Jackson, Kyler Murray e Dak Prescott são outros nomes que também merecem uma menção aqui, aliás. De toda forma, cada qual com seu motivo, não no topo com o rótulo de elite. 

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