Prévia: No Orange Bowl, Oklahoma tem a ingrata missão de parar Tua Tagovailoa e Alabama

Na segunda das semifinais do College Football Playoff, a principal favorita ao título e campeã da conferência SEC Alabama defronta Oklahoma, que conquistou a Big 12 e tem a ingrata missão de parar um recuperado – presume-se – Tua Tagovailoa e o segundo melhor ataque da nação segundo os ratings S&P+. A principal arma? Se o Crimson Tide tem o segundo melhor ataque da nação, o melhor é o dos Sooners, comandado por Kyler Murray, vencedor do Heisman Trophy.

Nascido em 1935, o Orange Bowl é parte do grupo de bowls conhecido como New Year’s Six, que compõem as semifinais do Playoff do College Football e se revezam a cada três anos. O jogo é disputado no Hard Rock Stadium, em Miami Gardens, na Florida, e acontecerá no sábado, 29 de dezembro, as 23h do horário de Brasília. Na Odds Shark, Alabama é apontada como favorita por 14 pontos.

O caminho até Miami: como os dois times foram na temporada regular

#1 Alabama Crimson Tide: 13-0, 8-0 na SEC (campeã da conferência)  

Do primeiro até o último dia da temporada regular, não havia qualquer dúvida: Alabama era o melhor time da nação. Apontado pelos ratings S&P+ como o segundo melhor ataque e a oitava melhor defesa de toda a NCAA, o Crimson Tide só foram realmente ameaçados no último jogo antes da pós-temporada, quando estiveram atrás do placar em diversas oportunidades contra Georgia.

A facilidade com a qual os comandados de Nick Saban vencia as partidas era tamanha de que Tua Tagovailoa, o quarterback titular e segundo colocado na votação para o Heisman Trophy – prêmio dado ao melhor jogador do futebol americano universitário -, costumeiramente não atuava no último quarto das partidas, já que o placar estava elástico e totalmente definido. Até mesmo no jogo contra a rival LSU, à época #3 do país e que havia acabado de vencer a número 2 Georgia, foi uma vitória fácil: 29-0 justamente em Baton Rouge, a casa dos Tigers.

O único momento real de ameaça à hegemonia de Alabama aconteceu no primeiro dia do mês, na final da conferência SEC contra Georgia – numa revanche da última final nacional -, quando a equipe chegou a estar perdendo por 14 pontos no segundo tempo do jogo. Com a troca de quarterbacks efetuada por conta da lesão de Tua Tagovailoa, Jalen Hurts liderou um comeback impressionante, que assegurou a vitória por 35 a 28 e manteve a invencibilidade do time.

#4 Oklahoma Sooners: 12-1, 8-1 na Big 12 (campeã da conferência)

Imagine perder seu quarterback, primeira escolha geral do Draft e melhor jogador da nação, e repor isso com outro jogador que seria eleito o melhor da nação comandando o melhor ataque do país? Foi justamente isso que Lincoln Riley fez em 2018, tendo de lidar com a perda de Baker Mayfield e diversos questionamentos sobre como ele manteria Oklahoma no topo do College Football.

Além disso, o time perdeu a estrela Rodney Anderson já na segunda partida da temporada, uma vitória sobre UCLA. Ainda que o time fosse considerado favorito dentro da conferência, uma derrota para a rival Texas por 48 a 45 parecia ser um grande golpe nas chances de playoff dos Sooners, e o mau desempenho defensivo até então na temporada ocasionou na demissão do coordenador Mike Stoops.

Mesmo que a defesa continuasse suspeita (apenas a 89ª colocada nos ratings S&P+), o time venceu todos os jogos restantes na temporada regular e ascendeu até a quinta colocação antes de uma revanche na final da Big 12 contra a rival Texas. Num esforço defensivo bem melhor do que em relação ao primeiro encontro, Oklahoma venceu a conferência e contou com o triunfo de Alabama sobre Georgia para subir ao quarto posto no ranking, que lhes valeu a qualificação para o College Football Playoff.

A batalha de quarterbacks: Kyler Murray vs Tua Tagovailoa.

Na disputa pelo Heisman Trophy, a briga tinha também Dwayne Haskins de Ohio State, mas era claro que o vencedor ficaria entre Kyler Murray e Tua Tagovailoa. Principais jogadores dos dois melhores ataques ataques do país, respectivamente, Murray e Tagovailoa possuíam argumentos suficientes para justificar sua vitória no prêmio.

Para Murray, pesava o fato de suas estatísticas serem melhores, e seu final de ano ter sido nada menos do que fabuloso, tanto correndo quanto passando a bola. Já para Tagovailoa, a justificativa com relação aos números inferiores estava no fato de que, por Alabama ser muito superior aos seus adversários, ele não atuava ao longo dos 60 minutos.

No fim das contas, pesou em Tagovailoa a má impressão deixada no último jogo da temporada, quando ele foi posto no banco em favor de Jalen Hurts – uma lesão no tornozelo estava limitando seu desempenho, mas ele não estava tendo um bom jogo. Kyler Murray venceu a disputa por aproximadamente 300 votos.

Com ataques semelhantes, defesa dá favoritismo ao Crimson Tide

Se nos ataques, embora a superioridade de Oklahoma não represente uma grande disparidade, o mesmo não pode ser dito no lado defensivo da bola, aonde os Sooners tem um desempenho muito abaixo da média e o Crimson Tide tem uma das dez melhores unidades do país, além de uma imensa quantidade de jogadores que podem ser selecionados no Draft – mais abaixo.

Dos quatro qualificados ao Playoff, Oklahoma tem de longe a pior defesa – todas as outras três estão dentro do top 10 nos ratings S&P+. O time cedeu ao menos 40 pontos (!) em quatro dos últimos cinco jogos e, embora o ataque tenha conseguido superar esses números todas as vezes, isso simplesmente não vai funcionar contra Alabama.

Oklahoma tem o melhor ataque da nação não só por conta de Kyler Murray, mas em todas as frentes: o grupo de recebedores é fantástico e o jogo terrestre não sofreu tanto com a perda de Rodney Anderson. Porém, contra uma defesa que possui Quinnen Williams, Mack Wilson, Raekwon Davis, Deionte Thompson e outros, será difícil manter a mesma explosão ofensiva.

Quem assistir pensando no Draft?

É natural que, num jogo entre dois times muito fortes, haja uma lista extensa de prospectos que possam ser de grande interesse; entretanto, isso não se aplica a nenhum dos quarterbacks que estarão em campo, mesmo sendo os dois melhores do College: Tua Tagovailoa ainda não é elegível para o Draft por ser um segundanista, enquanto que Kyler Murray já tem um contrato profissional assinado com o Oakland Athletics, da MLB, para jogar baseball. Além disso, Rodney Anderson se declarará para o Draft, mesmo que não participe do jogo por conta de sua supracitada lesão.

Dito isso, há muitos nomes que se pode observar com mais atenção no dia 29:

  • Quinnen Williams (iDL, Alabama): de pouco conhecido para favorito a ser o primeiro iDL selecionado no Draft – até mesmo na frente de Ed Oliver. A temporada de Quinnen Williams foi fenomenal: ele foi o único jogador defensivo a fazer parte do top 10 da votação do Heisman Trophy e chegou a receber até mesmo um voto de primeiro lugar. Ele é uma incrível força destrutiva pelo meio da linha defensiva e deve ser selecionado dentro do top 5.
  • Deionte Thompson (S, Alabama): Se lembram de como Minkah Fitzpatrick foi um safety maravilhoso em seu tempo em Alabama? Pois bem, Deionte Thompson está num nível quase que parecido. Ele é um free safety incrível, além de possuir capacidades atléticas invejáveis, e é difícil imaginar um cenário no qual ele não seja selecionado na metade superior da primeira rodada.
  • Jonah Williams (LT, Alabama): Um dos poucos anos em que não há dúvidas sobre qual o melhor tackle do Draft. Embora os scouts torçam o nariz com relação à sua envergadura, Williams é um protetor de técnica bastante refinada, e com a demanda sendo alta numa posição importante do jogo, a perspectiva é de uma escolha de top 10.
  • Raekwon Davis (iDL, Alabama): Acha que um bloqueio duplo em Quinnen Williams é fácil de se executar? Coordenadores ofensivos que pensam nisso deixam mais espaço para outro jogador excelente na linha defensiva, e esse é Raekwon Davis. Mesmo que ele seja melhor utilizado por dentro, suas capacidades de pass rush se destacam. A primeira rodada é certeza para o jogador.
  • Mack Wilson (LB, Alabama): Sim, mais um jogador da defesa de Alabama. Em Mack Wilson, o Crimson Tide tinha um linebacker extremamente eficiente defendendo a corrida, sem medo de atacar o box ou do contato. Outro jogador que certamente será selecionado no primeiro dia de escolhas.
  • Marquise Brown (WR, Oklahoma): Finalmente um jogador dos Sooners aqui nessa lista. Brown é um recebedor extremamente veloz, capaz de abrir defesas com suas rotas verticais e que será muito bem utilizado num ataque nesse molde. O segundo dia do Draft é sua melhor projeção.
  • Cody Ford (OL, Oklahoma): Ele tem problemas com seu trabalho de pés, mas Ford é o melhor jogador da linha ofensiva de Oklahoma e vai ser peça decisiva para limitar o impacto do abismal front seven de Alabama. Alguns analistas projetam que ele se mudará para guard na NFL após atuar como right tackle em Oklahoma, e seu nome deverá ser chamado no segundo dia.

E a previsão final?

Oklahoma claramente tem um time bastante talentoso, sobretudo no lado ofensivo da bola. Com o melhor quarterback de todo o College Football e jogadores capazes de explodirem em big plays, a unidade pode, sim, fazer a defesa de Alabama ter um péssimo dia em Miami.

A verdade, no entanto, é que a disparidade no matchup ataque de Alabama vs defesa de Oklahoma é monumental. Enquanto o Crimson Tide tem o segundo melhor ataque do país, os Sooners tem uma defesa muito ruim, a qual Alabama explorará com facilidade. Sim, Oklahoma anotará uma alta quantidade de pontos, mas é muito mais fácil imaginar que a defesa de Alabama consiga three-and-outs com frequência do que a defesa dos rivais.

Meu palpite é Alabama, por uma diferença entre 10 e 14 pontos. Será um jogo bastante atrativo com dois ótimos times, mas o Crimson Tide é uma equipe superior e Nick Saban terá a chance de repetir seu título. Para Lincoln Riley, a segunda eliminação consecutiva na semifinal para uma equipe da SEC é o caminho mais provável.

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