Chargers de novo estão perdendo jogos por se autodestruírem

Assim como ocorreu em outras temporadas, os Chargers estão se especializando em desperdiçar vantagens e sofrer viradas no segundo tempo de jogos que pareciam encaminhados

Antes da temporada começar, o Los Angeles Chargers era apontado por praticamente todo mundo como uma das principais forças da Conferência Americana, um time capaz até de fazer frente ao poderoso Kansas City Chiefs na AFC West. Pois bem, passaram-se três semanas e, assim como em 2018, a franquia da Califórnia soma uma única vitória e duas derrotas, enquanto os rivais do Missouri estão invictos. Embora ainda seja cedo, o título de divisão já começa a ser colocado em xeque.

Los Angeles tem o direito de reclamar da sorte, afinal, a temporada mal teve início e eles já perderam vários jogadores importantes por lesões: Hunter Henry, Derwin James, Russell Okung, Adrian Phillips (o reserva de James), Trevor Williams, enfim, todos estarão fora de combate por várias semanas – sem contar problemas físicos menores, os quais fazem os jogadores ficarem de fora de uma partida ou atuarem limitados.

Contudo, além do azar com lesões, outra marca registrada dos Chargers apareceu neste começo de 2019: o hábito de entregar a liderança no placar e permitir grandes viradas, às vezes, como ocorreu contra os Lions, de maneira inacreditável. Ainda não é uma situação tão caótica quanto 2016, quando a franquia encontrava novas e criativas maneiras de perder a cada semana, mas a incapacidade de segurar as vantagens obtidas durante o primeiro tempo já chama a atenção, mostrando que o head coach Anthony Lynn precisa melhorar os ajustes feitos no intervalo.

Queda de rendimento na segunda etapa tem custado vitórias

Somando os segundos tempos das três partidas realizadas até agora, os Chargers tomaram 45 pontos e só anotaram 16. Eles foram aos vestiários ganhando de Indianapolis Colts, Detroit Lions e Houston Texans respectivamente por 17 a 6, 10 a 6, 17 a 7, mas só conseguiram segurar a vitória diante de Indianapolis. Mesmo assim, foi bastante difícil, já que o oponente reagiu no segundo tempo e levou o jogo à prorrogação, obrigando Los Angeles a buscar um 30 a 24 no tempo extra.

O revés mais doloroso aconteceu contra Detroit. Os Chargers tiveram muitas chances de vencer, porém viram suas últimas quatro campanhas acabarem em fumble (depois de dois touchdowns anulados por faltas), dois field goals perdidos e uma interceptação. Tudo isso em um duelo que terminou 13 a 10. À parte os turnovers, a decisão de ter o punter chutando os field goals custou caro. Como o kicker Michael Badgley estava machucado, Ty Long assumiu a responsabilidade pelos chutes – ele, a propósito, foi o kicker emergencial da equipe nos três primeiros jogos do ano. Sério, não dá para acreditar que uma franquia da NFL chutou field goals com o seu punter por três partidas consecutivas. Deu no que deu.

Já na semana 3, Los Angeles viu tanto a sua linha ofensiva quanto a sua vantagem se esfarelar diante de Houston. Philip Rivers, sackado cinco vezes, assistiu os Texans anotarem 14 pontos no terceiro quarto e rapidamente assumirem a liderança no marcador. De novo houve um touchdown invalidado por penalidade. De novo a franquia sucumbiu após ir ao vestiário ganhando e saiu derrotada por 27 a 20.

O próprio Anthony Lynn reconhece as falhas do time: “(…) Nós temos que descobrir um jeito de terminar as partidas. Estávamos sendo nós mesmos, como eu disse, estávamos em uma ótima posição, mas chegamos no segundo tempo e eu acho que eles marcaram uns 20 pontos na porcaria do terceiro quarto. Não podemos deixar. Tivemos outro touchdown anulado por segurada ofensiva [contra Houston], então estamos atirando no nosso pé (…)”.

Quedas abruptas de rendimento entre uma etapa e outra são comuns em equipes disfuncionais. Acontecia muito, por exemplo, com os Colts na última temporada de Chuck Pagano, quando Indianapolis ia para o intervalo vencendo e era engolido pelo adversário no segundo tempo. Acontecia também, como já dissemos, com os Chargers em 2016. Os ajustes realizados pelos treinadores no vestiário e mesmo durante os jogos, levando em consideração o comportamento e a estratégia do oponente, são fundamentais para o sucesso de qualquer time. Los Angeles precisa melhorar muito nesse aspecto – e, além disso, para de chutar field goals com o seu punter.

Chargers precisam reagir tal como em 2018 se quiserem sonhar com título divisional

No ano passado, Los Angeles também começou 1-2. Em seguida, porém, emendou uma sequência de seis vitórias seguidas e entrou firme na briga pelo título de divisão, disputando-o cabeça a cabeça com os Chiefs até o fim da temporada – ambos terminaram 12-4 e Kansas City ficou na frente pelos critérios de desempate.

Os Chargers terão uma sequência de quatro partidas, no papel, bastante acessíveis nas próximas semanas: Miami Dolphins (fora), Denver Broncos, Pittsburgh Steelers e Tennessee Titans (fora), quatro franquias que até o momento não engrenaram em 2019 – na verdade, tirando os Titans (1-2), todo mundo está 0-3. É a oportunidade perfeita acumular alguns resultados positivos e voltar à briga pela AFC West, pois nada leva a crer que os Chiefs tirarão o pé do acelerador.

Los Angeles, contudo, precisará encontrar uma maneira de superar a epidemia de lesões que castigou o elenco e a sua própria incapacidade de, como disse Lynn, terminar as partidas. Instabilidade, erros coletivos e individuais e falta de concentração têm custado vitórias importantes, arruinando o que prometia ser uma excelente temporada.

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