Como todos sabemos, o Denver Broncos bateu o Carolina Panthers no Super Bowl 50 e levantou o terceiro Vince Lombardi da sua história. Depois de tirar a paz de Tom Brady na final da AFC Championship Game e de Cam Newton na partida final com sua espetacular unidade defensiva, os Broncos mantiveram algumas das suas principais peças defensivas para a temporada que se aproxima. Como o atual campeão manteve alguma estabilidade na parte que se destacou da sua equipe – o ataque ficou aquém das expectativas, mesmo com Peyton Manning no comando – é natural pensar que ele se mantém como o nome mais forte para conquistar a sua divisão.
Mas será que isso é de fato verdade?
Dentro da AFC West, o Denver Broncos enfrentará equipes fortes e talentosas, que buscam destroná-lo. Entre elas, o promissor Oakland Raiders, que conta com um ataque jovem e em desenvolvimento, além de uma unidade defensiva forte. Será que chegou a hora dos Raiders voltarem ao topo da AFC West?
Força dos dois lados da bola
Ano passado a torcida do Oakland Raiders teve a oportunidade de ver pela primeira vez em ação a dupla que se projeta como o futuro ofensivo da franquia: o quarterback Derek Carr e o wide receiver Amari Cooper. Carr mostrou ter as qualidades para ser o líder desta equipe passando a bola, mostrando precisão em passes fundos, talento e velocidade na progressão das leituras além de um release rápido. Isso se torna ainda mais impressionante se considerarmos que sua evolução no seu segundo ano profissional se deu depois de mudar de coordenador ofensivo – Bill Musgrave assumiu este posto em 2015. O técnico consegue fazer os pontos fortes do jovem quarterback se destacarem, usando play-actions a partir do shotgun para abrir corredores de lançamento para o camisa 4. A sincronia entre coordenador ofensivo e quarterback está presente em Oakland, e a tendência é que ela apenas se desenvolva em 2016.
Amari Cooper mostrou em campo na temporada passada o motivo de ter sido selecionado tão cedo no Draft 2015. Com rotas precisas, velocidade e boas mãos, Cooper mostrou que tem tudo para colocar o Oakland Raiders de volta no caminho das vitórias. Além de Cooper, Michael Crabtree mostrou que pode contribuir e muito com o jogo aéreo. O camisa 15 liderou a equipe em recepções (85) e touchdowns (9), reencontrando a perfomance que teve na temporada de 2012 pelo San Francisco 49ers. Os wide receivers Andre Holmes e Seth Roberts mostraram ainda que podem contribuir no jogo aéreo – sem contar o jovem tight end Clive Watford, de 24 anos, que pode despontar como um dos principais alvos da equipe em 2016.
O ataque do Oakland Raiders conta, ainda, com uma das linhas ofensivas mais fortes da NFL. O quinteto de Donald Penn, Rodney Hudson, Gabe Jackson, Austin Howard e o recém-chegado Kelechi Osemele é provavelmente um dos mais talentosos – pelo menos no papel. Ter uma força dominante nas trincheiras não só facilita (e muito) a vida do Derek Carr mas permite que o running back Latavius Murray alcance seu pleno potencial. O jovem teve um bom volume no jogo terrestre, conquistando as jardas difíceis mas sem anotar muitos touchdowns. Um bom complemento para o trabalho duro de Murray é o calouro DeAndre Washington. Às vezes comparado a Doug Martin pelo seu físico, Washington pode contribuir nas jogadas de passe, correndo a partir do backfield e recebendo passes curtos de Derek Carr para tentar conquistar território com as pernas após a recepção.
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Do outro lado da bola, o front seven que já era assustador com o fenomenal Khalil Mack ficou ainda mais forte depois da intertemporada. Com Bruce Irvin chegando para uma das posições de linebacker, a defesa ganha em versatilidade, além de trazer talento para o pass rush que conta ainda com Mario Edwards Jr. A chegada de Irvin marca o reencontro do jogador com seu ex-treinador em Seattle, Ken Norton Jr., que hoje ocupa a função de coordenador ofensivo do Oakland Raiders. À época, Norton Jr. era o treinador de linebackers dos Seahawks, e conseguiu que Irvin já na sua temporada de calouro anotasse oito sacks. Se Norton Jr. pretende deixar Irvin e Mack partirem para cima dos quarterbacks o tempo todo, ou se utilizará Irvin como um linebacker mais tradicional, o futuro dirá – e ele parece promissor para o pass rush.
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A defesa conta ainda com uma secundária talentosa e versátil. As chegadas do calouro Karl Joseph, um dos melhores prospectos na posição de safety no Draft 2016, do free agent Sean Smith e do veterano Reggie Nelson dão mais solidez ao grupo de defensive backs. Com T.J. Carrie e D.J. Hayden, além de David Amerson, a equipe tem profundidade nesta unidade e capacidade combinar os defensores de acordo com os match-ups mais favoráveis.
Os adversários: hora de análisar o calendário
Claro, o elenco do Oakland Raiders não joga sozinho na divisão. A equipe enfrentará no seu caminho pela AFC West o Denver Broncos, o Kansas City Chiefs e o San Diego Chargers.
O Denver Broncos conta ainda com uma defesa talentosa. Apesar de ter perdido o defensive tackle Malik Jackson, a equipe ainda tem Von Miller, Derek Wolfe, Brandon Marshall, DeMarcus Ware, Chris Harris Jr., Aqib Talib e T.J. Ward do lado defensivo. É, indubitavelmente, uma unidade sólida e seria loucura dizer o contrário. A dúvida quanto à capacidade de ir longe na temporada fica por conta do ataque. A equipe terá na posição de quarterback ou Mark Sanchez ou, correndo por fora, o calouro Paxton Lynch. Há seis temporadas na liga, Sanchez ainda não mostrou dentro de campo uma seleção como quinta escolha geral do Draft de 2009. Com leituras equivocadas, passes imprecisos e uma propensão impressionante para cometer turnovers, Sanchez não parece ser um jogador que consiga mover as correntes no ataque por si só.
Há quem argumente que Peyton Manning também não foi lá essas coisas em 2015 – e de fato não foi – mas a mera capacidade mental de entender o jogo, as forças e fraquezas dos adversários e da própria equipe já o colocam em outro patamar. Mais: Manning tinha presença de vestiário e discutivelmente dava para dizer que o time “jogava por ele”. Mark Sanchez, por sua vez, não conta com esses atributos. A outra opção fica por conta do quarterback calouro Paxton Lynch, que, apesar de talentoso, muitos relatos o apontavam como cru para a NFL. É improvável que Lynch consiga dar o salto para se tornar um titular na liga em apenas uma intertemporada.
O Oakland Raiders deve aproveitar esta fragilidade na posição de quarterback. Aproveitar para lançar o pass rush, impor seu ritmo de jogo e tirar o ataque do Denver Broncos de campo o mais rápido possível. Dominando o desenrolar da partida, o Oakland Raiders por levar a defesa do Broncos à exaustão, sem precisar correr atrás dos resultados.
O San Diego Chargers, por sua vez, tem um quarterback talentoso, mas que não resolve tudo sozinho. Philip Rivers sofreu em 2015 com as inúmeras lesões de linha ofensiva, recebedores, running backs… para 2016, a primeira medida é manter a equipe saudável. Eu sei que soa óbvio e imprevisível, mas a falta de profundidade no elenco machucou e muito os Chargers no ano passado. Para 2016, o ataque precisa mostrar serviço, tendo em vista que a defesa perdeu o safety Eric Weddle, um dos seus principais nomes, nesta intertemporada. Apesar da chegada do calouro Joey Bosa para dar um gás no pass rush da equipe, que ficou em 24º em sacks em 2015, a defesa de San Diego se encontra ainda em reconstrução. Portanto, a esperança do San Diego Chargers reside na firmeza do ataque, que conta com um quarterback experiente, alvos talentosos como Keenan Allen e o veterano Antonio Gates, além do running back Melvin Gordon, que em sua temporada de calouro não teve o impacto que esperavam. É um ano de reequilíbrio para o San Diego Chargers.
Por fim, o Kansas City Chiefs. Ao meu ver, a equipe de Missouri é a mais perigosa para as pretensões do Oakland Raiders e para o Denver Broncos, idem. O sistema ofensivo implantado pro Andy Reid permite que a equipe explore as qualidades de Alex Smith e seus running backs, com passes mais curtos, screens e até mesmo corridas para o signal caller. Além disso, os passes mais curtos e a preferência ao jogo corrido fazem com que o Kansas City Chiefs seja uma das equipes que menos cede turnovers – em 2015, foram apenas 15, segunda melhor marca da NFL. A inteligência ofensiva aliada à solidez defensiva da franquia transforma os Chiefs em uma máquina que, uma vez que encontra seu ritmo, é difícil parar.
O que o Oakland Raiders deve fazer nesta temporada é aproveitar a possível ausência do pass rusher Justin Houston, um dos líderes da defesa dos Chiefs. O jogador se recupera de uma cirurgia no joelho realizada em fevereiro, e pode perder parte da temporada – ou até toda a temporada – de 2016. Sem Houston, há mais espaço para imposição do ritmo do jogo corrido, com mais opções de corrida, além de menos pressão no pocket. Cabe à defesa, ainda, tirar os espaços curtos do ataque de Kansas City e forçar Alex Smith a fazer passes mais longos, o tirando da sua zona de conforto.
Vai dar Raiders?
É, naturalmente, impossível cravar quem vencerá uma divisão que deve ser disputada até a última semana. Particularmente, acredito que o Oakland Raiders se encontra em ascensão, dos dois lados da bola. Depois de uma intertemporada sólida, o time pode aproveitar as dificuldades que seus rivais de divisão enfrentam para conquistar a AFC West. O Denver Broncos tem os problemas na posição de quarterback, o San Diego Chargers precisa se reencontrar com um elenco saudável e o Kansas City Chiefs pode perder um pouco do impacto defensivo sem Justin Houston. O Oakland Raiders tem elenco para lidar com estas equipes, seja do lado ofensivo ou defensivo. Com as unidades talentosas que tem amparadas por uma equipe técnica competente, acredito que chegou a hora do preto e prata alcançarem o topo da AFC West novamente.






