A chance de deixar o nome marcado na história raramente bate em sua porta. Muitos jogadores chegam ao Super Bowl, poucos são campeões e ínfimos são os atletas que têm a chance de realizar o que ninguém nunca antes fez. Se o Kansas City Chiefs superar o Philadelphia Eagles no próximo domingo, conquistará um feito inédito: será o primeiro time da história da NFL a ser tricampeão de forma consecutiva.
Oito times chegaram perto do feito, mas nenhum deles chegou tão perto quanto os Chiefs. Três dessas equipes chegaram à Final de Conferência, mas nenhuma superou essa barreira para disputar o Super Bowl. Para uma franquia que busca ampliar sua dinastia para cravar seu nome – e de seus jogadores/técnicos – em patamares cada vez mais elevados na história da liga, aproveitar essa chance vai muito além de levantar o troféu.
Quem chegou mais perto
Oito times (sem contar Kansas City) foram bicampeões de forma consecutiva e obtiveram a chance de buscar o feito inédito. Green Bay Packers (1968), Miami Dolphins (1974), Pittsburgh Steelers (1976 e 1980), San Francisco 49ers (1990), Dallas Cowboys (1994), Denver Broncos (1999) e New England Patriots (2005).
Dessas equipes, três não retornaram aos playoffs no ano do “three-peat” (Packers, Steelers 80, Broncos), duas foram eliminadas na Seimifinal de Conferência (Dolphins, Patriots) e três caíram na Final de Conferência (Steelers 76, 49ers, Cowboys). Mesmo para algumas das grandes dinastias da história, a barreira não foi superada.
Dessas equipes, a que mais se aproximou de atingir a grande final, como os Chiefs, foi San Francisco em Janeiro de 1991. Naquele dia, a equipe liderada por Joe Montana – MVP da temporada – viu seu ataque ser neutralizado pela defesa do New York Giants, cujo treinador era Bill Parcells, coordenador defensivo era Bill Belichick e ainda possuía Lawrence Taylor como estrela defensiva. A derrota por 15-13 pôs fim ao sonho do tricampeonato consecutivo.
Peso no legado
Há algumas semanas, antes das Finais de Conferência, fiz um texto no site sobre a importância da final da AFC para o legado de Sean McDermott. Para Kansas City, mesmo com os títulos já conquistados, isso tampouco é diferente. A forma como seu nome é deixado na história por gerações e gerações, realmente importa para o nosso ser. Não pelo ego, mas pela história que deixaremos aqui nesta terra.
Andy Reid, Patrick Mahomes, Travis Kelce já entregaram muito, contudo, têm a chance de entregar ainda mais – de atingir o cume que ninguém atingiu. Eles já estão entre os maiores da história, mas, daqui alguns anos, quando se apimentarem os debates sobre os GOATs de cada posição, isso pesará.
Sim, Reid, Mahomes e Kelce ainda não são os maiores de suas respectivas posições. Já se colocaram no top-5 das disputas, mas ainda falta um pequeno gás para serem considerado os melhores. Daqui há 10 anos, todavia, quando reacendermos esse debate, o eventual peso de um three-peat influenciará muito. Será essencial para o maior legado dos principais jogadores dessa dinastia.
Não é apenas mais um título em jogo.
Uma última vez?
Na NFL, tudo muda muito rápido. Esse elenco dos Chiefs não sabe por quanto tempo estará junto, nem por quanto tempo estará, efetivamente, brigando por títulos. Hoje parece besteira falar isso, mas vale lembrar que a dinastia do New England Patriots ficou 10 anos sem levantar um troféu, com duas derrotas em Super Bowl e inúmeras decepções em playoffs no meio do caminho.
Essa equipe de Kansas City pode fazer parecer que é fácil chegar a esse estágio, mas para a chave “virar”, bastam pequenos detalhes. Kelce e Reid já reafirmaram que estarão com a equipe no ano que vem, porém, flertam com a aposentadoria há algum tempo. No lado defensivo, não deve demorar até que Steve Spagnuolo receba novas ofertas para ser treinador principal de uma equipe.
Em um piscar de olhos, o que antes era uma certeza pode se transformar em saudade. Kansas City precisa aproveitar a oportunidade que agora está em suas mãos para continuar escrevendo nomes na história. Nunca se sabe o dia de amanhã e quando será sua última chance de comemorar as glórias do presente.
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