Chiefs e o risco do período de seca

Uma combinação de fatores ameaça Kansas City. Como a equipe pode evitar adentrar um período sem título como outras dinastias do passado?

Chiefs

Manter um império é muito mais difícil do que conquistá-lo. O Kansas City Chiefs foi a equipe mais próxima a atingir um feito inédito na história: ser tricampeão do Super Bowl de forma consecutiva. Falharam e adentram a intertemporada com um peso muito maior do que uma “simples derrota”.

Os Chiefs vivem um momento de tensão. O time tem buracos a preencher, precisa renovar pilares do elenco, tem pouco espaço no teto salarial, muitos jogadores que se tornarão agentes livres e, para piorar, não sabe por quanto tempo poderá contar com algumas de suas principais peças. Andy Reid volta em 2025, mas não se sabe até quando treinará a equipe, e Travis Kelce está muito perto da aposentadoria. O tight end, inclusive, pediu algumas semanas para pensar sobre seu futuro com o esporte.

Hoje pode parecer ousadia dizer isso, mas Kansas City começa a adentrar uma área de risco que pode levá-lo a um período de seca. Decisões importantes e minuciosas precisarão ser tomadas nos próximos meses para que a equipe mantenha sua hegemonia.

Anatomia de uma queda 

Sempre que falarmos de Kansas City, comparações com o New England Patriots serão instantâneas. No início desse século, a dinastia da equipe da AFC East se iniciava, com três títulos em um espaço de quatro anos. No entanto, após o Super Bowl XXXIX, New England adentraria um período de seca que duraria dez longos anos, com duas derrotas de Super Bowl pelo caminho – ambas para o New York Giants – e muitas quedas traumáticas nos playoffs. A imagem de Tom Brady e Bill Belichick na época, inclusive, foi muito questionada.

Se estudarmos o período de seca de New England, veremos muitas semelhanças com o que Kansas City passa após revés no Super Bowl LIX. Jogadores que foram fundamentais nos títulos iniciais envelheceram, coordenadores se tornaram treinadores em outros locais e, o principal, as derrotas nos momentos importantes começaram a pesar. A criação do histórico negativo afetou a performance de Brady e companhia.

Não posso afirmar que isso acontecerá com Mahomes – afinal, a bola nem está perto de rolar para a temporada 2025 -; todavia, são muitas semelhanças entre as equipes. O primeiro baque atingiu Kansas City, sendo uma derrota mais impactante do que aquela vista contra Tampa Bay.

Reconstrução necessária 

Kansas City possui pouco espaço no teto salarial e muitas pendências a solucionar neste ano. A lista de agentes livres da equipe é grande e conta com muitos atletas “operários” que farão falta se não forem bem substituídos, casos de Charles Omenihu, DeAndre Hopkins, Justin Reid, Nick Bolton e Trey Smith – e isso sem adentrar ainda mais nesse rol de jogadores.

Para tornar o processo mais complexo, os Chiefs possuem pouca munição para revitalizar o elenco com calouros. São apenas quatro escolhas no top-100 do próximo Draft, sendo apenas uma no top-50. Será necessário criatividade para revitalizar a linha defensiva, conseguir melhorar o corpo de recebedores e ainda agregar novas peças para Spagnuolo.

Leia-se: situação temerária à vista. Revitalizar um elenco não é tarefa fácil e cada peça na NFL tem um impacto muito grande. A falta de profundidade e de segurança em cada setor afetam muito as performances de um time. Os Chiefs viram seu elenco ser exposto por algumas vezes neste ano, mas conseguiram escapar na hora H. No momento mais importante isso não foi possível.

Vem crise aí?

Não é meu desejo instaurar o caos neste momento, até porque, como dito, há uma intertemporada inteira pela frente e Kansas City é uma franquia provada o suficiente para superar adversidades. Ainda assim, não nego que acho a situação da equipe temerária adentrando 2025, inclusive, surpreendo-me quando vejo listas que colocam o time como primeiro colocado em power rankings para a próxima temporada.

A AFC West está se tornando mais competitiva com Denver Broncos e Los Angeles Chargers e as margens de erro diminuem. Os playoffs são uma certeza, mas sabemos que a régua da equipe é muito maior do que uma classificação à pós-temporada. Os torcedores dos Chiefs se acostumaram com troféus e não aceitarão menos que isso.

Uma simples partida pode mudar seu destino por muitos anos. Os Chiefs estão em uma situação de risco. Precisam administrá-la bem para não passar por um período de seca como tantas dinastias viveram no passado.

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