Prévias 2021: Distância de Cleveland ao paraíso: de Buffalo a Kansas City

2020 reacendeu o brilho no olhar do torcedor do Cleveland Browns pela primeira vez em quase duas décadas. O time espera que os bons reforços na defesa sejam suficientes para que a organização possa superar Buffalo Bills e Kansas City Chiefs e chegue, enfim, ao primeiro Super Bowl de sua história.

O Cleveland Browns finalmente deu alegria ao seu torcedor na última temporada ao quebrar uma sequência de 18 anos sem playoffs e a primeira temporada com campanha positiva desde 2007. Agora, a organização busca construir a partir do ano passado para desafiar Bills e Chiefs na principal prateleira da Conferência Americana.

DRAFT E FREE AGENCY 2021: Defesa. Os Browns sabiam que, se quisessem ter chances contra Patrick Mahomes ou Josh Allen, precisariam melhorar bastante a unidade, e gastaram bastante dinheiro para tal, especialmente na secundária. A chegada de Jadeveon Clowney para o pass rush também foi uma adição e tanto.

No Draft, um ótimo recrutamento mais uma vez focado no lado defensivo. Greg Newsome e Jeremiah Owusu-Koramoah são bastante talentosos e devem ter impacto imediato já como calouros.

Principal reforço: John Johnson, S. O antigo safety do Los Angeles Rams era o melhor jogador da posição no mercado e sua qualidade em todos os níveis da defesa será vital para a unidade. Ele será titular absoluto na secundária: Johnson impressionou marcando o passe em 2020 e ainda se mostrou sólido jogando perto do box e defendendo a corrida.

Principal perda: Olivier Vernon, EDGE. Jogando no lado oposto à Myles Garrett, Vernon acumulou 9 sacks e teve um ano bem sólido. O problema é que ele rompeu o tendão de Aquiles na semana 17 bem quando ia se tornar um free agent. Evidentemente, não faz sentido para Cleveland recontratá-lo nesse momento.

Ataque vai até onde Mayfield levar

Num ataque como o de Kevin Stefanski, cujas bases ofensivas são o forte jogo terrestre em outside zone e os play-actions envolvendo passes longos, dá pra se tirar muita coisa com um bom quarterback. Só que esse não é um sistema ofensivo capaz de elevar a unidade aos céus como, por exemplo, o que Andy Reid aplica no Kansas City Chiefs. Em algum momento o talento individual precisa ficar em evidência, e Baker Mayfield é a peça-chave para que isso funcione em 2021.

Mayfield atingiu um outro patamar, individualmente falando, em 2020. Ele se adaptou muito bem ao sistema de Stefanski, sabendo quando atacar a defesa verticalmente e quando simplesmente aceitar o que os oponentes lhe davam numa determinada jogada. Na segunda metade da última temporada, mais confortável junto do novo treinador, as chamadas de play-action representavam 27,9% dos passes. Neles, Mayfield completou 71,2%, com 8 touchdowns e nenhuma interceptação.

Outro ponto interessante é que os Browns foram de longe o time que mais usaram 13 personnel na NFL durante 2020 (14%, em 156 jogadas; apenas Giants (100) e Titans (100) também usaram pelo menos 100 jogadas com 1 WR, 3 TEs, 1 RB).

No ataque de Cleveland, tight ends são peças importantíssimas. Isso porque o jogo terrestre em outside zone é um monstro muito difícil de ser parado com Kareem Hunt e Nick Chubb no backfield – naturalmente, mais tight ends tornam mais fácil de bloquear para o jogo terrestre. Em média, as equipes da NFL tiveram 3,0 de média por tentativa de corrida em 13 personnel em 2020. Os Browns, com 4,6, tiveram a terceira maior.

Com a excelente média de 4,8 jardas por tentativa somando todas as formações, os Browns tiveram um dos melhores ataques terrestres da NFL em 2020. A questão é que você não bate Patrick Mahomes, Josh Allen e Tom Brady correndo com a bola na NFL moderna. A linha ofensiva de Cleveland, se não é a melhor da NFL, está ali na discussão, com solidez incrível na proteção para o passe (26 sacks cedidos em 2020, 8ª menor marca da liga, 71% de Pass Block Win Rate[foot]ESPN[/foot]) e 4.79 de Adjusted Line Yard[foot]Métrica do Football Outsiders criada para medir a efetividade dos bloqueios no jogo terrestre[/foot]. Talento no ataque não está em falta.

Então, cabe à Mayfield dar o próximo passo. Vale repetir: ele parecia um quarterback melhor, mais confiante, mais confortável na segunda metade da temporada 2020. Ele precisa dar prosseguimento à essa evolução. Ele precisa continuar tomando as decisões corretas com a bola e melhorando cada vez mais nos seus passes longos, sua principal qualidade.

Não faltarão alvos de qualidade pra isso. Odell Beckham Jr. está de volta após lesão grave, exigindo atenção completa das defesas por seu pacote completo com atleticismo, rotas refinadas e inteligência. Jarvis Landry permanecerá como a opção sólida nas zonas intermediárias para mover as correntes. Anthony Schwartz, recém-draftado, tem a velocidade como sua principal arma – ou seja, será útil para estressar as defesas adversárias.

Para os Browns brigarem com os Chiefs e os Bills, Mayfield precisa executar tudo isso com perfeição. Não existe atalho ou método mais fácil.

Forte investimento na secundária resolveu calcanhar de Aquiles do time

Quando seus principais competidores para o título de conferência se chamam Patrick Mahomes e Josh Allen, é bom que você tenha respostas para defender o forte jogo aéreo dos seus oponentes. Os Browns não tinham em 2020, então eles investiram bastante na intertemporada para reconstruir o fundo da defesa. Novo safety, novo nickel cornerback, escolha de primeira rodada utilizada num cornerback, um linebacker na segunda rodada cuja versatilidade e atleticismo lhe fazem um ótimo defensor contra o jogo aéreo. Se Cleveland não conseguir parar Mahomes e Allen, não terá sido por falta de tentativa.

Os Browns tiveram a 8ª pior defesa contra o jogo aéreo em 2020[foot]DVOA, Football Outsiders[/foot], e os 31 passes para touchdowns cedidos ao longo dos 16 jogos da temporada regular também foram a 8ª pior marca da liga. As lesões de Grant Delpit e Greedy Williams, dois jovens talentos que atuam na secundária, tiveram seu peso – mas não espere que eles retornem facilmente ao ponto de titular.

A secundária foi totalmente reformulada agora e parece uma unidade bastante acima da média. Denzel Ward, físico e inteligente, pode marcar qualquer recebedor da liga de forma individual. Forçar turnovers não é o ponto mais forte de seu jogo, no entanto, 18 passes defendidos em 2020 lhe dão uma boa noção de seu talento. Do lado oposto, Williams e o calouro Newsome continuam batalhando pela vaga – os dois foram titulares no jogo inicial da pré-temporada e a disputa parece equilibrada. Certo é que, independente de quem vença, Cleveland está bem de CB2 – e de reserva.

O restante da secundária, reconstruído, também se destaca. Já falamos de John Johnson mais acima, então vamos destacar Troy Hill aqui, cuja carreira tomou um caminho positivo após sua mudança para o nickel com os Rams em 2020. É mais um jogador cheio de ferramentas técnicas e mentais para produzir instantaneamente, porém, também é outro que você não verá forçando uma porção de turnovers.

O front de Cleveland também será muito difícil de ser parado. Como uma linha ofensiva lidará com a capacidade atlética de Myles Garrett e Jadeveon Clowney explodindo como EDGEs? Tudo bem, Clowney não anotou qualquer sack em 2020, só que a tônica de sua (estranha) carreira foi sempre acumular pressões nos quarterbacks adversários sem transformá-las em sacks. Isso por si só seria uma vantagem e tanto para a unidade – Garrett, um jogador de elite como EDGE, dispensa apresentações.

Ainda na linha defensiva, destaco a profundidade do interior. Malik Jackson e Malik McDowell são duas completas apostas dos Browns. Tudo que a organização precisa é de acertar em uma delas. Jackson é um bom pass rusher pressionando por dentro, enquanto McDowell, que muito prometia em 2017, não chegou a atuar na liga após um acidente de carro. Novamente: 50% é o necessário.

Aspecto tático: Uso de play-action do Stefanski. A cada ano desde a escolha de Mayfield, a utilização de play-action por parte dos Browns aumentou gradativamente. Em 2018, com Todd Haley e Freddie Kitchens, foi 21.8%; em 2019, com Kitchens, 28.7%, e em 2020, com Stefanski, 30.1%. Era esperado que esse atributo fizesse sucesso dado o trabalho de Stefanski com Kirk Cousins no Minnesota Vikings, e foi exatamente o que aconteceu. Espere por continuidade nesse sentido.

Jogo mais importante: Semanas 12 e 14, vs Ravens. São dois jogos consecutivos contra o rival de divisão intercalados pela semana de folga, então é válido juntá-los. Cleveland e Baltimore são os dois grandes favoritos na AFC North e os dois jogos terão implicações imensas na briga pelos playoffs e nos critérios de desempate. 

Pergunta a ser respondida: A melhora na secundária era o que faltava para brigar no topo da AFC contra Chiefs e Bills? O que os Browns podiam fazer para reforçar o elenco, fizeram. Depois de um ano de adaptação e estabilidade em 2020, que gerou resultados positivíssimos, o objetivo não pode ser outro: precisam fazer frente aos Chiefs e aos Bills. Será que a reformulação na defesa contra o passe era a chave para cumprir esse objetivo?

O que esperar em 2021: Briga pelo título da conferência. Existe talento demais para imaginar que Cleveland não estará em posição de brigar com Kansas City, Buffalo e Baltimore pelo topo da AFC. A ótima comissão técnica e o ótimo trabalho da diretoria permitiram que os Browns chegassem ao patamar de favoritos e assim serão em 2021. O time está, sim, equipado para jogar de igual para igual com os grandes favoritos da Conferência Americana e brigará pelo título da mesma.

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