Confiança é uma palavra que não mais existe no vocabulário de Buffalo há algum tempo. Nesta temporada, também, isso tomou novos contornos. Nos últimos anos, os Bills se acostumaram a anotar boas campanhas na temporada regular, garantindo o título divisional com relativa facilidade. Josh Allen apresentava excelentes atuações e a franquia conquistava triunfos suficientes para adiantar sua vaga na pós-temporada, buscando maneiras de superar seu grande algoz, o Kansas City Chiefs.
Neste ano, a temática mudou. Os Bills tem uma boa campanha (5-2), mas o torcedor não possui o mesmo sentimento que anteriormente. Para começar, a franquia sequer lidera a AFC East, já que o New England Patriots assumiu esse posto – contando, inclusive, com vitória no confronto direto. As três derrotas do Kansas City Chiefs, que poderiam abrir caminho para uma eventual primeira posição geral da AFC, já não foram capitalizadas da devida forma, sendo que há um confronto direto entre as equipes no próximo domingo. O ataque anota pontos e Allen faz mais um bom ano, mas o sentimento é de morosidade.
Mesmo campanhas positivas podem gerar sentimentos incertos. Os Bills estarão brigando entre as cabeças para, enfim, concretizar o sonho de ir ao Super Bowl com este elenco. No entanto, há um cheiro estranho no ar, especialmente neste ataque.
Expectativa x Realidade
Quando se tem um quarterback do nível de Allen, a expectativa ofensiva é constantemente elevada. Josh é uma aberração física e técnica capaz de entregar tudo que um ataque precisa, carregando consigo perene imprevisibilidade que dificulta a vida das defesas adversárias. Em meio à tão grande talento, Joe Brady poderia usufruir de alta criatividade para minar seus oponentes semana após semana. Contudo, vemos um ataque de pouca eficiência, com baixa variação e que limita o potencial de seu passador.
Para usar os termos corretos, sejamos diretos: assistir o ataque de Buffalo é ver potencial sendo desperdiçado. É verdade que algumas peças não ajudam e que há pouco talento no corpo de recebedores, contudo, esse front office está junto há tempo suficiente para remodelar tais problemas. Resolveram ignorá-los e agora colhem os frutos.
O coordenador ofensivo foi muito bem quisto na liga quando fez esse grupo deslanchar em 2023. Caso você não se lembre, ele assumiu o lugar de Ken Dorsey no meio da temporada, pois seu predecessor permitiu que a unidade estagnasse (como ocorre hoje), levando a uma mudança de ares necessária e que revigorou o ano de Buffalo. Talvez seja seu destino ser a vítima da vez?
Maus hábitos
A resposta ainda não pode ser definitiva, mas a dúvida tem de ser levantada. Afinal, estamos vendo um dos melhores quarterbacks dessa geração ser limitado por chamadas pouco ousadas. Hoje, Allen tem um dos melhores braços da liga e, ainda assim, pouco passa em profundidade. Quando isso acontece, se vê em conceitos de rotas ruins ou em jogadas improvisadas. Os números refletem os olhos: ele é o oitavo com menos tentativas para mais de 20 jardas (11% de seus dropbacks), o quarto com menos jardas/tentativa nessas situações (10,3) e não possui touchdowns, enquanto tem três interceptações. Calamitoso.
Ao assistir as partidas de Buffalo, o que mais notamos são passes rápidos (até mesmo atrás da linha de scrimmage) e pouco espaçamento do campo. Não critico a estratégia em si, já que Patrick Mahomes, por exemplo, é exemplar fazendo isso. Os resultados, todavia, demonstram que esse sistema não está fluindo bem. É preciso soltar as rédeas do grupo.
Agressividade para já
Os Bills não são um time que podem se dar ao luxo de se manter no mesmo estado para esperar o ano que vem. É preciso ser ousado para não dar chance para pequenas mudanças que possam comprometer resultados esperados (como a nova ascensão dos Patriots, por exemplo). Sendo assim, é esperado agressividade antes do final do período de trocas para que, ao menos, um pouco de talento seja inserido no grupo.
Não é preciso medir as palavras: o corpo de wide receivers é decepcionante e as apostas de Brandon Beane poucos resultados trouxeram. Keon Coleman pouco acrescenta ao grupo para além de bolas contestadas – não que isso não fosse previsto -, Khalil Shakir é útil, mas não pode ser o principal alvo do time, e Josh Palmer é, na melhor das hipóteses, um bom nome para rotação.
Como resultado disso, sobra para Allen focar em seus tight ends, já que não separação ofensiva pelos seus wide receivers. É um problema crasso e que demanda movimentação nos próximos dias para que Buffalo não se veja em mais uma temporada com final amargo. Não me estenderei sobre eventuais alvos de troca aqui, pois soltaremos um texto sobre isso aqui no site ainda nesta semana.
Situação delicada
Neste domingo, os Bills enfrentam seu grande arquirrival dos últimos anos, os Chiefs. A partida é em casa e o clima não estará nada menos que hostil. A fase das equipes, porém, é diferente, mesmo que a campanha dos visitantes seja pior. Enquanto Buffalo tenta encontrar seu ritmo, Kansas City vem em constante crescimento ofensivo após início moroso. Será uma árdua tarefa para a oscilante defesa dos Bills.
Em caso de derrota, Buffalo pode acabar, até mesmo, fora da nota de corte da pós-temporada ao final da rodada. Essa situação impensável há algumas semanas evidencia como a situação da equipe é delicada e como os movimentos certos precisam ser feitos com urgência para que a franquia volte a almejar o grande palco.
Não é tragédia completa, tampouco um indício de fim de ciclo. É, sobretudo, um sinal de alerta. Os Bills têm muito do que se orgulhar, mas precisar entender as falhas cometidas e corrigi-las enquanto há tempo. É a hora de ser ousado para dar o próximo passo.
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