Parecia um time quase ideal. Matt Ryan era a melhor chance da franquia expulsar o fantasma de Andrew Luck, pois casava perfeitamente com o estilo da equipe. O ataque era redondinho; a defesa, talentosa em todos os níveis; a comissão técnica, experiente e provada. A expectativa era boa para a temporada do Indianapolis Colts. O time até poderia passar por alguns percalços ao longo do ano, mas tinha todas as ferramentas para, no mínimo, ser um time de pós-temporada.
Nós, porém, já estamos carecas de saber que na NFL as coisas passam longe de sair como o planejado.
Nos dois confrontos iniciais, duas tragédias. A equipe saiu no empate contra o fraco Houston Texans – e não podemos falar que perdeu a chance de vencer, pois o rival também perdeu inúmeras oportunidades de sacramentar o triunfo – e, na semana seguinte, foi massacrado pelo Jacksonville Jaguars. Vinte e quatro a zero.
Um buraco mais fundo do que parece
Faço questão de escrever o placar para tornar tudo mais exposto. O início de temporada de Indianapolis não é ruim, é um fracasso. A equipe perdeu excelente oportunidade de começar o ano com uma campanha 2-0, aproveitando os problemas do Tennessee Titans para disparar na liderança da AFC South. Mais do que isso, a equipe deixou expostas fragilidades que antes não eram aparentes.
Sem Michael Pittman Jr., o corpo de recebedores pifou completamente. E olha que a secundária de Jacksonville nem é um bicho de sete cabeças. Mesmo sendo uma lesão pouco grave – ele tem boas chances de retornar nesta semana – isso foi um indício crucial para os adversários: basta fortalecer a marcação nele que o resto acontecerá naturalmente.
A única parte do time que continua funcionando é a linha ofensiva – e Jonathan Taylor, quando a equipe consegue se manter próxima no placar. Ryan, que deveria se aproveitar disso, está fazendo o oposto. Hoje, ele está criando a própria pressão e lidando mal com ela. 18% das pressões sofridas são oriundas do próprio quarterback, top-10 da posição no quesito[foot]Para efeitos comparativos, a linha ofensiva do time é a quarta que menos tem culpa nas pressões geradas. As estatísticas são do Pro Football Focus.[/foot], e, nessa situação, ele completa poucos passes (33,3%), tem baixíssimas jardas/tentativa (4,1) e nenhum touchdown, enquanto anotou três interceptações. Todos entre os piores números da liga.
Calma, o buraco é maior. Na defesa, o pass rush não vem funcionando, a secundária decepciona – hoje, o torcedor deve estar lamentando a troca de Rock Ya-Sin por Yannick Ngakoue – e Darius “Shaquille” Leonard, que deveria ser um dos pilares, ainda não conseguiu estrear na temporada. Gus Bradley ainda não conseguiu fazer a unidade encaixar.
Leia-se: o ataque aéreo de Indianapolis é uma tragédia, a defesa não consegue segurar a barra, não melhorando onde precisava, e a experiente comissão técnica, que deveria solucionar esses problemas, ainda não conseguiu encontrar soluções dentro dos próprios jogos. Indianapolis precisa mudar radicalmente. E rápido.





