Enfim tivemos o primeiro grande baque causado pela pandemia de Covid-19 no mundo do futebol americano: diversas conferências do College Football, incluindo duas do chamado “Power 5”, anunciaram o cancelamento dos jogos durante o outono e o adiamento da temporada para a próxima primavera (do hemisfério norte), ou seja, algo entre os meses de fevereiro e maio de 2021.
Como sabemos, o futebol americano universitário e o profissional estão umbilicalmente ligados pelo processo anual do Draft, portanto qualquer coisa fora do comum que aconteça no primeiro pode ter imensos desdobramentos no segundo.
Resumindo o caos no College Football
A NCAA deixou a cargo das conferências e das próprias universidades a decisão de como proceder em relação à temporada do College Football. Em outras palavras, cada um faz o que bem entender, desde que avise com antecedência a sua decisão.
O que aconteceu, então, foi uma chuva de adiamentos: conferências da FCS e de divisões inferiores (Division II e III) foram as primeiras a anunciar que a temporada seria movida para a primavera. Em seguida, foi a vez da Mountain West e Mid-American Conference, representantes menores da FBS, tomarem a mesma medida. Por fim, a Pac-12 e a Big Ten também comunicaram a remarcação dos jogos para 2021. Ambas pertencem ao “Power 5”, o seleto grupo das cinco maiores conferências universitárias – a Big Ten, por exemplo, é o lar da toda poderosa Ohio State.
Por ora, a SEC, a ACC e a Big 12 – as outras conferências do “Power 5” – seguem firmes no plano de disputar a temporada normalmente. Contudo, dada a complicada situação da pandemia nos Estados Unidos, ainda é impossível saber se realmente teremos jogos do College Football em 2020 e sobretudo como será a competição, já que boa parte dos times não entrará em campo.
Para piorar o quadro de incertezas, existe também a possibilidade de os atletas universitários individualmente optarem por não atuar em 2020, assim como ocorreu na NFL. Alguns dos principais prospectos de 2021, aliás, já decidiram fazer isso.
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Possíveis impactos na NFL
Em primeiro lugar, é importante ter em mente que a oferta de jovens jogadores não diminuirá para as franquias. Mesmo que não entrem em campo nenhuma vez – seja por vontade própria, seja por decisão da universidade ou conferência -, os prospectos não perderão a sua elegibilidade para participar do Draft. Micah Parsons e Rashod Bateman, por exemplo, optaram por não jogar em 2020 e estão se preparando diretamente para o recrutamento.
O que muda, todavia, será a forma de avaliar esses jovens jogadores. Como os scouts analisarão os prospectos em março e abril, com o Draft batendo na porta? Isso, claro, se realmente tivermos partidas disputadas na primavera.
Uma das opções para dar mais tempo aos olheiros e general managers seria adiar o Draft. Segundo o novo acordo coletivo de trabalho da liga, Roger Goodell tem autonomia para movê-lo até o dia 2 de junho se quiser, sendo que qualquer data além dessa dependeria também da aprovação da associação dos jogadores. Nesse cenário, o Combine – realizado sempre no final de fevereiro – inevitavelmente também acabaria sendo remarcado.
O mais provável é os scouts terem de se virar com pouco ou até mesmo sem material em vídeo atual dos prospectos, o que aumenta a probabilidade de más análises e decisões ruins sendo tomadas. Ademais, a chance de alguém ter uma ascensão meteórica em seu último ano de College Football, assim como ocorreu com Joe Burrow, será quase nula em 2021.
Sem tapes “frescos” para boa parte dos prospectos, crescerá muito o valor do Combine, dos Pro Days e das visitas que os jovens fazem às franquias nas semanas anteriores ao Draft, pois em muitos casos esses serão os únicos meios de avaliar a mais recente forma física e técnica dos futuros calouros.
Em suma, há um risco considerável de que os adiamentos no College Football afetem o calendário da próxima intertemporada da NFL. Ninguém ganhará com grandes atrasos no cronograma, assim como ninguém ganhará se a liga não alterar em nada o planejamento, deixando scouts e general managers sem condições de se ajustar à inédita temporada universitária jogada na primavera.
Tudo sinaliza para uma situação bastante complicada daqui a alguns meses. Em todo o caso, antes de se preocupar com o próximo ano, Goodell precisa garantir que a temporada 2020 da NFL comece e termine sem maiores problemas.
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