Temporadas competitivas evidenciam qualidades outrora escondidas. Há muitas coisas positivas para se analisar na temporada do Denver Broncos: Sean Payton reavivando a cultura e impondo seu estilo de jogo, a evolução de Bo Nix, a competitividade da equipe mesmo nos mais difíceis confrontos, vide a quase vitória contra o Kansas City Chiefs.
Nada se sobressai mais, contudo, do que o potencial defensivo do time. Mesmo sem possuir um grupo estelar, Denver tem uma das melhores unidades da liga neste ano, a qual venceu jogos para a equipe mesmo nos momentos em que o ataque não apresentou seu melhor nível. E não, não é apenas uma maré favorável.
Apesar do péssimo início em 2023 – quando tomou 70 pontos para o Miami Dolphins, por exemplo -, Vance Joseph foi construindo um grupo coeso e com identidade, o qual começou a limitar o ataque adversário a poucos pontos por jogo e ser o principal fator de perigo da equipe. Se hoje os Broncos brigam passo a passo por uma vaga nos playoffs, muito se deve a esse crescimento. Venha entender como isso aconteceu.
Pressão, consistência e erro
Denver possui a terceira melhor defesa em pontos por jogo (16,63), a melhor em jardas por jogada (4,6) e a quarta melhor em jardas por tentativa terrestre (3,8). Ademais, é a quinta melhor unidade pressionando o quarterback (26,8%), sendo a terceira que mais faz uso de blitzes (34,7%).
Os dados são importantes para entender que a filosofia de Vance é clara. O time tem cornerbacks agressivos e de muita qualidade, logo, vamos gerar o máximo de caos na linha de scrimmage e criar confusão ofensiva. É um jogo de constância: limite o jogo terrestre, criando situação de descidas longas, faça o quarterback ficar hesitante por conta da alta pressão e finalize com sacks. Denver lidera a estatística na temporada, com 39.
E isso decorre de um sistema coeso. Não estamos falando de um grupo de pass rushers estelares, mas de bons jogadores que estão se aproveitando de um bom coordenador para postularem a melhor temporada de suas carreiras. Nik Bonitto está prestes a bater 10 sacks no ano, marca não ultrapassada por um jogador de Denver desde 2018, com Bradley Chubb e Von Miller – curiosamente, Joseph era o treinador. Ao seu lado, Jonathon Cooper tem 6,5 sacks e Zach Allen, 5.
O pocket oponente vira um inferno. Quando o quarterback consegue completar um passe, os ganhos são, majoritariamente, mínimos (6,4 jardas por tentativa de passe, empatados como segunda melhor marca da liga) e a indecisão misturada com pressão sem fim gera a falta de confiança e o alto número de erros. E não estamos falando de obter resultados bons contra quarterbacks ruins: a defesa de Denver limitou Patrick Mahomes e Kirk Cousins nas duas últimas semanas.
Não livre de erros – mas minimizados com o ataque rodando
Ao evidenciar o sistema acima, pode-se pensar, então, que o grupo opera como o melhor dos relógios, com engrenagens perfeitas. Entretanto, há brechas que podem ser exploradas. Denver, por exemplo, é o quarto time que mais utiliza marcação individual, no entanto, seus três cornerbacks titulares (Patrick Surtain II, Riley Moss e Ja’Quan McMillan) permitem mais de 70% de passes completos quando alvejados nessas situações.
Quando a pressão é alta, brechas podem ser exploradas por bons recebedores em rotas rápidas, além do maior risco existente de big-plays, já que os recursos defensivos estão mais concentrados na linha de scrimmage. Ademais, se o jogo terrestre for eficiente, sua linha defensiva precisa ser mais reativa do que proativa e isso aumenta o tempo do quarterback no pocket. Baltimore fez isso bem há três semanas.
No entanto, a vulnerabilidade só acontece quando o ataque de Denver não produz. Naquela partida, a defesa segurou o quanto pôde, mas Nix não fez bom jogo. Nas últimas vitórias dos Broncos – e mesmo na derrota para Kansas City – vimos o que acontece quando os dois lados da bola agem em união.
Essa será a principal arma de Denver na reta final do ano e, possivelmente, na pós-temporada. Se o ataque mover as correntes e colocar pontos no placar, os drives neutralizados pela defesa possuirão maior peso, pois a equipe abrirá grandes vantagens de posse, como fez contra os Falcons. Se o plano ofensivo adversário precisar se transformar em jogo aéreo majoritário, o pass rush explosivo dos Broncos será muito efetivo.
É uma equipe que está ampliando sua velocidade no momento certo. Os Broncos são um time com identidade, possuem um sistema coeso no ataque e uma defesa que exige erro mínimo para ser batida. Além disso, têm na sideline um treinador campeão e experiente. A promessa está virando realidade.
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