Como proteger Cam Newton do pass rush dos Broncos?

Quando Carolina Panthers e Denver Broncos entrarem em campo no Super Bowl 50, um aspecto do jogo pode mudar tudo: o pass rush do time de Colorado. Os Broncos lideraram a NFL na temporada regular com incríveis 52 sacks, e têm tudo para impor tremenda pressão sobre a principal estrela dos Panthers, Cam Newton.

Na última partida entre os dois times, em 2012, Newton foi sackado sete vezes. Mas então, como Carolina pode amenizar esse problema?

Os encarregados pela proteção

Começamos primeiro analisando a linha ofensiva. Ponto fraco dessa unidade suas extremidades: Michael Oher chegou nesta temporada desacreditado após uma fraca passagem pelo Tennessee Titans e decadência em Baltimore. Contudo, aos poucos, mostrou ter capacidade para proteger o blind side de Newton e se tornou o left tackle que Carolina precisava. Oher evoluiu durante o ano, mas teve como seu ponto fraco o bloqueio no jogo terrestre.

Do outro lado, o right tackle Mike Remmers, apesar de ter se consolidado como titular, é o principal buraco. Sem grandes atributos tanto pelo chão quanto no passe, Remmers é o elo mais fraco – algo que deve ser aproveitado pelos Broncos. Se os lados são, de certa forma, um problema, o miolo é um dos melhores da liga. Os guards, Andrew Norwell (left) e Trai Turner (right) são dois dos mais completos da liga, conseguindo se sobressair tanto bloqueando para os running backs quanto mantendo o pass rush adversário longe de Cam Newton. Para liderar a unidade está o center Ryan Kalil. Kalil tem experiência de sobra e, já tendo sido selecionado para cinco Pro Bowls, está entre os melhores da sua posição na NFL. Junta, a linha ofensiva permitiu que Newton sofresse 33 sacks na temporada regular, o melhor número da carreira do jogador.

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A linha ofensiva pode até ser boa, mas pode não ser o suficiente para parar Von Miller e companhia. Após passar o confronto contra um poderoso pass rush de Kansas City sem ser derrubado nenhuma vez, Tom Brady viu Denver amassar sua linha ofensiva e conseguir quatro sacks na final da AFC. Simplesmente esperar que os bloqueadores resolvam o problema não vai, de fato, resolver este problema. O que mais pode ser feito, então?

Como Carolina pode utilizar seus atributos ofensivos?

O running back Jonathan Stewart terá papel fundamental nisso. Primeiro, como todo corredor, precisará conseguir bons avanços terrestres para poder tirar um pouco da pressão sobre o quarterback, fazendo a defesa se preparar para combater corridas. Com ele tendo uma boa performance, aumenta a proteção contra o jogo terrestre, reduz a pressão contra Newton e, de quebra, abre espaços para os recebedores desempenharem suas rotas – algo que será discutido mais adiante. Segundo, sendo um bom bloqueador, será de fundamental importância que ele perceba e consiga anular, ou pelo menos atrapalhar, as blitzes adversárias. O papel de bloqueio de um running back é, por muitas vezes, menosprezado pelos torcedores, mas é algo que pode fazer muita diferença no decorrer de um jogo de futebol americano.

Como dito antes, a boa atuação de Stewart pode abrir espaços para o passe. Denver teve a melhor defesa aérea da temporada – e muito disso se deu também pelo fato de pressionar demais o quarterback adversário. Não tendo wide receivers de primeira linha, rotas curtas e jogadas que possibilitem uma leitura rápida para Newton deverão aparecer bastante. Um jogador que pode aparecer bastante no duelo deve ser, novamente, o tight end Greg Olsen. Se levarmos em conta o desempenho da defesa dos Broncos contra Rob Gronkowski no AFC Championship Game (foram oito recepções para 144 jardas e um touchdown), já dá pra perceber uma das brechas da defesa. Com o ataque enfatizando os passes rápidos, a principal válvula de escape, Olsen, deve ser muito utilizada no plano de jogo – como já foi durante toda a temporada regular, tendo conseguido 1,104 jardas aéreas em 77 recepções, e também nos Playoffs, onde já atingiu 190 jardas e 12 recepções em apenas dois jogos. Falando em tight ends, estes podem ser outra fonte de proteção. Carolina é um dos times que mais mantém jogadores dessa posição na linha para bloqueios, e isso deve se repetir no domingo. Se conseguir utilizar, efetivamente, jogadas mais rápidas, os Panthers têm tudo para manter sua grande estrela longe do perigo.

Mas o principal fator continua sendo ele, Cam Newton

Enfim, e o principal ponto, chegamos na capacidade que Cam Newton tem para correr. Em uma situação parecida com a do running back, a mera possibilidade do jogador ficar com a bola e correr deve fazer a defesa de Denver ficar mais atenta. Newton é uma máquina criando espaços e destruindo sistemas defensivos com suas pernas e, mesmo que indiretamente (ou seja, mesmo quando não tem uma grande atuação correndo), isso é um fator que deixa as defesas muito mais “comportadas” para enfrentá-lo. Você manda todos seus jogadores atrás do quarterback, sobrando poucos para fazer a marcação no segundo nível defensivo. Com todo atleticismo e qualidade do quarterback, os riscos de avanços indesejados aumentam, e isso pode fazer com que Denver arrisque menos – ou pague o preço.

Outro exemplo: Von Miller e DeMarcus Ware são os jogadores que geralmente atacam pelas beiradas da linha ofensiva no pass rush dos Broncos, mas e a preocupação em ultrapassar o ponto da jogada e deixar uma avenida para Newton correr? São pequenos aspectos que devem ser analisados, pois na prática essas situações podem mudar completamente um jogo – principalmente se levarmos em conta que jogar contra um adversário com essa capacidade é novidade para o time do Colorado, afinal, não enfrentaram nenhum quarterback com essas qualidades de corrida além de Alex Smith – e foram dois jogos complicadíssimos, com uma vitória e uma derrota.

Você não vai conseguir parar o pass rush de Denver, mas pode desarmalos usando suas próprias armas. Se esse aspecto da defesa dos Broncos pode mudar um jogo, do outro lado está o melhor ataque da liga, liderado pelo melhor jogador da temporada, do qual outros times também parecem não encontrar respostas. Uma defesa impenetrável? Um ataque indestrutível? Ambos os lados têm motivos para ficarem confiantes, e esse duelo nas trincheiras pode ser o “fator X” que determinará o vencedor.

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