Subir até o topo é difícil, porém permanecer nele é uma tarefa mais árdua ainda. O Detroit Lions está passando por isso na pele em 2025. Um dos favoritos na Conferência Nacional antes da temporada começar, a equipe está longe da zona de classificação dos playoffs. Neste momento, Detroit está com campanha 7-5, em 3° na NFC North e pior: com 30% de chances de pós-temporada, segundo o The Athletic.
O pior cenário é real e pode virar realidade em questão de tempo. Detroit continua com quase todas as mesmas fundações que tornaram a franquia uma potência nos últimos anos: as estrelas, boa parte do elenco de apoio, o treinador e o general manager. Porém, 2025 pode virar um ano de frustação na era Dan Campbell. E quando você se acostuma com o topo, a frustração tem um sabor mais amargo que o costume.
Andou na prancha, cuidado o tubarão vai te pegar
Durante a última pré-temporada, uma das principais narrativas acerca dos Lions era sobre como o time ia se adaptar após a saída de seus então dois coordenadores. Naquele momento, o que quase todos falavam era que a saída de Ben Johnson afetaria mais do que a de Aaron Glenn. Isso de fato aconteceu: só agora que Glenn está encontrando um caminho lá nos Jets, por exemplo.
O grande problema está no contraste com o outro ex. Ben Johnson faz um trabalho incrível no Chicago Bears, que atualmente é o líder da divisão e seed #1 da NFC. Do outro lado, Detroit basicamente manteve as mesmas estruturas, mas os resultados já não são mais os mesmos. Consequentemente, as vitórias também não.
Para entender a queda de rendimento da equipe, é preciso olhar para o famoso situational football. Traduzindo para os mais leigos: terceiras e quartas descidas, além da redzone. Em 2024, os Lions convertiam 47% das suas terceiras descidas. Neste ano, são 38% convertidas. Já nas 4° descidas – lembrando que é um time que arrisca bastante nessa situação -, saiu de 66% no ano passado para 52%. Na redzone os números não mudaram tanto: de 69% para 65% em 2025. O problema está mesmo nos dois primeiros pontos. Se antes Detroit era um time que convertia com certa tranquilidade suas 3° e 4° descidas, agora sofre demais com turnovers on downs.
A equação da tragédia também conta com um fator subestimado: o miolo da linha ofensiva. As saídas de Frank Ragnow e Kevin Zeitler pesaram demais na eficiência do time. Christian Mahogany e Tate Ratledge não supriram essas ausências, sem contar que o primeiro ainda está lesionado. Com o miolo da linha cedendo mais pressão, as chances de converter 3° e 4° descidas – especialmente em situações de passe – despencam. Vale lembrar que Jared Goff tem como sua kriptonita atual a pressão interna (não é mais blitz, galera). Nisso, o esquema fica mais desestruturado e, portanto, as campanhas ofensivas morrem.
De novo: os Lions ainda têm ótimos playmakers. Jahmyr Gibbs, David Montgomery, Jameson Williams (quando o horóscopo está ao seu favor), Amon-Ra St. Brown, Sam LaPorta e etc. Além disso, encontrou um outro bom operário no calouro Isaac TeSlaa. No entanto, as coisas complicam quando nem todos eles jogam em alto nível. Para piorar, existe uma chance real de LaPorta não voltar nesta temporada, após operar as costas. Junte isso com os problemas com a pressão interna na OL e a consequente queda de rendimento do seu quarterback nessas condições. O bolo atômico ofensivo está prontinho no forno.
Será que a sorte acabou?
Eu vejo os Lions neste ano como a Lindsay Lohan no (clássico cult) filme Sorte no Amor: alguém muito sortudo, mas depois que beija um azarado (e belo) Chris Pine, entra numa maré infinita de azar. Comentamos aqui em cima sobre os problemas do ataque, porém a defesa também caiu de produção. Isso é notório em qualquer jogo que você vá assistir da equipe.
Diferente do ataque, os números da defesa no situational football melhoraram do ano passado para cá. Em terceiras descidas, saiu de 32% para 37% (ainda ruim, no entanto). Em 4° descidas, saiu de 41% para 56%. Só que na redzone, as coisas pioraram: de 50%, a defesa dos Lions foi para 63%. Ou seja, 63% das jogadas adversárias terminam em touchdowns. O que não é nada bom.
Além disso, um fator infeliz e um problema crônico potencializaram o azar defensivo. O fator infeliz vem da secundária, que está lesionada ao extremo. Primeiro ela perdeu suas duas apostas na posição de cornerback: Ennis Rakestraw na pré-temporada e, na última semana, Terrion Arnold. Segundo: a dupla titular (e biruta) de safeties também anda baleada. Para o alívio da torcida, Kerby Joseph deve voltar aos gramados, após ficar de fora desde a semana 6. Contudo, nem ele e nem Brian Branch estão 100% saudáveis, o que compromete horrores o setor.
Já o problema crônico é óbvio: falta um EDGE n° 2 competente para alinhar ao lado de Aidan Hutchinson. Detroit é a 8° defesa que mais pressiona o quarterback adversário, mas muitas dessas pressões vem do próprio Hutchinson (dobrado muitas vezes). Logo, as peças do dominó só vão caindo e os tormentos apenas aumentando. Nos últimos dois jogos, a defesa cedeu 58 pontos. Pior: fez Jameis Winston parecer uma estrela. Mais do que isso: quando mandou blitz para cima de Jordan Love, ele as queimou como marshmallows na fogueira. Não à toa que ele teve quatro TDs, nenhuma interceptação e nenhum sack sofrido.
A tragédia está aí e Detroit precisa correr contra o tempo para consertar seus problemas, caso queira ter chances reais de pós-temporada ainda. Pelo andar atual da carruagem, é provável que nem consiga ter sorte para fazer isso neste ano.
Para saber mais:
5 lições, semana 13: Ben Johnson é realmente tudo aquilo que falavam
5 partidas importantes na reta final da temporada regular da NFL
É só isso, não tem mais jeito, acabou, boa sorte…
O inevitável New England Patriots: é tempo de pensar em playoffs
Quer ter todo conteúdo do ProFootball rapidinho em seu celular ou computador sem perder tempo?
Acesse nossos grupos no WhatsApp ou no Telegram e receba tudo assim que for para o ar.







