Eu sempre pensei como escreveria uma crônica no dia que Tom Brady anunciasse sua aposentadoria da NFL. Agora que esse dia chegou, todas as introduções que eu já montei na minha cabeça um dia não parecem certas.
Então eu vou deixar a cabeça e escrever com o coração.
Tom Brady é o maior da história do futebol americano. Isso é indiscutível. Mas daqui 20, 30 anos, não vamos conseguir explicar com a precisão exata o que foi o fenômeno Tom Brady. O sentimento eterno de que nenhum desafio era grande o bastante. E que nenhum jogo estava perdido até que o relógio zerasse. A sensação de que, com ele, sempre existia uma chance de vitória.
Parece clichê dizer tudo isso, todavia, Brady é o que é pelo cotidiano. A marca de sete Super Bowls – mais do que qualquer franquia na história da NFL – já é imponente o suficiente. Porém, volte um pouco no tempo: em quantos jogos que você assistiu ao vivo e você não viu o quarterback fazer alguma espécie de mágica? Isso pode ser uma virada de 28-3 no Super Bowl ou uma virada no último quarto da semana 6 da temporada regular de 2013.
Com Brady em campo, você sempre esperava o inesperado. E na maioria das vezes, ele vinha.
Isso é provavelmente o que eu mais vou sentir falta com a aposentadoria do quarterback. Essa ideia de força bruta, que não conhecia obstáculo, que não tinha oponente forte o suficiente pra pará-lo. E o mais importante, identificar pelo lado humano. Saber que ele também erra, e que seus times também perdem, porque nenhuma força da natureza vai apagar o fato de que Brady é humano.
É assim que sempre vou olhar pra Tom Brady e assim que vou (tentar) explicar para os meus filhos como um quarterback no alto dos seus 43 anos conseguiu vencer mais um título. Como jogou em altíssimo nível quando 99,99% dos seus companheiros de profissão já tinham se aposentado nessa idade. Mais importante, que poderia continuar jogando com a mesma qualidade se ainda quisesse.
Jogadores como Brady existem pra nos mostrar que o esporte e a vida não são nada sem a emoção pura que lhes envolvem e que nos apaixonam. Você pode amar Brady. Você pode amar odiar Brady. Nenhum outro jogador detém esse poder de criar uma opinião, positiva ou negativa, sobre ele. E não tem nada que apague isso.
Aprendemos que a vida é feita de lições e despedidas e não existe uma diferença pra NFL nesse sentido. Somos privilegiados de uma nova geração incrível de quarterbacks surgindo – Mahomes, Allen, Burrow, Lamar, Herbert, aqueles nomes já populares. Vamos acompanhá-los, torcer, admirar, tal qual fizemos com as últimas. É a graça do esporte.
Só que a vida também dá espaços pra saudades. E ver Tom Brady em campo vai deixar muita saudade pra quem gosta e pra quem não gosta. Porque não há nada na história do futebol americano que se compare a Brady.
Obrigado por tudo, #12.
Você é o maior da história.







