Crônica: Casa Real de Belichick-McDaniels

Bill Belichick

Ante o forte sentimento anti-germânico fruto da Primeira Guerra Mundial, o Rei George V mudou o nome da casa real britânica para algo mais… fish and chips. De Casa de Saxônia, Coburgo e Gota para Casa de Windsor, nome que ainda tem hoje. Em essência, a dinastia anterior acabou e outra começou com as mesmas pessoas.

Tom Brady saiu e a dinastia do New England Patriots (2001-2019) acabou. Não é a mesma. Mas nada impede que outra possa começar como uma Casa de Windsor. Elementos para lá estão presentes. Que se frise: não estou colocando os Patriots como campeões do Super Bowl LVI ou cravando que uma nova dinastia começou. Até porque o que faz nascer dinastias são Vince Lombardi levantados.

O ponto é: Ainda há vários dos mesmos elementos em Foxboro, elementos esses que são familiares aos olhos. O uniforme e o quarterback podem ser diferente. Nomes podem ter mudado, como disse, mas o núcleo ainda está presente. A boa notícia: a família real é jovem e mesmo que o reinado belichiquiano não perdure eternamente, há uma linha sucessória sólida.

Bill Belichick, falando nele, teve nas mãos um dos mais difíceis trabalhos da NFL neste ano. Quarterbacks calouros não são fáceis de lidar – Jon Gruden, hoje no merecido exílio, recusava-se a trabalhar com eles por exemplo. Defesas com várias peças novas? Quase impossível de estarem entre as melhores da liga. Arrumar a casa depois de seguidos erros no Draft? Pergunte a Pete Carroll como estão as coisas em Seattle. New England hoje tem um dos cinco melhores times da NFL depois de ter draftado um quarterback calouro e gasto mais de 100 milhões de dólares em dinheiro garantido na free agency.

Os ingredientes foram comprados, mas para que o prato fique ao gosto do freguês, o chef precisa ser Michelin – porque eles não eram fáceis de trabalhar. Sei que geralmente não colocamos Bill Belichick na conversa de técnico do ano, mas seria meu voto hoje. Ante tantas dificuldades, ele reinventou o New England Patriots com a ajuda de seu filho na defesa, Stephen, e Josh McDaniels no ataque.

A Dinastia anterior, sim, acabou. Mas a nobreza e a realeza de New England continua viva com a melhor defesa da NFL e fazendo o quinto quarterback calouro deste ano jogar como o primeiro deles. É necessário apreciar a Casa Real de Belichick-McDaniels.

“odds