Crônica, Curti: O primeiro encontro geralmente é uma m***

Até que uma segunda chance venha para Jordan Love, nenhuma conclusão definitiva é justa quanto a ele ter futuro ou não na NFL

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O encontro tinha sido péssimo, mas ele não sabia explicar muito bem para mim o por quê. Parece que os dois estavam nervosos, interrompiam um ao outro, não sabiam se dariam as mãos ou não – toda aquela estranheza de primeiros encontros. Meu amigo não tava mais querendo sair com ela, mas insisti que desse pelo menos mais uma chance, porque primeiros encontros são uma merda na maior parte dos casos. Desculpem o palavrão que evitei no título mas não aqui, é apenas a verdade. Outras palavras não dariam o tom certo.

Convenhamos, o primeiro encontro do torcedor do Green Bay Packers com Jordan Love foi… Você sabe o que foi. Alguns, é bem verdade, não estavam com expectativas altas e foram de cabeça aberta para tanto. Eu, confesso, estava com a barra mais alta pelo fato de que Love chegou do college como um braço forte a ser lapidado. Bom, um ano e meio depois, esperava que estivesse mais pronto quanto ao processamento mental.

Óbvio que critiquei. Alguns sujeitos alegarão que foi porque torço para os Bears, mas é claro que isso não tem absolutamente nada a ver. Rivalidades unilaterais são toscas. São boas apenas durante a manhã seguinte do jogo, quando você acorda sabendo que seu time deu uma piaba no rival. Na tarde da segunda, você nem lembra mais.

Agora, quando os dois times estão bem, aí o negócio te consome, de uma maneira deliciosa. Você passa a semana inteira pensando naquilo. Minha semana antes da final da NFC de 2010, cujo desfecho foi traumático e prefiro não falar sobre aqui, foi maravilhosa. Todos os dias eu acordava e dormia pensando naquele jogo que ainda demoraria dias para chegar. Então, em resumo, como pessoa física e torcedor, eu quero os Packers bem e enfrenta-los nos playoffs todo ano. É muito mais legal assim.

Mas como pessoa jurídica, que se dane o time que torço, preciso cobrir todos com isenção porque todas as torcidas pagam meu salário, de alguma forma. Não imparcialidade, porque isso não existe, eu vou ser parcial e tomar uma tese para mim. Mas isenção, sem que meu texto ou ideias sejam contaminados por interesses escusos.

Jordan Love não foi bem no primeiro jogo. Culparam Mason Crosby, culparam Matt LaFleur, culparam Deus, culparam Aaron Rodgers. Normal, a relação de carinho que o torcedor tem para com seu quarterback – do presente ou futuro – é uma coisa meio que diferente mesmo, temos que entender. Mas isso não muda o fato de que ele jogou mal. E está tudo bem. Primeiros encontros são uma merda na maior parte dos casos.

Um jogo só não indica nada para o futuro. Vários quarterbacks tiveram primeiros jogos toscos e foram bem depois. Essa condicional de que as coisas estão “abertas no futuro”, porém, não permite que fechamos os olhos e apontemos o que está bom, o que está ruim. Até para que o torcedor saiba o que esperar e o que assistir. Acredito nessa como minha função, dobrar a quantidade de olhos que você tem ao assistir uma partida.

Voltando àquele meu amigo, ele deu uma segunda chance, um segundo encontro. Foi horrível também. Eles não se falaram mais. Eu sei, você quer um final feliz nessa história, mas nem todas as histórias vão ter final feliz. Eu sei: você estava querendo um trocadilho ou jogo de palavras com “Love”, mas já esgotei minha cafonice para um texto só.

O grande ponto foi que esse meu amigo deu uma segunda chance para ver se as impressões do primeiro encontro eram verdadeiras ou não. Vai ser o caso aqui: não tenho a menor ideia quando meu amigo empacotador vai dar uma segunda chance para Jordan Love, mas ela virá. Até lá, não dá para dizer que ele é bust, que os Packers precisam trocá-lo ou qualquer outra coisa. Depois de algum tempo, aí, sim, poderemos tirar mais conclusões. Por ora, só ficou o gosto amargo na boca.

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