A NFL costumeiramente não tem uma janela de trocas tão movimentada como a NBA ou a MLB. Já falei bastante sobre isso em outros posts e, salvo alguma surpresa neste ano, a ascensão de movimentos que estávamos vendo até o ano passado tende a ser um pouco mais quieta nesta temporada. Claro que ainda deve haver trocas interessantes – o Houston Texans é um dos vendedores desta janela e tem peças interessantes para colocar no mercado, como o wide receiver Will Fuller e até mesmo J.J. Watt é alvo de rumores.
Mas, até agora, nada muito impactante – tivemos Yannick Ngakoue para o Baltimore Ravens e Carlos Dunlap para os Seahawks, só para citar dois exemplos. Caso de fato a janela seja mais parada do que em outros anos, é senso comum entre os analistas que há três motivos principais para tanto. Como observação, vale lembrar que essa janela expira na tarde dia 3 de novembro, uma quarta-feira.
1- O teto salarial de 2021: com a pandemia de COVID-19, não há público em vários estádios da NFL nesta temporada e quando há esse público está sendo limitado em coisa de 20% da capacidade do estádio. Menos público equivale a menos receita. Como o teto salarial da liga é estipulado anualmente em função do quanto dinheiro que entra, a tendência é que o teto seja o mesmo desta temporada ou mesmo que caia alguns milhões de dólares. Ante essa incerteza, as equipes podem ficar mais receosas de absorver um contrato pesado de um veterano dado que não sabem quanto poderão gastar no ano que vem. De 1994 até o ano passado, o teto salarial aumentou em praticamente todas as temporadas. 2021, em função de 2020, pode ser diferente.
2- Não dá para dizer que “chegou, jogou”: Como são apenas 17 semanas, uma semana a menos de jogo equivale a uma porcentagem bem alta das partidas que um dado atleta faz na liga. Isso não acontece na MLB, quando perder uma semana em face aos 162 jogos da temporada regular não parece nenhum fim de mundo. No “novo normal” de 2020, após uma dada troca um jogador terá que passar pelos protocolos de COVID-19 e da contratação/troca até entrar em campo podemos ter até 10 dias de espaço. É muita coisa para times compradores que queiram dar um gás em seus plantéis. Até por conta disso acredito que Ngakoue e Dunlap tenham sido trocados tão cedo em relação ao prazo das trocas neste ano.
3- Incerteza gera conservadorismo: Em meio a tantas incertezas que os times enfrentam na temporada 2020, um princípio do mercado financeiro e em especial dos ativos de risco acaba sendo aplicado aqui: é melhor não fazer nada e “time que está ganhando não se mexe” em vez de fazer um movimento mais agressivo. No ano passado vimos o Los Angeles Rams trocar por Jalen Ramsey e o Baltimore Ravens trocar por Marcus Peters. Acho difícil que um jogador de primeira prateleira seja trocado neste ano por coisas grandes como escolhas de primeira rodada. Mas sabem como é: prever coisas na NFL é virtualmente impossível.
Torçamos para que o mercado esteja movimentado neste início de semana. Caso isso não aconteça, já sabem o por quê.
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