Curti: 32 escolhas, 32 notas para a 1ª rodada

Considerando valor, necessidade e todo o mais, demos três conceitos – questionável, bom e ótimo – para as 32 escolhas da primeira rodada do Draft 2021. Veja como seu time foi!

Com os três dias de Draft terminados, podemos dar notas para a primeira rodada. Por que só agora e não já no sábado ou na sexta? Bom, a gente tem que pensar no Draft como um processo que tem o todo interligado. Dar uma nota ruim para o Cleveland Browns na primeira rodada porque pegou um cornerback e não um linebacker não faria muito sentido, por exemplo, dado que Jeremiah Owusu-Koramoah foi a escolha de segunda – uma barganha imensa. A escolha de Kadarius Toney pelos Giants ficou melhor com o EDGE Azeez Ojulari sendo escolhido na segunda rodada também, uma vez que EDGE era muito mais necessidade do que recebedor em Nova York.

Outras escolhas, como Travis Etienne pelos Jaguars na primeira rodada e as apostas atléticas de Green Bay e New Orleans acabam não sendo compensadas por escolhas posteriores. Seguem sendo escolhas questionáveis. Então, vamos às notas. Em vez de dar 0 a 10, vamos colocar conceitos aqui. As notas não são para o jogador, mas para o todo. Ou seja: valor da escolha, necessidade do time na posição (que pode ser anulado caso o valor do jogador seja muito acima de onde ele seja escolhido), piso e teto do prospecto.

Para não complicar, os conceitos serão: 

Questionável: Escolha de um atleta muito antes do que deveria ser escolhido ou o time negligenciando uma necessidade muito maior em outro setor sendo que havia bons nomes para tanto. Ex: Alex Leatherwood, Raiders; Mitchell Trubisky, Bears (2017); Jordan Love, Packers (2020); Daniel Jones, Giants (2018).

Bom: Valor apropriado mas poderia/havia opções melhores para a equipe, seja em valor nominal de posição/necessidade ou outro prospecto com valor nominal da mesma classe. Ex: Najee Harris, Steelers; Kolton Miller, Raiders (2018), Rashan Gary, Packers (2019).

Ótimo: Valor adequado para onde o jogador foi escolhido de acordo com seu piso/teto e a necessidade do time na posição/valor da escolha. Ex: Trevor Lawrence, Jaguars; Justin Fields, Bears; Chase Young, Washington (2020), Derwin James, Chargers (2018).

Resumimos nessas três simplesmente porque o Draft é uma ciência inexata. Além de draftar os jogadores, o time tem que desenvolver esses atletas – escolhas arriscadas ficam ainda mais ainda mais complicadas se falamos de um jogador que é atlético mas tem pouca técnica, como Marcus Davenport há alguns anos pelos Saints.

1- Jacksonville Jaguars: Trevor Lawrence, QB, Clemson: Ótimo: Não temos muito o que dizer aqui, porque vocês já estão carecas de saber que essa escolha era manjada. Lawrence era o quarterback mais pronto deste Draft e pode entregar um bom futebol americano já na primeira semana – risco de dar errado existe, mas é baixo.

2- New York Jets: Zach Wilson, QB, BYU: Ótimo: Uma das gratas surpresas da temporada 2020 do College, Wilson precisa ser lapidado em alguns aspectos de seu jogo, como o processamento depois do snap. Mas em movimento é fantástico e o sistema ofensivo dos Jets vai pedir isso. Braço forte e capacidade de estender jogadas está ali. Uma coisa é certa: Wilson pode entregar mais no futuro do que Darnold entrega hoje. Então fez todo sentido.

3- San Francisco 49ers (via Miami): Trey Lance, QB, North Dakota State: Ótimo: Quando você sobe no Draft, o faz por um jogador com teto alto de produção. Lance tem tudo para ser bem lapidado por Kyle Shanahan, que já tem bom histórico com Robert Griffen III em Washington – não tinha como saber que a lesão viria, mas ele tomou 2012 de assalto, lembremos. Garoppolo de fato ainda pode ser o titular nesta temporada enquanto o produto de North Dakota State é lapidado. Mas em 2022, a tendência é que o diamante já esteja pronto para entrar no campo.

4- Atlanta Falcons: Kyle Pitts, TE, Florida: Ótimo. Ué, não teria sido melhor uma troca aqui? Então, mas tal como ano passado, a tendência é que nenhum time tenha dado um pacote que tirasse Atlanta daqui e com um saldo positivo a ponto de ignorar Kyle Pitts. O ataque de Atlanta já tem boas peças, mas na posição de tight end nenhuma nesse ponto. Pitts é um unicórnio e chega pronto para ter impacto na NFL. Combinação de altura, velocidade e arma na red zone, pode deixar esse ataque de Arthur Smith mais fatal do que era em Tennessee no ano passado.

5- Cincinnati Bengals: Ja’Marr Chase, WR, LSU: Bom. Há mais escassez de bons valores de linha ofensiva do que de wide receivers – pegue a lista de All Pro, é muito raro ver prospectos de terceira rodada em diante nela. Já em recebedores, isso não acontece. Chase não é um jogador ruim, muito pelo contrário, era o melhor recebedor desta classe. Mas Penei Sewell não é um cara que aparece todo ano no Draft.

6- Miami Dolphins (via Philadelphia): Jaylen Waddle, WR, Alabama: Bom. Os Dolphins acabaram numa situação em que não gostariam de estar, com os dois principais prospectos-recebedores saindo antes da sexta escolha. Até chegou a sair um rumor de que Miami preferia Waddle em relação a Pitts – o que vejo como subvaloração do tight end. Mas seja como for, Waddle não é um jogador ruim. Pode no máximo ser um cara que saiu um pouco antes do seu valor real. O que não muda o fato de que os Dolphins além de terem dado uma boa arma a Tua, deram uma com quem ele já trabalhou no College Football.

7- Detroit Lions: Penei Sewell, OT, Oregon: Ótimo. Detroit fez um Draft muito sólido em valor e está se reconstruindo pelas trincheiras. Sewell era um dos cinco melhores jogadores do Draft e caiu para a sétima escolha, onde Detroit aproveita. Jared Goff é um quarterback que se complica quando pressionado, então ao ter três escolhas de primeira rodada na linha, a coisa fica mais tranquila.

8- Carolina Panthers: Jaycee Horn, CB, South Carolina: Bom. A meu ver, mesmo princípio acima: Sam Darnold se complica se estiver mal protegido e um oposto a Taylor Moton, considerando que havia vários bons jogadores disponíveis na posição de offensive tackle. De toda forma, não é uma escolha ruim, porque Horn é bom talento e a secundária de Carolina precisava de ajuda: cedeu quase 70% de passes completos no outside em 2020. Mas com Justin Fields dando sopa e Rashawn Slater/Christian Darrisaw, a escolha perde valor.

9- Denver Broncos: Patrick Surtain II, CB, Alabama: Questionável. Ainda não entendi o que Denver fez. Há muitos modos que questionar essa escolha. Os Broncos investiram em cornerback na free agency com os bons Ronald Darby e Kyle Fuller, sendo que este é pra lá de bom e já jogou com Vic Fangio. Linebacker poderia ser uma necessidade maior e Micah Parsons ainda estava disponível. Mas o principal foi: quarterback. Os Broncos estão a um quarterback de fazer mais barulho na AFC e esse cara podia ser escolhido aqui. A menos que aconteça uma reviravolta (que não podemos depender nem cravar) sobre Aaron Rodgers, os Broncos vão de Drew Lock/Teddy Bridgewater para 2021.

10- Philadelphia Eagles (via Dallas): DeVonta Smith, WR, Alabama: Bom. DeVonta é um jogador de muito impacto no College Football, mas novamente: Justin Fields é mais quarterback que Jalen Hurts já hoje, em maio de 2021. Ainda, Smith tem um protótipo parecido com Jalen Reagor, que fora escolha de primeira rodada dos Eagles no ano passado. Falta um WR1 na Philadelphia e ele ainda não veio. Por fim, essa pick também não é ótima porque Micah Parsons estava dando sopa. Por outro lado, a troca faz sentido pelo fato de que os Giants eram um dos times nos quais Smith era especulado, então Philadelphia passa por cima de Nova York – e indiretamente ajudam os Bears, que…

11- Chicago Bears (via NY Giants): Justin Fields, QB, Ohio State: Ótimo. …. Conseguiram Draftar seu potencial Franchise Quarterback em Justin Fields. Com DeVonta fora do board, Nova York viu ainda mais motivos para fazer algo que Dave Gettleman não tem o costume: descer no Draft. Chicago aproveitou a queda de Fields e foi pra cima por um valor até que razoável – na prática, uma escolha de primeira rodada do ano que vem. Vencedor, com braço forte e móvel – três coisas que todos devem concordar sobre ele. Para muitos, alguns passes não são antecipados como deveriam, com Fields fixado no alvo, mas no sistema de Ryan Day isso não era pecado mortal, a progressão estava sendo feita. De toda forma, é um playmaker que, se bem lapidado, pode dar muitos frutos.

12- Dallas Cowboys (via SF/PHI/MIA): Micah Parsons, LB, Penn State: Ótimo. Necessidade abaixo do radar para os Cowboys, dado que o time pode se dar ao luxo de não ativar a opção de quinto ano de Leighton Vander-Esch, que se machuca bastante. Ademais, a defesa dos Cowboys sofreu bastante contra o jogo terrestre na temporada passada, sendo uma catraca quebrada contra a corrida depois do primeiro contato. Parsons é um senhor remédio para isso, sendo um protótipo do linebacker que a NFL espera em 2021: atlético e com bônus sendo bom contra o passe.

13- Los Angeles Chargers: Rashawn Slater, OT, Northwestern: Ótimo. Os Chargers já acharam seu franchise quarterback e agora precisavam protegê-lo para o futuro. Havia outras necessidades em tese mas o mesmo pode ser dito quanto a offensive tackle – Bryan Bulaga é free agent em 2023 e Trey Pipkins foi o 62º da NFL em vitórias de bloqueios de passe. Slater é muito técnico e em anos anteriores seria o melhor jogador da posição na classe. Belíssima escolha dos Chargers.

14- New York Jets (via Minnesota): Alijah Vera-Tucker, OG/OT, USC: Ótimo. Pouco foi falado, mas miolo de linha ofensiva também era uma necessidade no New York Jets para além de cornerback ou quarterback. Falando nele, você já escolheu um, então que tal protegê-lo? Vera-Tucker era um dos nomes mais interessantes deste Draft, sendo capaz também no jogo terrestre e versátil para jogar de offensive tackle (embora o tamanho não seja dos melhores para tanto). Escolha muito segura dos Jets.

15- New England Patriots: Mac Jones, QB, Alabama: Ótimo. O melhor de tudo para o torcedor patriota é que o New England Patriots ficou ali, paradinho, esperando. Jones é um quarterback inteligente e com mecânica bem limpa, tendo um piso alto de produção. No sistema patriota de jardas após a recepção, a inteligência e precisão de Jones em passes curtos e de média distância são ótima pedida. Mac não era o melhor quarterback entre os prospectos, mas isso não quer dizer que fosse ruim ou que não fosse um prospecto de primeira rodada.

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