Se já era meio que oficial antes, agora ficou mais ainda: Tom Brady postou um vídeo de despedida e mudou suas fotos nas redes sociais. Elas não contam mais com o quarterback usando o uniforme do New England Patriots. Pela primeira vez em 20 temporadas, os Patriots terão um novo quarterback titular. Se contarmos de 1993 até hoje e descontarmos a suspensão e lesão (2008) de Brady, apenas dois quarterbacks foram ao campo como titular desde 1993: Drew Bledsoe e Tom Brady.
Ou seja, o torcedor do New England Patriots, tal qual o do Indianapolis Colts após a dupla Peyton Manning-Andrew Luck, virá à realidade: é difícil emendar um franchise quarterback na frente do outro. Então, vamos ao que interessa: há um plano?
Provavelmente. Pelo o que conheço da personalidade e de tudo o que acompanhei – e li, sobretudo sua biografia escrita por Ian O’Connor – sobre Belichick em todos esses anos, é que certamente há um plano. Falta saber/descobrir qual seria. Então, sentei na cadeira e pensei em algumas possibilidades.
Tá, mas há um plano?
Primeiro de tudo, a não movimentação dos Patriots na Free Agency – algo que certamente Tom Brady gostaria que tivesse acontecido – indica fortemente que o time já tinha batido o martelo a não “cumprir” essa potencial exigência de Brady. Assim sendo, o time precisa fazer uma limpeza na folha de pagamento para absorver o contrato de um potencial veterano. Por si, o corte de Mohamed Sanu implica em 6.5 milhões a mais no teto salarial do time. Isso já é um alívio. Adicionalmente, o contrato de Dont’a Hightower pode ser reestruturado para “rolar” o dinheiro garantido para as próximas temporadas. É algo que pode ser feito com tranquilidade, vide que os Patriots têm mais de 100 M disponíveis no teto de 2021.
Outros cortes poderiam vir. James White e Rex Burkhead, por exemplo, poderiam sair para dar espaço ao segundanista Damien Harris. Se Hightower for cortado ou trocado, o time poderia substituí-lo com Ja’Whaun Bentley. O problema, aqui, seria que os Patriots já perderam muitas peças no setor. Elandon Roberts, Kyle Van Noy e Jamie Collins saíram. Então outra baixa seria bastante sentida.
O que me leva crer que há um plano é o fato de haver apenas dois quarterbacks no elenco. Esse é o normal para a temporada regular, não para a pré-temporada/training camp. Como há mais recebedores no elenco, há a necessidade de mais braços no camp – é historicamente incomum que um time tenha apenas dois nomes para o elenco de quarterbacks na pré-temporada. Hoje, esses nomes são Jarrett Stidham, escolha de quarta rodada no Draft 2019, e Brian Hoyer, ex-reserva de Tom Brady que volta ao elenco nesta temporada.
Em outras palavras, alguém vem. Mas quem?
1- Andy Dalton, QB, futuro ex-Bengals:
Dalton está longe de ser uma escolha de médio prazo, mas pode ser um tapa buraco interessante em New England para 2020 e 2021. Ele teve a prior temporada em TDs na carreira em 2019, mas é funcional. Os Patriots competiram em 2008 com Matt Cassel, então é de se vislumbrar que conseguiriam o mesmo com Dalton. Ainda, há o expediente que Belichick já exerceu no Cleveland Browns em 1993, quando trouxe o veterano Vinny Testaverde.
Por que pode rolar: Dalton é uma aposta de pouco risco dado que não custará caro. Ainda, fora o ano passado, desde 2015 ele não tinha um ano com mais de 12 interceptações e turnovers com um ataque menos explosivo são um mega risco.
Por que não pode rolar: Os Patriots teriam que trocar com os Bengals e gastar capital de Draft – não é um luxo que podem se dar neste momento. Seria uma hipótese mais plausível se os Bengals cortarem Dalton – aí daria para pensar.
2- Cam Newton, QB, ex-Panthers
A verdade é que por mais que Cam Newton poste vídeos na academia e no campo, esses vídeos não revelam em que estado estão suas lesões – notoriamente, se pensarmos nos últimos anos, ombro e tornozelo. Ainda, não dá para saber como ele resistiria ao impacto de tackles e sacks. Ou se ele conseguiria ter seu jogo de sempre, correndo com a bola e fazendo saltos ornamentais na end zone.
Por que pode rolar: Há anos sabemos que Bill Belichick admira o estilo de jogo de Newton e já há algum tempo percebemos nas entrelinhas que o técnico gostaria de ter um quarterback móvel à sua disposição.
Por que não pode rolar: Digamos que a personalidade de Belichick não bate muito com a de Cam. Ainda, os Patriots teriam que fazer movimentações na folha de pagamento – vide acima – e ninguém tem a menor ideia se Newton é ainda isso que Belichick gosta. Ou seja, um quarterback móvel.
3- Trazer um quarterback veterano/escolha BEM baixa de Draft
Pode ser que Bill Belichick, sendo que tem 6 anéis de credibilidade, meta o louco e exporte o modelo Golden State Warriors 2019-2020. Ou seja, uma pausa na dinastia para recarregar as baterias. Neste caso, os Patriots investiriam baixo, colocariam Hoyer/Stidham/Quarterback Aleatório para competir no training camp e que seja o que Deus quiser nesta temporada.
Por que pode rolar: Principalmente, porque o upside é alto. Se os Patriots tiverem uma escolha alta no Draft 2021, podem sonhar com o QB Trevor Lawrence, de Clemson, principal nome da classe. Mas, também, por conta do cap. Os Patriots têm 900 mil dólares disponíveis na folha de 2020 e 110 MILHÕES na folha de 2021. Os contratos “peso morto” para 2020, como o de Brady e Stephen Gostkowski, machucam qualquer movimentação.
Por que não pode rolar: Porque seria várzea demais ter Jarrett Stidham e Brian Hoyer como opções num time que está indo aos playoffs em todas as temporadas desde 2009.
4- Usar a escolha de primeira rodada num quarterback (Jordan Love, se disponível) ou subir para tanto
O New England Patriots conta com a escolha #23 do Draft e, por incrível que pareça, pode sair sem um dos quatro quarterbacks mais cotados deste próximo recrutamento. Joe Burrow deve sair na #1 para Cincinnati, Tua Tagovailoa dificilmente passa do top 5, Justin Herbert dificilmente passa do top 10 e o nome seguinte da classe, Jordan Love, não deve passar do top 15 ou no máximo do top 20.
Assim, os Patriots teriam que subir no Draft para conseguir um desses quatro ou, ainda “pior”, terem que subir no Draft para tanto e gastar escolhas posteriores.
Por que pode rolar: Acho difícil que New England suba por Tagovailoa, porque o preço está muito caro e os Patriots têm pouca munição. Mas subir por Jordan Love seria plausível. Love é um prospecto com intangíveis interessantes – força no braço, mobilidade. Mas precisa de evolução na tomada de decisões e leitura defensiva.
Por que não pode rolar: Os Patriots têm pouca munição para fazer essa manobra, dado que não contam com a escolha de segunda rodada – enviada na troca por Mohamed Sanu no ano passado. Ainda, New England pode pensar em endereçar a posição no ano que vem e encarar 2020 como “ano perdido”.
5- Usar uma escolha intermediária do Draft num quarterback
Uma das propostas que menos boto fé, dado que quarterback em rodada intermediária por quarterback em rodada intermediária os Patriots já fizeram isso com Jarrett Stidham no ano passado. Aqui, o custo seria menor – mas o retorno em curto e médio prazo, idem. Daí o porque acho difícil. Se for para ter um projeto, melhor investir no cara que já está lá e que não terá custo de Draft para 2020, Stidham.
Por que pode rolar: Já que 2020 é ano perdido mesmo, não custa dar um tiro num cara como Jake Fromm (Georgia) – que, embora tenha o braço fraco, conta com precisão em passes curtos (que na prática é o Tom Brady de 2019 sem os seis anéis pra contar a história e toda a experiência). Seria um encaixe plausível. Os Patriots ainda podem rezar para que Jalen Hurts (Oklahoma) esteja disponível na terceira rodada (acho quase impossível) ou subirem por ele. Ainda, no meio do Draft, daria para o time pensar em James Morgan, de Florida International. É um prospecto bem cru, com o braço forte e com maior parte da produção em passes que não eram antecipações fora aqueles nas janelas de marcação em zona. Anthony Gordon, de Washington State, também poderia ser uma possibilidade – ele tinha visita agendada em New England, a qual foi cancelada pelo COVID-19.
Por que não pode rolar: Pelo o que eu escrevi acima, projeto por projeto é melhor ficar com Stidham em seu segundo ano.
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