Poucas vezes a palavra “valor” foi tão bem tratada numa intertemporada como no caso do Philadelphia Eagles. Nesse sentido, o trabalho não vem de hoje: o time conseguiu se antecipar ao “vender” Carson Wentz na alta por uma escolha de primeira rodada. Isso, por si, já foi um movimento fantástico. Os que vieram na sequência fizeram com que a equipe tivesse uma penca de boas escolhas para o futuro e o Draft 2022 fez com que tivesse escolhas para o presente.
Em 2023, o time tem duas escolhas de primeira rodada, a própria e a dos Saints. Isso é capital de Draft o suficiente para duas coisas. O Plano A, otimista, é que Jalen Hurts mostre evolução neste ano e possa ler melhor o jogo depois do snap, sendo um quarterback que vai além da mobilidade e da oscilação. Se isso acontecer, essas duas escolhas podem ser usadas para reforçar um elenco que já é acima da média para além da posição de quarterback. Se isso não acontecer, entramos no gatilho do Plano B, que é a possibilidade de usar esse capital para subir no Draft 2023 e pegar um substituto para Hurts numa classe que é mais talentosa do que esta.
Acima de tudo, a paciência dos Eagles fez com que o time tirasse o máximo de valor em seus movimentos. Howie Roseman pode ter errado lá atrás com Jalen Reagor tendo Justin Jefferson disponível, mas a sequência de decisões foi muito forte.
Hurts não tem desculpas para não render
Os Eagles entraram o Draft com três escolhas na primeira rodada – fruto das trocas com Miami e Indianapolis. Uma delas virou uma primeira rodada de 2023 e uma segunda de 2024 (Saints). A paciência foi bastante válida aqui. E as outras duas?
A escolha 13 foi sauda no iDL Jordan Davis (Georgia), jogador que pode contribuir já no início da carreira quando o assunto é jogo terrestre. Se conseguir ficar mais snaps em campo e desenvolver outros movimentos de pass rush para além do bull rush, Davis tem tudo para ser um senhor substituto para Fletcher Cox no futuro. Ademais, nessa questão terrestre vale lembrar que quando o Dallas Cowboys – confronto direto de Philadelphia pelo título da NFC East – empaca pelo chão, a casa cai como um todo no sistema vertical de McCarthy/Moore.
A outra escolha também foi muito boa em termos de valor. Os Eagles conseguiram se aproveitar do impasse na situação de A.J. Brown com o Tennessee Titans e meteram o oi sumida. Philadelphia precisava de um complemento para DeVonta Smith, dado o absoluto flop de Reagor. Conseguiram um jogador:
- i) De apenas 25 anos
- ii) Provado, tendo 24 touchdowns em três temporadas (e jogando com Ryan Tannehill)
- iii) Que custou apenas uma primeira rodada
- iv) Cujo contrato é adequado para o esperado, embora ainda alto (25M/ano)
- v) Que pode ser uma tremenda arma no play-action, feijão com arroz do ataque dos Eagles na temporada passada.
Não teria como ser melhor, sinceramente. Ou será que teria? Bom, as escolhas de resto de Draft dos Eagles também foram muito fortes. Nakobe Dean (83) estava caindo mesmo sendo meu segundo ILB do board. Escolha de terceira rodada, Dean caiu por conta do tamanho e problema no ombro. Estando saudável – a expectativa é que ele possa estar no início da temporada – o cara é um míssil no meio do campo. A carência de linebacker na Philadelphia era quase mais velha do que a estátua do Rocky no museu da cidade. Ainda, o time pegou Cam Jurgens na segunda rodada. Jogador com boas ferramentas físicas, precisa ser lapidado na parte mental do jogo e sem pressa para isso: Jason Kelce ainda é o titular. Mais valor, impossível.
Ainda não dá para cravar que os Eagles vão vencer a NFC East tão somente com esse Draft. Mas fica claro que estão mais perto desse objetivo. O fiel da balança, de toda forma, ainda é Jalen Hurts. Mas ele não tem desculpa para não render nesta temporada. Se não render, em 2023 o Philadelphia Eagles deve ter um novo quarterback, que deve herdar um senhor elenco para trabalhar no início de sua carreira.
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