Curti: Kyle Pitts é um “tight end unicórnio” que você precisa conhecer antes do Draft

Com alcance e envergadura absurdas, sendo uma arma versátil para alinhar no campo inteiro e uma máquina na red zone, Kyle Pitts deve sair nas 10 primeiras escolhas do Draft 2021 e deve ter impacto na NFL já no primeiro ano

É o tight end com melhor nota que já analisei“. Você pode não concordar com Mel Kiper Jr. em muitas coisas e como o Draft é uma ciência não-exata, como tantos de nós que se aventuram a trabalhar com isso ele tem erros em seu currículo. Mas o principal analista de Draft da ESPN americana tem algo em seu favor: anos e anos vendo esses caras no college e tentando analisar a tradução de seus talentos para a NFL.

Kiper não está sozinho: a maior parte dos analistas que cobre o Draft de janeiro a dezembro consideram Pitts o melhor tight end da classe e um dos melhores que já viram em tape. Considerando o contexto, Pitts mostra-se um unicórnio.

Contexto: as paupérrimas últimas classes do Draft da NFL

Vem sendo cada vez mais difícil que tight ends cheguem minimamente prontos na NFL. O motivo? As spread offenses. A ascensão do WR3 fez com que ele estivesse cada vez mais em campo no college. Por uma questão estatística, é mais fácil encontrar esse biotipo do que caras com mais de 1,90m de altura que conseguem se mover, bloquear e receber – ou seja, tight ends. Como efeito, classes pobres em talento na posição. Muito do que vemos dar certo é também em função de boa lapidação ao chegar no jogo profissional. George Kittle, exímio bloqueador no college, foi escolha de quinta rodada e foi pra lá de bem lapidado por Kyle Shanahan e pela comissão técnica do San Francisco 49ers.

Acabamos enfrentando muitas vezes uma dicotomia. Às vezes o cara só entra em campo como tight end em nome, sendo mais um slot receiver mais… Parrudo. Foi o caso de Evan Engram em Ole Miss no College Football. Como bloqueador, uma negação. Por outro lado, às vezes ele entra em campo como arma alta mas sem refino como recebedor. O primeiro tight end escolhido ano passado no Draft, Cole Kmet, é um exemplo. Na NFL, teve menos de 300 jardas recebidas jogando por Chicago no ano passado.

Ter um tight end com capacidades mínimas como bloqueador e também sendo bom recebedor? É cada vez mais raro pela ascensão suprema da spread offense no college. Raramente aparece um Noah Fant, por exemplo. E Pitts é melhor do que ele.

Pitts provou tudo o que tinha que provar em 2020

Que fique claro, não trata-se de um prospecto perfeito e sem erros que nem Ted Mosby sonharia para a mãe de seus filhos em How i Met Your Mother. Afinal de contas, é da realidade que estamos falando. Kyle não chega a ser um bloqueador de elite contra o jogo terrestre por exemplo, mas é esforçado e usa seu tamanho sem “nojinho” de bloquear quando assim é designado. Ele também precisa ganhar coisa de 5 kg de massa magra para esses bloqueios na NFL. Convenhamos, nada impossível.

No todo, é muito lapidado no jogo aéreo e um alvo gigantesco na red zone – e a bem da verdade, no campo todo. Pitts foi usado em várias posições, de split-end ao slot e como tight end. O cara é um unicórnio para a posição. “Tem a velocidade de um jogador de 1,78 m num corpanzil de 1,98 m. Sua envergadura é maior medida para um prospecto da posição desde 2000 e ele sabe tirar proveito disso, assegurando recepções fora do corpo e em bolas no alto. Corre ótimas rotas e com sua mudança de direção, garante janelas grandes aos seus quarterbacks por estar completamente livre. Usa bem o corpo para proteger a linha de passe e  é muito produtivo ganhando jardas após a recepção”, escreveu nosso DJ residente de Draft, Deivis Chiodini, na análise de Pitts

No ano passado, ele provou o que precisava. E o que queria. Pitts começou sua carreira no colegial como quarterback e linebacker, mas se via como um tight end e seus técnicos não lhe colocavam para jogar na posição. Assim, ele se transferiu para outra escola para começar seu sonho. O último capítulo na carreira antes de virar profissional foi no ano passado. Sua última partida no college foi a final da SEC, contra Alabama. Embora o time tenha saído derrotado, Pitts deixou sua marca em sete recepções para 129 jardas e um touchdown. Sem mais nada a mostrar para melhorar a cotação do Draft, tal como tantos outros prospectos, deixou de jogar o Bowl Game da temporada 2020. “Depois de muitas preces e considerações, deixarei de voltar para meu último ano de elegibilidade e não jogarei o Bowl”, escreveu no Twitter. “Estou ansioso para perseguir meu sonho de jogar na NFL”, completou.

Dan Muller, técnico que teve a benção divina de ter um tight end tão acima da média à disposição, não se mostrou surpreso com a decisão, dada a cotação de Pitts para o Draft. “Esse é um cara que tem a oportunidade de ser uma escolha top 10 no Draft, um atleta fenomenal, o tight end premium no país inteiro”. Com 1,98m de altura, uma envergadura absurda e habilidade como recebedor, Pitts pode tomar a NFL de assalto já no primeiro ano. Para onde pode ir? Difícil dizer. Mas também é difícil falar que ele passa da 10ª escolha geral. Miami e Atlanta são candidatos dentro do top 10, mas Dallas tem a décima escolha geral. Conhecendo Jerry Jones e a carência do time na posição no pós-Jason Witten, ninguém ficaria chocado com Kyle Pitts vestindo o uniforme dos Cowboys em 2021.

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