Curti: QUAL O (POSITIVO) HISTÓRICO DA FRANCHISE TAG PARA QBs?

Outros quarterbacks já receberam a franchise tag e deu tudo certo nas negociações – com isso, a tendência é boa para Dallas

Em meu livro, “Manual do Futebol Americano”, lembro a criação da franchise tag no no capítulo referente à história do esporte. Parece uma nota de rodapé, mas é de vital importância. Até o início da década de 1990, uma estrela não tinha como escolher onde iria jogar. Era draftada e, a menos que o time não lhe quisesse mais ou lhe trocasse, ali jogaria até se aposentar.

Em meio a ameaças de greves e etc, os donos de franquias não puderam fazer outra coisa senão ceder. Mas com um ponto: há certos jogadores que são “a franquia”.

Sem eles, o time desmonta. É pensando nisso que um contraponto foi elaborado para
a “libertação” dos free agents restritos: a bendita franchise tag.

Como explico neste texto, a franchise tag nada mais é do que um “cartão de crédito”. Você segura o jogador para ele não chegar ao mercado mas, em contrapartida, o salário dele fica na casa dos cinco melhores jogadores da posição.

Não gosto da tag e já disse inúmeras vezes isso,  escrevi coluna sobre, aliás. Mas, em meio ao mês de fevereiro, ela é sempre notícia. Então, pensei: já que os Cowboys devem usar o recurso para “segurar” Dak Prescott (ou para ao menos ganhar tempo), fui ao histórico de outras franchise tags para quarterbacks. O caso mais atual é sabido por você, leitor. Kirk.

O Caso-Cousins

Desde a criação nos anos 1990 até hoje, em dez oportunidades houve um quarterback recebendo a franchise tag. Alguns, inclusive, receberam a tag duas vezes – é o caso de Drew Brees e Kirk Cousins. A questão de Cousins é mais emblemática, dado que queimou totalmente a ponte entre o quarterback e seu então time, o Washington Redskins.

Assim, são oito jogadores recebendo a tag. Desses, justamente os dois que receberam a tag mais de uma vez foram os atletas que não seguiram em seus times originais. Drew Brees jogou “tagado” em 2005 com os Chargers e o time escalou Philip Rivers como titular em 2006 – enquanto o camisa 9 foi para New Orleans.

Cousins, por sua vez, foi “tagado” em 2016 e 2017 pelos Redskins. A situação ficou fora de controle porque, perdoem-me nas analogias amorosas, soou como um cara que não quer se comprometer mas quer continuar com os bônus da relação. Kirk enraiveceu-se e na primeira oportunidade assinou um contrato de longo termo com o Minnesota Vikings (três anos, 100% garantido).

E os outros?

Brees recebeu a tag novamente em 2012, pelos Saints. na mesma intertemporada, em julho, assinou contrato de longa duração. Peyton Manning o foi em 2011 e recebeu contrato também em julho. A parte interessante da história é que ele não cumpriu esse contrato com o Indianapolis Colts – mas por opção do time, que preferiu Andrew Luck a arriscar com Manning após este voltar de quatro cirurgias no pescoço.

Michael Vick recebeu a tag em fevereiro de 2011 pelos Eagles e assinou contrato de longa duração em agosto do mesmo ano. Matt Cassel foi um caso interessante: após fazer uma temporada digna como substituto de um Tom Brady machucado, ele recebeu a tag em 2009 para ser trocado e os Patriots não saírem de mão abanando.

Voltando mais ao passado, temos Jim Harbaugh. Irmão do técnico dos Ravens e atualmente em Michigan, o ex-head coach dos 49ers teve até que notável passagem pela NFL como quarterback. Seu ponto alto foi na temporada de 1995, quando conduziu os Colts à final da AFC. No ano seguinte, recebeu a tag e meses depois o contrato longo (que não deu em nada, dado que em 1998 os Colts selecionaram Peyton na primeira escolha geral do Draft).

Por fim, o primeiro uso da tag em um quarterback e o “motivo” dela existir na época. Steve Young. Ele recebeu a tag na primeira oportunidade na qual se poderia usá-la – 1993. Na mesma intertemporada, assinou contrato de cinco anos com o San Francisco 49ers. A tag foi importante porque:

i) Impediu que Young chegasse ao mercado como free agent
ii) Deu tempo para que os 49ers resolvessem a vida com Young/Joe Montana
iii) Ajudou o time a ter um “seguro” enquanto isso e, de maneira última, trocassem Montana sem perder Steve Young.

Os Patriots poderiam ter feito isso com Jimmy Garoppolo/Tom Brady mas optaram por trocar o camisa 10 para San Francisco – eventualmente ele assinou contrato de longa duração na costa oeste.

***

A tendência, portanto, é que “fique tudo bem” entre Dak Prescott e o Dallas Cowboys. A franchise tag não será usada para “prender” o quarterback como aconteceu no péssimo exemplo de Cousins/Redskins. A ideia, aqui, apenas será de “proteger” os Cowboys – Dak não chega ao mercado e ofertas mil de outros times.

Para saber mais:
15 CANDIDATOS A RECEBER A FRANCHISE TAG EM 2020 🏈
Curti: DAK PRESCOTT E COWBOYS CAMINHAM PARA A FRANCHISE TAG
🏈 PRO! | Os 10 melhores usos da Franchise Tag na história da NFL

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