Torcedor dos Patriots que sonhou com uma reformulação no corpo de recebedores de seu time acabou entrando num pesadelo que só parece que terá fim na próxima temporada, quando New England terá um dos três maiores espaços em folha salarial para fazer contratações.
A contestada equipe de wide receivers segue praticamente intacta para próxima temporada. Nenhum deles, aparte da boa temporada que Mac Jones fez, teve 1000 jardas. Ainda, o líder de touchdowns recebidos do time, com nove, foi um tight end – Hunter Henry. O outro tight end caro do elenco, Jonnu Smith, flopou de maneira descomunal e não bateu nem 300 jardas recebidas no ano.
Com todo esse contexto, as expectativas para Mac Jones não poderiam ser tão boas. Acrescenta-se o ingrediente patrício com o ataque sendo chamado pelo ex-coordenador defensivo e agora co-coordenador ofensivo que chama-se Matt Patricia. Parece um multiverso. Mas é o New England Patriots.
Apoie-se no que dá
O corpo de recebedores dos Patriots de 2022, se considerarmos os tight ends, não o pior que a franquia já teve – o de 2006 era pior, por exemplo. Mas vamos voltar nesse tópico. A grande questão é que a força nominal é baixa. A explosão, idem.
Por coincidência, os dois melhores nomes nesse conjunto são os únicos com jardas no ar/alvo acima de 9 por passe: Hunter Henry, já mencionado, e Jakobi Meyers, nome pouco conhecido para o além da torcida dos Patriots mas que foi um sólido jogador. Pera, menti: falta um outro nome. Nelson Agholor. Bem usado nos Raiders com Derek Carr em profundidade, foi uma das contratações flopadas no ano passado. Não bateu 500 jardas e tampouco esticou o campo como se pede, foram apenas cinco recepções para mais de 20 jardas no ar – ele teve 11 com os Raiders em 2021. Praticamente há uma única novidade que é DeVante Parker, que dispensa comentários depois de seu declínio em Miami.
Nesse contexto todo, é sabido que Mac Jones não é o braço mais forte do mundo, claro. Mas esse elemento de verticalidade é necessário para se ter sucesso na NFL de hoje. Em passes para até 15 jardas no ar, Jones teve 70,9 de rating, com 17 TDs e 7 INTs – terceiro melhor rating da liga em passes até essa distância. Em passes para mais de 15 jardas, o número cai para 57,3 e Jones cai para 26º da liga em rating. É uma queda de 23 posições. Bastante. Ainda, são mais interceptações do que touchdowns, 5 TDs, 6 INTs.
Evolução lenta, gradual e segura
Não dá para esperar que tomar whey e BCAA farão de Mac Jones um quarterback potente. Mais coisas do que o shape influenciam nisso. Jimmy Garoppolo tem 40 cm de bíceps e em um jogo de pré-temporada a impressão é que Trey Lance já teve mais passes verticais do que ele.
A questão da biomecânica do lançamento vai além, com o torque gerado pelo quadril, a base (trabalho de pés) e todo o mais. Nisso, Belichick chegou a elogiar Jones na pré-temporada. E é bom que os elogios sejam verdadeiros e que de fato o braço esteja mais calibrado para mais de 15 jardas, porque sem isso vai ficar difícil. Até porque, como dito, o elenco de apoio não é dos melhores. O grande ponto é o próprio Mac Jones.
Quando os entornos não são dos melhores, com confusão numa comissão técnica heterodoxa, corpo de recebedores abaixo da média e todo o mais, é o momento que o grande quarterback aparece. Em 2006, foi talvez o primeiro grande momento em que se falou: Brady é mais do que um game manager, olha como ele tirou leite de pedra desses caras. Em 2022, o torcedor dos Patriots espera que seja o mesmo caso. Honestamente, talvez seja cedo demais para isso. Mac Jones está apenas em seu segundo ano e uma queda de produção é tão normal que tem até termo para isso, ressaca de segundanista[foot]Sophomore Slump em inglês[/foot]. Se acontecer, sem crise. Os Patriots acertaram no Draft ao escolhe-lo. Só precisarão potencializar suas virtudes no futuro.
Para saber mais:
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