Dak Prescott: um Kaepernick “melhorado” e que pode acabar nos Broncos via Draft

Gary Kubiak parece determinado a ter um quarterback atlético e veloz em seu time.  Dois dias depois de Colin Kaepernick se recusar a reduzir seu salário para possiblitar a troca entre Broncos e 49ers, o time de Denver recebeu o prospecto Dak Prescott para uma visita pré-Draft. Como foi cogitado na última semana, até mesmo Johnny Manziel parece ter entrado “na roda” – embora, convenhamos, assinar com ele seria uma das coisas “menos John Elway” do mundo. Falemos de Prescott então.

Rayne Dakota “Dak” Prescott foi titular por três anos na spread offense de Mississippi State, quebrando 38 recordes da universidade nesse período. Letal no jogo aéreo, assim como correndo com a bola, Dak completou 62,8% de seus passes, obtendo 9376 jardas e 70 touchdowwns, enquanto correu para mais 2521 jardas e 41 touchdowns. Ele também teve quatro recepções, que renderam 88 jardas e três touchdowns, além de ter sido eleito o MVP do Senior Bowl – uma espécie de jogo das estrelas, disputado pelos melhores atletas em seu último ano de universidade. Em suma, uma ameaça dupla.

Prescott domina a linha de scrimmage, diagnosticando defesas, ajustando as jogadas e fazendo as leituras necessárias antes do snap. Ele segue suas progressões e é capaz de soltar a bola com rapidez e força, com uma mecânica de side arm que ainda pode melhorar. Sua precisão é inconsistente, devido a essas falhas na mecânica de passe, e ele apresenta uma tendência a errar no ponto de colocação da bola, muitas vezes mandando passes abaixo da cintura ou acima da cabeça de seus recebedores. Se porta muito bem no pocket, inclusive em momentos de pressão, e sabe usar seus olhos para deslocar os safeties adversários.

Quando corre com a bola, Prescott se comporta como um legítimo running back, evitando ou quebrando tackles e terminando suas corridas com agressividade. Muitas dessas características também são compartilhadas por Colin Kaepernick, que em sua carreira universitária alcançou números tão impressionantes quanto os de Dak Prescott.

O que difere os dois jogadores, entretanto, é a capacidade de Prescott em funcionar como um pocket passer, executando conceitos mais complexos e estendendo, com sucesso, suas leituras além do primeiro alvo. Dak se mantêm paciente no pocket (às vezes até demais) e permite que as rotas de seus recebedores se desenvolvam. Tem uma ótima percepção do jogo, reconhecendo rapidamente oportunidades e corrigindo seus erros durante uma partida.

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Enquanto isso, Kaepernick muitas vezes se afoba e parte para a corrida se sua primeira leitura em uma jogada não é favorável. Na maioria dessas jogadas, ele consegue ganhar pelo menos algumas jardas correndo. Isso fez com que  esse hábito se entranhasse em seu estilo de jogo de tal forma que Kaepernick decide recorrer às suas pernas, ocasionalmente, mesmo quando sua primeira leitura está razoavelmente aberta. Isso não quer dizer que ele não seja capaz de se manter no pocket e completar a progressão de uma jogada, mas que ele nunca demonstrou ser capaz de fazer isso constantemente. E esse tipo de inconsistência não condiz com o status de franchise quarteback. Se um jogador dessa posição pretende ter sucesso punindo as defesas da NFL com suas corridas, ele precisa primeiro se tornar uma ameaça consistente no jogo aéreo. É só perguntar pra Cam Newton e Russell Wilson. E neste quesito, Prescott já está milhas à frente de Kaepernick.

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É irônico que o Denver Broncos esteja demonstrando interesse em um quarterback que tem sido comparado a Tim Tebow por entusiastas do esporte universitário. Mas dado o interesse demonstrado pela diretoria em Colin Kaepernick, a possibilidade de conseguir um quarterback similar, que já pode ser mais adaptado ao estilo de jogo da NFL, mesmo nunca tendo jogado um snap entre os profissionais, é intrigante. Além disso, a recente prisão de Prescott por suspeita de dirigir embriagado deve fazer com que alguns times fiquem receosos de selecioná-lo, abaixando seu “preço” no Draft. E é sempre importante lembrar que, nos círculos universitários, ser comparado a Tebow é um elogio.

Ah, ProFootball, se ele é tão bom assim por que é cotado da 4ª rodada para frente?

É claro que nem tudo está perfeito, caso contrário Prescott teria valor de primeira rodada. Como dissemos, a prisão por dirigir sob influência é algo que assustou os general managers e fez com que Dak caíssem em várias simulações de Draft. Mas não só: Dak é um pouco cru como passador – alguns passes são muito baixo ou muito alto (nada que não possa ser corrigido). Prescott também segura a bola demais no pocket e isso foi um problema mesmo na SEC. Esse conjunto de fatores, bem como sua mecânica (daí as comparações a Kaepernick e Tebow) “assustam” para a NFL.

Apesar de ainda necessitar corrigir muitos aspectos de seu jogo, Prescott tem potencial para se tornar um quarterback de sucesso na NFL se usado adequadamente. Um ataque focado no jogo corrido, com conceitos de read option e passes de play action, similar ao empregado em Carolina, maximizaria seu potencial como corredor e passador. Se Prescott acabar sendo selecionado pelos Broncos, Kubiak teria em suas mãos a chave para um ataque que seria o complemento perfeito para a excelente defesa dos Broncos e colocaria o time de Denver novamente como um dos favoritos ao Super Bowl.

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