Sem grandes mudanças estruturais, à parte a chegada de um novo coordenador defensivo Dan Quinn, o Dallas Cowboys apostou na continuidade para superar a catastrófica temporada passada. A esperança é o retorno dos lesionados e algumas contratações pontuais fazerem o time enfim atingir seu potencial.
DRAFT E FREE AGENCY 2021: Ao todo, a franquia trouxe 21 reforços, sendo 14 para a defesa – incluindo suas seis primeiras escolhas no Draft. Ainda assim, a movimentação mais relevante aconteceu do outro lado da bola: a extensão de quatro anos e 160 milhões oferecida a Dak Prescott, encerrando a novela que se arrastava há vários meses.
Principal reforço: Micah Parsons, iLB. Parsons foi uma barganha na 12ª posição geral do recrutamento. Ele é um linebacker supertalentoso, atlético e capaz de ficar três descidas em campo, ajudando a conter o jogo terrestre, marcar o passe e ir atrás do quarterback.
Principal perda: Aldon Smith, EDGE. Após um longo tempo afastado da liga, Smith retomou a carreira em 2020. Mesmo sem ter sido espetacular, sua baixa é importante porque a equipe não possui muitos pass rushers confiáveis no plantel, dependendo agora quase exclusivamente de Randy Gregory e DeMarcus Lawrence.
Volta dos lesionados coloca o ataque como possível top 5 da NFL
Dak Prescott liderava a liga em jardas aéreas quando se machucou na semana 5, conduzindo os Cowboys a uma média de quase 33 pontos por jogo. Então, veio a assustadora fratura no tornozelo diante do New York Giants e tudo foi de vez para o espaço.
O quarterback, porém, não foi o único a ter problemas físicos. O left tackle Tyron Smith participou de apenas duas partidas o ano inteiro; o right tackle La’el Collins não atuou, enquanto o right guard Zack Martin passou seis semanas no departamento médico. Tudo isso terminou de matar um ataque já em petição de miséria com a combinação de Andy Dalton, Garrett Gilbert e Ben DiNucci under center.
Aliás, a implosão da linha ofensiva sem dúvida impactou no rendimento de Ezekiel Elliott (foto abaixo), o qual teve as piores marcas desde sua entrada na NFL em 2016: média 65 jardas terrestres por confronto e quatro por tentativa. Obviamente nem tudo entra na conta das lesões, vide os seis fumbles sofridos pelo running back, e podemos questionar se o alto uso de Zeke em suas cinco primeiras temporadas (1.413 carregadas) começou a cobrar o preço, no entanto devemos contextualizar a análise.
Dallas acredita que o retorno desse pessoal e uma melhor sorte em 2021 será o suficiente, pois não houve aquisições ofensivas de peso na offseason. Os titulares são literalmente iguais ao de 2020, uma característica positiva tendo vista eles serem excelentes. De toda forma, Dallas ainda seguirá abraçado a Zeke – o contrato não permite uma saída agora sem um impacto bizarro na folha. Caso ele fosse cortado hoje, o dinheiro preso na folha de 2021 seria de 26 milhões. Tampouco daria para sair sem uma reestruturação no ano que vem, mesmo com corte pós-junho: o impacto seria de 16,5M[foot]via Spotrac[/foot]. De toda forma, para preservar Zeke, a tendência é de que McCarthy dê mais carregadas para Tony Pollard em 2021 – como o mesmo já deu a entender em coletivas recentes.
Agora as boas notícias para além de Dak, que é um sólido quarterback: o caso do outros skill players, por exemplo; Você não encontrará um trio de wide receivers mais perigoso do que Amari Cooper, CeeDee Lamb e Michael Gallup. Até o tight end Dalton Schultz, antes um mero coadjuvante, mostrou-se uma arma valiosa ao somar 63 recepções, 615 jardas e quatro touchdowns depois da lesão de Blake Jarwin. Não falta talento ao redor de Prescott e o céu é o limite para esse ataque, desde que todo mundo esteja saudável. A grande pergunta é se Mike McCarthy é o comandante certo e se tem condição de levar a equipe ao sucesso. Muita gente diz que não e já defendeu a sua demissão em 2020 mesmo.
Uma das piores de 2020, defesa busca se acertar com Dan Quinn
McCarthy deu a vaga de coordenador defensivo a Mike Nolan, um velho conhecido da época na qual ambos trabalhavam no San Francisco 49ers. Seguiu-se uma verdadeira tragédia: o time permitiu o maior número de pontos e o segundo maior de jardas da sua história. A unidade era visivelmente mal treinada e bateu cabeça por boa parte da primeira metade da temporada.
Se por um lado a intertemporada caótica devido à pandemia impediu os atletas de aprenderem o complexo sistema de Nolan via Zoom, por outro também é fato que as características dos jogadores e o plano do técnico não ornaram. Deste modo, Nolan não usufruiu da interminável paciência de Jerry Jones e perdeu o emprego em janeiro.
Dan Quinn, ex-head coach do Atlanta Falcons, assumiu seu lugar quase instantaneamente. O novo coordenador trouxe na bagagem os safeties Damontae Kazee e Keanu Neal, além de ganhar diversos reforços para tentar arrumar a casa. Destes, vale destacar o calouro Micah Parsons, linebacker responsável por acabar com a festa dos ataques correndo pelo meio do campo, além de também ajudar no pass rush.
Outra contratação interessante foi Malik Hooker, adquirido às portas do Training Camp. Ele será pareado com Donovan Wilson e terá a obrigação de cuidar da cobertura no fundo de campo, ao passo que Wilson deve ficar mais próximo do box. Hooker é um bom safety, todavia o excesso de lesões atrapalhou sua continuidade no Indianapolis Colts. Esperar que ele não se machuque é pedir demais, mas Dallas não perde nada por arriscar.
De resto, o investimento foi em nomes baratos objetivando encorpar o elenco, casos de Carlos Watkins, Tarell Basham, Jayron Kearse, etc. A franquia apostou em outro sistema e não em uma transformação radical das peças. Vale lembrar que existe qualidade no grupo, como os jovens e promissores defensive backs Trevon Diggs e Donovan Wilson, o EDGE DeMarcus Lawrence e, o sujeito a lesões, Leighton Vander-Esch. Não é um cenário de terra arrasada. Em suma, os Cowboys não precisam que a defesa seja fantástica para poderem competir; precisam apenas que ela não seja horrível. Se Quinn conseguir atingir um patamar pelo menos de mediocridade – e ele possui um material humano decente em mãos -, Dallas já estará em condição de melhorar bastante o 6-10 de 2020.
Como foi em 2020: 6-10, 3º lugar da NFC East. Fora dos playoffs
Aspecto tático: A repaginada defesa tende a ser muito mais parecida com a de Rod Marinelli, coordenador entre 2014 e 2019, do que com a de Mike Nolan; Quinn é adepto da Cover 3, a base do seu sistema desde quando ganhou fama com a “Legion of Boom” do Seattle Seahawks. O treinador reafirmou a intenção de utilizar formações e conceitos diferentes, algo natural, contudo espere ver um safety (Malik Hooker) e dois cornerbacks marcando em profundidade durante vários snaps. Nesse sentido, não surpreende as vindas de Kazee e Neal, dois ex-Falcons acostumados às suas ideias.
Jogo mais importante: Semana 14, @ Washington. Segundo a soma da campanha dos oponentes em 2020, Dallas terá o terceiro calendário mais fácil da atual temporada. Seja isso verdade ou não, as coisas se complicarão a partir da semana 14, afinal serão quatro duelos divisionais nas últimas cinco rodadas.
Pergunta a ser respondida: A comissão técnica é capaz de tirar o melhor desse elenco? Todo ano os Cowboys chegam a setembro cheios de expectativas, todo ano eles decepcionam os torcedores. Como o problema não é falta de talento dos atletas, a culpa cai quase inteira nas costas dos técnicos. A pressão por resultados sobre Mike McCarthy será imensa, de modo que um novo desempenho pífio semelhante ao de 2020 custará a sua cabeça.
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O que esperar em 2021: Briga por playoffs. Dallas é outra vez o principal time da NFC East no papel, embora a distância em relação a Washington e New York Giants tenha diminuído. Tudo indica uma disputa acirrada entre os três pela divisão, sem ninguém largando muito na frente, mas com os texanos tendo um teto maior do que os concorrentes. Se tudo der certo – Prescott voltar bem, as lesões não devastarem a linha ofensiva e a defesa se ajeitar -, os Cowboys podem até ir longe no mata-mata e competir pelo título da NFC.
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