Um dos jogos mais estranhos na história recente da pós-temporada e que nada teve a ver com o primeiro jogo que vimos entre as equipes na temporada regular, quando os ataques explosivos tomaram conta do Superdome. Os Rams, mesmo com decisões bastante questionáveis de seu treinador, com uma atuação magistral de sua defesa e uma não tão boa assim de seu quarterback, além da ajuda decisiva da arbitragem num lance capital dentro do two-minute warning.
Bem… não foi um primeiro parágrafo animador. Não há como falar sobre o triunfo surpreendente de Los Angeles na final da conferência nacional por 26 a 23 sem antes abrir um parêntese com relação a arbitragem da partida. As chamadas foram questionáveis para os dois lados, entretanto, a falha mais capital e que interferiu diretamente no resultado da partida indubitavelmente ocorreu em favor dos Rams, já perto do encerramento do último quarto.
O cornerback Nickell Robey-Coleman acertou Tommylee Lewis na cabeça antes da bola chegar no alvo – ou seja, só nessa sentença, duas faltas foram cometidas, e pode-se argumentar que uma terceira ocorreu com um hit em um recebedor que não podia se defender. O próprio Robey-Coleman confessou após o jogo que fez a falta com a intenção de evitar o touchdown dos Saints; incrivelmente, a arbitragem não marcou nada no lance.
Robey Coleman: “Yes, I got there too early. I was beat, and I was trying to save the touchdown.
— Robert Klemko (@RobertKlemko) January 20, 2019
Apesar da falta não-marcada, há de se registrar que a defesa dos Rams é a principal causa do time estar qualificado para a disputa do Super Bowl em Atlanta daqui a duas semanas. Se Sean McVay recebe créditos e colhe os louros frutos de seu ótimo trabalho na parte ofensiva, o ataque de Los Angeles teve uma exibição, ao máximo, mediana, diferente do que vimos ao longo de todo o ano.
Com os Saints jogando de forma extremamente agressiva na secundária, Jared Goff teve um primeiro tempo bastante ruim, já que não conseguia lidar com as variações de cobertura mano-a-mano que New Orleans apresentava; como resultado, faltando pouco mais de um minuto para o fim do primeiro tempo, Goff lançou um passe de 13 jardas que, até aquele momento da partida, era a jogada ofensiva mais produtiva dos Rams. Ainda assim, o time conseguiu chegar no intervalo com um déficit de apenas três pontos no placar.
Evitar touchdowns no início foi o ponto chave para a vitória no fim
Por mais clichê que seja a fala de “time que anota field goal, leva touchdown“, o principal fator que permitiu aos Rams manter o placar ainda perto foi que, enquanto o ataque só se encontrou no último drive do primeiro tempo, a defesa sofreu com o ataque dos Saints, contudo, as duas primeiras campanhas de New Orleans com a bola resultaram apenas em seis pontos, num momento aonde os comandados de Sean McVay pareciam completamente perdidos em campo.
Em um desses drives, inclusive, o time da casa recebeu a bola de volta na linha de 16 jardas de seu campo de ataque, quando Todd Gurley dropou um passe na terceira descida e a bola caiu no colo de Demario Davis, que não a dropou. Gurley teve uma atuação bem ruim, estando em campo muito menos tempo do que C.J. Anderson, ainda que os Rams não tenham sido efetivos correndo com a bola de forma alguma – somados, Gurley e Anderson tiveram 54 jardas em 20 carregadas, um número baixíssimo.
Se a defesa estava atuando num excelente nível, o ataque nada conseguia produzir. Assim, Sean McVay se mostrou obrigado a arriscar um fake punt da linha de 30 jardas de seu campo de defesa, buscando uma alteração de momentum da partida semelhante a que os Saints obtiveram na semana passada contra os Eagles. Deu certo, já que o time conseguiu a conversão, moveu a bola e terminou o drive anotando seus primeiros pontos da partida. Limitar os Saints a field goals no início da partida permitiu aos Rams chegarem ao intervalo perdendo por apenas 13 a 10.
Melhor ainda, limitar Drew Brees a apenas três pontos em quatro posses somando o último quarto e a prorrogação mostra o quão efetivo foi o plano defensivo orquestrado por Wade Phillips. Aaron Donald foi a força de sempre, penetrando constantemente no backfield e destruindo o jogo terrestre dos donos da casa.
No Super Bowl, o ataque não vai se safar com uma atuação ruim
Seja lá qual adversário os Rams tenham de enfrentar no Super Bowl, o ataque da equipe precisará urgentemente de superar e muito o nível da atuação na Louisiana. Jared Goff teve um jogo mediano, misturando passes maravilhosos no último quarto com jogadas em que, se melhor executadas, teriam resultado em pontos. Se Goff tivesse tido uma melhor atuação, Los Angeles nem ao menos teria precisado de prorrogação para bater New Orleans.
https://twitter.com/Cianaf/status/1087126386765111298
O jogo terrestre também precisará de mais efetividade. Os números de Anderson e Gurley, citados acima, não foram nada satisfatórios; há de se considerar que nem o Kansas City Chiefs nem o New England Patriots possuem grandes unidades parando o jogo terrestre, então o prognóstico é favorável com relação a uma melhor atuação.
Mais Finais de Conferência:
Segue a Dinastia: recap da final da AFC
MVP de 2018, Mahomes sai de campo vencido – mas não pipocou
Depois de um ano aonde grandes ataques chamaram a atenção ao longo de toda a temporada regular, foi um grande jogo da defesa que colocou os Rams como representantes da NFC no Super Bowl. O trabalho de Sean McVay continua extremamente produtivo e o jovem treinador tem agora uma chance de ouro de fechar 2018 com chave de ouro, podendo bater um dos treinadores mais vitoriosos e veteranos na história da liga – seja lá qual seja o adversário.







