Existem duas classes com muita qualidade no topo e certa profundidade neste Draft: os pass rushers, jogadores responsáveis por pressionar o quarterback (chamados carinhosamente de edges) e os cornerbacks. Eles devem ditar o ritmo deste próximo Draft e devem serem os principais fatores na parte de cima – as três primeiras rodadas.
Existe uma diferença muito grande entre as classes: enquanto entre os edges a diferença entre a nata e o resto é maior, entre os cornerbacks temos muito mais prospectos nivelados. Por causa disso deve ocorrer uma corrida ao final da primeira/começo da segunda rodada atrás daqueles que ganham a vida batendo no jogador mais valioso do time adversário.
Do grupo de edges, visivelmente vemos a formação de certos pelotões. O melhor, sem ninguém ao seu lado, é Myles Garrett, que deve ser a primeira escolha geral – só Cleveland não clevelear. O nível 1-B, digamos assim, é composto por Solomon Thomas (o queridinho de Stanford que não para de crescer) e Derek Barnett – o prospecto de Tennessee que é um jogador que polariza as massas, mas disputa com Thomas este posto. Jonathan Allen? Deve ser um 5-tech defensive end ou um 3-tech defensive tackle.
A segunda leva, digamos assim, possui quatro atletas e é neste ponto que a discussão começa: como classificá-los? Charles Harris (Missouri), Taco Charlton (Michigan), Tim Williams (Alabama) e Takkarist McKinley (UCLA) formam este grupo e existe muita divergência de quem é o melhor prospecto. O Pro Football, como sempre, é totalmente independente e pensa por si próprio. Fomos analisar os quatro de perto e trazemos as nossas impressões.
Lembre-se: o esquema muda tudo. Fazer um ranking nu e cru é tolice, visto que encaixe, plano de jogo e plantel a disposição mudam completamente o seu board. Para os apressados TL;DR, a ordem preferida foi Charlton/McKinley/Williams/Harris, mas que pode mudar dependendo do time que vai escolher.
Para compreender este texto, é essencial que você saiba as diferenças entre o 3-4 e o 4-3
Aqui o básico do sistema defensivo 4-3
E, aqui, o básico do sistema defensivo 3-4. Não deixe de ler.
Taco Charlton (Michigan, DE de 4-3)
Charlton é enorme. 1,98 metro, 126 kg em um corpo que aguentaria mais uns 10 – Eddie Lacy deve ter um pouco de inveja. Com a construção corporal dele, é um protótipo perfeito para jogar em um 4-3 como right defensive end. Charlton não é um cara que vai ter uma envergadura incrível, muito menos o melhor primeiro passo da liga, conquanto é muito capaz no combate ao jogo terrestre e extremamente técnico no pass rush. A partida final da temporada regular passada contra Ohio State é um exemplo disso.
O grande problema da estrela de Michigan é manter o equilíbrio. As vezes ele ultrapassa a sua própria passada e perde contenção. Em outras joga muito alto, deixa o offensive lineman o dominar e acaba fora da jogada. Quando está em seus melhores momentos, destrói o pocket adversário na força e não desiste das jogadas.
O melhor de Charlton, como pass rusher, é em sua técnica. Seu giro em torno do próprio eixo é nível Nick Fairley saindo do college, o melhor (nesse quesito) da classe sem sombras de dúvidas. Possui muito recurso, principalmente quando resolve rushar em gaps mais internos – atacando o ombro esquerdo do tackle. Sem sombras de dúvidas é o mais completo dos quatro na linha de scrimmage.
Takkarist McKinley (UCLA, EDGE de 3-4)
O maior potencial. McKinley, em campo, é o Jiraya de azul. Ele é absurdamente atlético, tem um instinto considerável e um equilíbrio muito bom. Sua capacidade de se situar no jogo não é tão apurada como a de Tim Williams ou Taco Charlton, mas ele não deixa a desejar.
Um protótipo ideal para o 3-4, McKinley sofre contra o jogo terrestre – principalmente contra linhas mais físicas. Coloque-o nos Eagles (sim, eu sei que eles jogam no 4-3), por exemplo, e ele vai pedir pinico contra uma linha ofensiva física como a de Dallas. Ele precisa crescer como atleta, principalmente a sua massa muscular – por isso deve entrar na liga como um pass rusher puro apenas.
Por não ter tanta capacidade para ser titular desde o primeiro dia, McKinley deveria sair no final da primeira rodada/início da segunda. Seu primeiro passo é bom (não tanto quanto o de Charles Harris) e o atleticismo para se trabalhar é enorme. Precisa ser mais técnico e aprender a ter um repertório maior.
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Charles Harris (Missouri, EDGE de 3-4)
Os três (Harris, McKinley e Charlton) se comparam muito bem. Apesar de jogarem em duas equipes podres, o videotape de Harris e McKinley foram bons durante 2016 inteiro. Já no Combine, a estrela de UCLA destruiu, já Harris…
Yikes. É o tipo de tiro de 12 no meio do peito de qualquer equipe. Primeiramente qualquer time 4-3 deve ter se assustado com o tamanho e falta de atleticismo de Harris – deve ser um pass rusher no 3-4, no máximo. Não corre, não é ágil e não é alto. O que atrai em Harris, além do seu primeiro passo?
A sua envergadura. Esta jogada acima não é qualquer um que consegue fazer – Taco Charlton já estaria no chão na primeira passada. O Combine não traduz o quão bem ele consegue se envergar contra left tackles adversários. Contra o jogo terrestre é um desastre, logo ele é um jogador de terceiras descidas. Mesmo assim, em uma liga tão necessitada de pass rushers, Harris pode ter muito valor – mas é o famoso boom or bust. Se eu fosse um general manager, com certeza seria meu alvo na terceira rodada. Alguém vai se apaixonar, é óbvio, e escolhê-lo também neste range de primeira/segunda rodada.
Tim Williams (Alabama, LOLB de 3-4)
Williams é totalmente diferente dos outros prospectos. Extremamente técnico, pouco explosivo, completo longe da linha de scrimmage. Ele consegue jogar no espaço, tem uma noção de jogo extremamente apurada, o que o torna um jogador ideal para ser um left outside linebacker em um 3-4. Ele em Chicago com Leonard Floyd seria um casamento ideal – para ser selecionado na segunda rodada, que fique claro.
Apesar de ser um cara que ia direto atrás do quarterback no college, claramente o seu estilo de jogo vai ser difícil de ser transmitido para a NFL se ele cair em um time que o confie o papel de rusher principal. Pense nele como um Connor Barwin de dreads: bom no espaço, jogador para oito sacks por ano e que complementa qualquer pass rush da equipe. Como principal sackador? Esquece, altas chances de não dar em nada.
E aí, o que fazer com isso?
É óbvio que este texto não é um draft report de cada jogador. Entender o nosso pensamento passa por entender o estilo de jogo de cada um. Coloque Williams em New Orleans e a transição vai ser extremamente dolorida – assim como um Harris de titular desde o primeiro dia.
Neste Draft, claramente, existe um top 10 extremamente qualificado e depois vem uns 20 jogadores de níveis parecidos que vão ser ranqueados de acordo com o esquema, seja 3-4 ou 4-3 (e não mais talento) – isso excluindo os quarterbacks, que fique claro. E neste grupo devem estar Taco Charlton e McKinley. Enquanto o primeiro é o único que, aparentemente, tem desenvolvimento necessário para ser titular desde o primeiro dia, o segundo é o com teto mais alto e que pode virar o terror em alguns anos – me lembra um pouco Bud Dupree e seu estilo cru com muito potencial.
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No terceiro grupo de jogadores do Draft estariam Charles Harris e Tim Williams. Enquanto este deveria sair no topo da segunda rodada para alguém que queira um linebacker para jogar do lado do 5-tech defensive end (não acho que ele tem capacidade no espaço para atuar como SAM em um 4-3), aquele deveria sair no final da segunda rodada/início da terceira rodada.
Não me leve a mal: Harris é muito divertido de se assistir, mas a transição dele para o profissional pode ser extremamente difícil. Muito baixo, magro, nada atlético. É uma combinação que pode ser mortal… para ele e para o emprego de quem escolhê-lo. Apesar disso, Harris tem uma capacidade de envergadura e primeiro passo espetaculares. Pode estourar se cair em um time que saiba o desenvolver. Por enquanto sou muito mais Taco Charlton e Takkarist McKinley.
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