Draft: 2016, a fumaça que ofuscou as estrelas

Um dos Drafts mais fortes da última década, o recrutamento em 2016 ficou marcado por um incidente extracampo bizarro minutos antes do evento começar e que alterou a configuração da primeira rodada

Além da classe de 2011, que foi basicamente perfeita no topo da ordem de escolhas, a outra classe de Draft da última década que se destaca pela quantidade de talento (e algumas histórias bem bizarras) que saiu a partir dela é a de 2016, a última vez em que dois quarterbacks foram escolhidos com duas primeiras escolhas, feito que deve se repetir em 2021.

Só que Jared Goff e Carson Wentz não foram as grandes estrelas daquela noite. Em 2016, vimos um recrutamento que viu vários e vários times encontrarem talentos de elite muito além da primeira rodada, porém, a abundância de qualidade e os passadores ficam em segundo plano quando relembramos um incidente muito bizarro minutos antes do Draft começar.

Goff, Wentz, Lynch e Prescott

Ao longo do processo pré-Draft, ficou claro que três passadores seriam escolhidos na primeira rodada: Goff, Wentz e Paxton Lynch. O Tennessee Titans, detentor da primeira escolha geral e tendo acabado de draftar Marcus Mariota, sentiu a oportunidade e trocou com o (então) St. Louis Rams, que enviou duas escolhas de primeira, segunda e terceira rodada para o direito de selecionar Goff.

Alguns dias depois, foi o Philadelphia Eagles quem subiu no Draft, dando ao Cleveland Browns duas escolhas de primeira rodada, uma de segunda e mais duas escolhas de meio de Draft pela segunda escolha geral e o direito de selecionar Carson Wentz. Ainda, na noite de recrutamento, o Denver Broncos saltaria da 31ª escolha geral para a 26ª para escolher Paxton Lynch como substituto de Peyton Manning – não contem ao Deivis que eu escrevi isso.

Outros nomes conhecidos saíram nessa classe – Jacoby Brissett, Christian Hackenberg, Connor Cook são alguns deles. Há de se notar, entretanto, que mesmo com dois quarterbacks sendo escolhidos no topo, o melhor da classe seria uma mera escolha compensatória de quarta rodada: Dak Prescott foi escolhido pelos Cowboys já no último dia e, se aproveitando da lesão de Tony Romo, assumiu a titularidade como calouro e detonou todas as expectativas, mais tarde se consolidando como o franchise quarterback em Dallas.

Talento não foi o que faltou

Falamos bastante de Goff e Wentz até aqui e, embora nenhum deles esteja mais com as equipes que o draftaram, eles ao menos levaram Rams e Eagles ao Super Bowl. Só que a classe seguiu com jogadores muito acima da média a partir dali. Só pra se ter uma ideia, depois de Wentz, os jogadores escolhidos foram, em ordem, Joey Bosa (Chargers), Ezekiel Elliott (Cowboys), Jalen Ramsey (Jaguars), Ronnie Stanley (Ravens), DeForest Buckner (49ers) e Jack Conklin (Titans). Todos esses são superestrelas na liga atualmente.

Aliás, outro ponto interessante dessa classe é a quantidade de superestrelas que foram escolhidas além da primeira rodada: já no começo do segundo dia, vimos uma sequência incrível de seleções que contou com Jaylon Smith, Hunter Henry, Myles Jack, Chris Jones e Xavien Howard. Mais pra frente na segunda rodada, Derrick Henry, Michael Thomas e Deion Jones foram draftados. Ainda, nomes como Kevin Byard, Yannick Ngakoue, Justin Simmons, Matt Judon e Tyreek Hill foram escolhidos em 2016.

Tudo que foi dito até agora nesse texto é irrelevante no imaginário comum em comparação a um incidente de minutos antes do recrutamento iniciar.

O homem por trás da máscara

Era quase um consenso que o melhor jogador da classe era Laremy Tunsil, tackle de Ole Miss e que estava projetado para sair no top 5. Só que, cerca de dez minutos antes dos Rams estarem oficialmente no relógio, a conta de Tunsil no Twitter publicou um vídeo do jogador usando uma máscara de gás e fumando uma substância, presumivelmente maconha, de um bong. Com o acontecido, a cotação do jogador pareceu despencar, com Ravens e Titans, que precisavam de um tackle, passando o jogador.

O efeito foi instantâneo. Boatos surgiram que algumas equipes tiraram-no de suas boards inteiramente e a apreensão do jogador, que teve a conta hackeada, era visível, com sua queda sendo a grande história da noite. Na 13ª escolha, o Miami Dolphins resolveu colocar um ponto final na bagunça e escolheu Tunsil.

Quer dizer, quase colocou. Enquanto o jogador dava uma coletiva de imprensa, o Instagram do mesmo também foi hackeado e surgiram mensagens dele pedindo dinheiro para um treinador de Ole Miss, o que é estritamente proibido pela NCAA. Ele assumiu na coletiva ter mandado as mensagens e recebido o dinheiro, mas pra ser justo, ele não se envolveu em polêmicas extracampo desde que chegou na NFL.

A lição que fica e é válida para os prospectos de 2021? Tomem cuidado com suas redes sociais, crianças.

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