Um Draft sem trocas insanas, polêmicas e questionáveis é um Draft perdido. É igual a uma corrida de Nascar sem batidas ou a uma partida de hóquei sem jogadores brigando. As trocas são uma das principais responsáveis por dar emoção ao processo de acompanhar o comissário da NFL lendo nomes em um pedaço de papel por três horas. Cada vez que Roger Goodell vai ao microfone avisar que uma troca aconteceu, o coração de cada torcedor para por alguns instantes, seja de esperança, seja de apreensão – a depender do general manager envolvido.
Por ser um ano em que não existe certeza sobre praticamente nada – desde quem é o melhor quarterback até quem merece ser a primeira escolha geral -, o Draft 2019 está muito propício para um sobe e desce intenso de franquias. É bastante provável que seja o recrutamento mais movimentado das últimas quatro ou cinco temporadas, embora o Draft passado também tenha sido muito divertido de assistir.
As possibilidades de negócios são infinitas, mas separamos alguns dos principais cenários de troca que podem virar o primeiro dia de Draft de ponta-cabeça. Não focamos tanto nos prospectos, mas sim nas próprias equipes e suas necessidades ou objetivos.
Raiders subindo por Kyler Murray
Todd McShay, especialista em Draft da ESPN norte-americana, afirmou recentemente que a expectativa é os Raiders selecionarem um defensor de impacto imediato com a 4ª escolha geral, jogando um balde de água fria em quem gostaria de ver Murray vestindo preto e prateado. Se ao menos estivéssemos na época em que Al Davis comandava o show em Oakland…
Seja como for, por mais que a versão “oficial” diga o contrário, sempre existe a possibilidade dos Raiders fazerem algo completamente imprevisível. Aquela história de Jon Gruden mandar os olheiros da franquia para casa por desconfiar que eles vazarão informações à imprensa antes do Draft é muito suspeita. É um indício fortíssimo de que eles têm alguma coisa grandiosa planejada.
Tal coisa talvez seja uma investida por Murray. Julgando que os Cardinals surpreendam e não o escolham com a 1ª pick – uma possibilidade que vem crescendo nos últimos dias -, Gruden pode querer subir uma ou duas posições, trocando com 49ers ou Jets, para garantir o quarterback mais empolgante (e polarizante) da classe. Lembremos que o head coach já demonstrou não ser um dos maiores fãs de Derek Carr.
Um trade up assim teria um custo de algumas escolhas de terceira rodada provavelmente, mais ou menos o que os Bears pagaram em 2017 para subir uma posição e draftar Mitchell Trubisky. Por outro lado, se os Raiders quiserem trocar com os Cardinals, o preço tende a ser bem mais salgado por se tratar da 1ª escolha geral e por toda a cortina de fumaça que Arizona fez em torno de si mesmo sobre o interesse em Murray. Certamente a franquia tentará esfolar quem quiser adquirir sua pick – possível até que exijam uma escolha de primeira rodada.
Seahawks fazendo um trade down
Ao longo do último ano, Seattle saiu trocando suas escolhas de 2019 como se não houvesse amanhã. Infelizmente para a franquia, o amanhã chegou e ela ficou com poucas picks no atual recrutamento. Descer da 21ª posição e acumular mais capital é uma ótima ideia.
Sim, mandar Frank Clark para os Chiefs rendeu uma escolha extra de primeira rodada (29ª), mas é preciso ter em mente que mesmo assim os Seahawks contam com apenas cinco picks – a de segunda rodada vinda no acordo é de 2020. Além do mais, bem, agora eles precisam repor a saída do seu EDGE titular.
Colts, Rams e mesmo os Patriots apresentam-se como os principais candidatos a tentar costurar um negócio, pois têm munição de sobra para fazer isso e, por se tratarem de candidatos a voos altos em 2019, podem buscar algum jogador valioso em queda livre ou algum prospecto que julguem fundamental para suas ambições. Um acordo com qualquer uma dessas franquias faria Seattle descer poucas posições no primeiro dia de Draft, trazendo como compensação escolhas extras de terceira rodada ou até de segunda, conforme a concorrência.
Ademais, dependendo de como se desenrolar a corrida pelos principais quarterbacks, a 21ª pick também pode se tornar atrativa caso algum bom nome ainda esteja na mesa. Patriots e Chargers, por exemplo, podem querer subir para buscar seu signal caller do futuro, assim como os Packers (antes de nos xingar, lembre-se que Green Bay recebeu a visita de Drew Lock e também mostrou interesse em se encontrar com Daniel Jones).
Times do top 15 pulando para o top 10 por causa de quarterbacks
Prepare-se para o caos se os Giants não escolherem um quarterback com a 6ª seleção geral – prepare-se se eles escolherem também, só por via das dúvidas. É possível que qualquer time entre Bengals (11ª pick), Dolphins (13ª) e Redskins (15ª) queira pular para o top 10, pois os Broncos vão para o relógio na 10ª posição e, teoricamente, também podem estar atrás de um quarterback. E a tentação só aumenta se New York não for de signal caller com a sua primeira pick, já que mais nomes estarão na mesa.
Deste modo, Jaguars (7ª), Lions (8ª) e Bills (9ª) tornam-se candidatos fortíssimos para trade downs, até porque são franquias que adorariam acumular mais capital no recrutamento. Apenas como base de comparação, Oakland desceu da 10ª para a 15ª posição em 2018, recebendo escolhas extras de terceira e quinta rodada. Dependendo do que acontecer no dia do Draft, Jaguars, Lions e Bills podem pedir até mais do que isso.
Agora você deveria se perguntar: é possível que algumas dessas franquias, incluindo os Broncos, queira subir ainda mais alto por um signal caller? Sim, é bastante possível. Terça-feira surgiu o boato de que os Redskins estão muito interessados em trocar de lugar com os Jets, escalando para a terceira posição geral. O alvo, obviamente, seria um signal caller – todos os principais nomes foram ligados a Washington. Contudo, o custo de subir até o top 5 seria astronômico aos interessados, certamente incluindo múltiplas escolhas de primeira rodada.
Além de New York, Buccaneers (5ª) e até os Cardinals (1ª) parecem os mais dispostos a trocar para baixo. Oakland (4ª) já tem um caminhão de escolhas, incluindo três de primeira rodada, e não precisa de um trade down, San Francisco (2ª) aparentemente está apaixonado por Nick Bosa e os Giants não dão sinais de quererem descer no recrutamento.
Giants subindo do 17º lugar por um quarterback
Com certeza seria bizarro se acontecesse, mas é uma possibilidade caso a franquia não escolha um quarterback imediatamente. Pode ser que os Giants considerem algum outro prospecto impossível de resistir na 6ª posição e o selecionem. Então, temendo perder seu signal caller favorito, queiram trocar para cima, saltando Bengals, Dolphins, Redskins ou até Broncos. New York tem duas picks de quarta rodada e mais três de quinta, portanto um salto não muito distante ao custo dessas escolhas de menor valor não traria grandes problemas.
Josh Rosen
Como Thanos será derrotado e quem trocará (se é que alguém trocará) por Josh Rosen são as duas grandes perguntas que terão resposta na quinta-feira. Se os Cardinals não chamarem o nome de Kyler Murray, Rosen ficará em Arizona e tudo estará terminado. Se chamarem, o ideal é negociar Josh na noite do Draft mesmo – essa história de ficar com os dois no time não pode ser séria, não é?
Com a notícia de que os Redskins desistiram de fechar negócio, sobraram poucas opções para Arizona – Giants, Bengals, Broncos e Dolphins também não estão fazendo muito esforço para contar com o segundanista, de acordo com informações. Entre os candidatos originais das especulações sobraram apenas Chargers e Patriots. Será que New England vai chocar o mundo com uma troca dessas no dia do Draft? Será que algum time surpresa aparecerá ou alguém que saiu da briga voltará ao páreo? Seja como for, o mais provável é que Rosen valha uma escolha de segunda rodada em uma eventual troca.
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