Falar sobre tight ends no Draft da NFL é uma missão ingrata ano sim, ano também. A posição é bastante importante no jogo profissional, não me entenda mal. O problema é que no college… É melhor adotar o Protocolo Jaiminho e evitar a fadiga. Para começo de conversa, o tight end é um híbrido: tem que bloquear minimamente bem, correr as rotas e fazer recepções no tráfego. Considerando que esse tráfego vira hora do rush na NFL por conta da complexidade das defesas e do maior tamanho dos atletas, a transição fica ainda mais complicada.
A questão, intrínseca à análise de tight ends todos os anos no Draft, é que os times não estão preocupados com essa transição. Querem otimizar o elenco para o College. Essa otimização passa por focar, na maioria dos casos, em spread offense, porque “wide receiver” dá em árvore. As ferramentas e tamanho para um bom tight end saindo do ensino médio… Bom, o buraco é mais embaixo.
Não surpreende, portanto, que um grande prospecto na posição seja coisa rara. Tivemos Kyle Pitts ano passado, mas é quase que um em um milhão. Em anos anteriores, Stanford e Iowa revelaram bons talentos para a NFL, mas vale lembrar que seus sistemas ofensivos dão mais valor a atletas da posição. No mais, uma miríade de jogadores de Dia 2 vieram para a NFL. O resultado dessa matemática é o fato de que os melhores tight ends da NFL não foram escolhidos na primeira rodada do Draft. George Kittle foi escolha de quinta rodada, Rob Gronkowski de segunda, Travis Kelce e Mark Andrews de terceira e Darren Waller nem conta… Porque era wide receiver no college football.
A lapidação na posição de tight end acaba sendo mais importante do que os prospectos em si. Chegar como o mais pronto e o primeiro da classe, agora, não quer dizer absolutamente nada. Trey McBride, de Colorado State, chega com essa posição. Com histórico de jogador de basquete e mãos seguras, McBride foi eleito o melhor tight end do nível universitário. Por outro lado, seu atleticismo não é nada faraônico, ele precisa trabalhar (bastante) na execução das rotas e a produção na red zone, algo tão importante para tight ends profissionais, não impressionou.
Não por acaso, a comparação que o Deivis fez no nosso top 5 é de McBride com Cole Kmet, também considerado um dos melhores de uma classe insossa há dois anos. Kmet não figura entre os melhores da posição na NFL. McBride talvez siga o mesmo caminho. Falta tomperro.
As outras alternativas
Como dito, o caminho para um bom tight end é justamente a lapidação pela comissão técnica do nível profissional. O ponto é que as equipes vão precisar de um joalheiro para os outros prospectos da classe, não um técnico de tight ends. Isaiah Likely chega como promessa de Coastal Carolina e o tape mostra seu tesão de bloquear. Mas o atleticismo não é nada demais e o nível de competição que enfrentou jogando pelos Chanticleers (não inventei o apelido do time, é sério) desperta dúvidas.
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Greg Dulcich teve seus momentos por UCLA, mas a absoluta falta de vontade de bloquear me faz perguntar se não é mais um wide receiver pós macarronada que o College joga na NFL de ano em ano. Jalen Wydemyer (Texas A&M) teve um pós-college péssimo em números atleticos. Ainda, como o Deivis lembrou no top 5, drops foram problama e se tem uma coisa que aterroriza técnicos e torcedores é um tight end dropador – pergunte a quem torce para os Steelers sobre o assunto. Jeremy Ruckert (Ohio State) também é um nome a ser mencionado, mas sinceramente, em nada me empolga. Bloqueia ok até, mas seu volume foi quase nulo e ele jogou com C.J. Stroud ano passado, era para ser melhor.
Há talvez um tiro longo, a ser lapidado, no Dia 3. Jelani Woods (Virginia) é imenso e rápido. Mas como não existe almoço grátis, temos um porém. Vários. Os bloqueios – técnica e todo o mais – deixam a desejar e ele é um sashimi quando o assunto é ser cru em aspectos técnicos correndo rotas e o resto no jogo aéreo… Incluindo um open bar de drops, mais de 10%. Mas numa quinta ou mais cedo, quarta rodada, para um time paciente, pode render frutos. Com seu potencial atlético, imaginamos que até mesmo no final do Dia 2 algum time aperte o gatilho.
Como visto, a classe é fraca como um todo e não há nada que empolgue muito. Isso não quer dizer que ninguém aqui vai render. Poucas coisas importam tanto para um tight end como o encaixe e seu trabalho quando chega no jogo profissional. Em 2022 não será diferente.








