Antes de começar a ler este texto, meu amigo leitor, recomendo que você sente e aperte os cintos, pois vem uma notícia bombástica por aí. O Seattle Seahawks acertou uma escolha de primeira rodada de Draft! Sim, você não leu errado. No ano em que a franquia começa a se reestruturar, era necessário fazer um bom recrutamento, de forma a preencher as várias carências que o elenco possui e eram mascaradas pelo talento de Russell Wilson.
Seattle optou por não investir em um quarterback ainda, entendendo que o suporte para um passador calouro não seria bom o suficiente e que, portanto, ainda é melhor dar uma última chance para Drew Lock se provar. A estratégia faz sentido, como também fez sentido o bom Draft da franquia, que conseguiu encontrar bons talentos para diversas posições carentes.
Dando o que Wilson sempre quis
Nos seus últimos anos em Seattle, a corrida pela sobrevivência tornou-se carta marca de Wilson. Sempre sofrendo acima de 30 sacks por ano e sendo derrubado, em média, em 8% de seus recuos de passe[foot]Para se ter um comparativo, a média da liga em 2021 foi 6,5%, de acordo com o Pro Football Reference[/foot], Russell nunca teve paz e havia a constante necessidade de protegê-lo, sempre ignorada pela franquia.
Agora que ele se foi, porém, a ficha caiu. Ou, enfim, Pete Carroll percebeu que não poderia mais negligenciar a linha ofensiva, porque Wilson fazia milagre. Sabendo disso, a unidade foi grande foco no Draft. Na escolha de primeira rodada, Charles Cross caiu nas mãos de Seattle na #9, gerando uma das melhores escolhas do primeiro dia. Muito refinado na proteção ao passe, é uma solução eficiente e imediata para o ponto cego do quarterback, trazendo uma segurança que a equipe não tinha nem mesmo com Duane Brown.
Só que ainda faltava a outra ponta. Embora a chegada de Cross solucione o lado esquerdo da linha, o lado direito ainda estava carente. Usar uma das escolhas de segunda rodada no setor seria manufaturar demais a posição, o que geraria uma má otimização dos recursos – é melhor distribuir o talento em um time escasso como esse. Assim, a seleção de Abraham Lucas na terceira rodada faz completo sentido. Mesmo com muito a aprender, ele já é, por muito, o melhor right tackle da equipe e tem capacidade de melhorar rapidamente, com boa experiência universitária e uma elogiada inteligência. Havia prospectos que eu preferia mais do que ele na #72? Sim, mas Seattle precisava de um bom nome e o garantiu.
“Vejo as coisas de forma mais clara, agora que você está no meu retrovisor”. É, não podemos falar que Carroll não está atento ao cenário musical de Seattle. Essa frase faz completo sentido ao que a equipe sempre viveu, mas só mudou agora que perdeu seu principal jogador.





