Draft Day é o filme perfeito para te fazer pegar gosto pelo Draft da NFL

[dropcap size=big]A[/dropcap] maior parte das pessoas aqui no Brasil, pelo feedback que recebemos, é iniciante em termos de Draft. Mesmo nos Estados Unidos, o evento é meio que voltado para aqueles fãs mais hardcore que querem testemunhar como seus times vão se reforçar.

Parece chato, né? Bom, até o início da década de 1980, era mesmo. Jimmy Johnson, Jerry Jones e o Dallas Cowboys meio que ajudaram a dar mais graça no Draft. Por meio de inúmeras trocas, o Draft virou um grande jogo de poker entre general managers. A queda de Aaron Rodgers, em 2005, acabou involuntariamente dando mais graça ainda.

Rodgers havia vindo de um junior college e teve apenas uma temporada como titular em Cal. A falta de experiência pesou contra Aaron: Alex Smith foi a primeira escolha geral e Rodgers caiu até a 24ª escolha. Ver Rodgers caindo, para muitos, era como uma experiência de assistir a um reality show. Não eram jogadores de capacete: ali, na espera, eram seres humanos com suas emoções à flor da pele.

Ante esse panorama – e com audiência cada vez maior – foi questão de tempo até que um filme fosse feito sobre o Draft da NFL. Há narrativas prontas ali e diversos instrumentos de roteiro que podem ser usados. Saber quem foi a primeira escolha é aquele “santo graal” (MacGuffin) que esperamos por todo o filme. Uma troca ou alguém não escolhido onde deveria é aquele famoso “plot twist”.

Às vésperas do Draft de 2014, o filme “Draft Day” (“A Grande Escolha”, no Brasil) foi lançado nos Estados Unidos. Não tem um enredo digno de Oscar – é um filme feito para fãs de esportes. Se você não gosta de esporte ou de Kevin Costner, pode acabar não gostando do longa. Bom, você está num site de futebol americano. Acho que gosta de esportes. Então esse filme é feito para você.

Originalmente pensado com o Buffalo Bills como sendo o “time-protagonista”, Draft Day se voltou para o Cleveland Browns por conta dos custos de produção em Cleveland – menores do que no Estado de Nova York.

A sinopse – não vou dar spoilers, fique tranquilo – é a seguinte: filho do falecido ex-técnico dos Browns, Sonny Weaver Jr. (Kevin Costner) teve uma temporada de altos e baixos antes do Draft da NFL. Seu quarterback titular, Brian Drew (Tom Welling, o Clark Kent de Smallville) se machucou no meio da temporada e as chances de playoff dos Browns foram para o espaço. Pressionado no cargo pelo dono dos Browns (Frank Langella), Weaver faz uma troca estúpida e paga caro demais pela primeira escolha geral do Draft – originalmente de Seattle. Depois disso, ele tenta descobrir se vale a pena draftar Bo Callahan – quarterback de Wisconsin – ou se há algo por trás de sua “perfeição” que ninguém descobriu.

Lógico, como você deve imaginar, Weaver acaba sendo pressionado pelos olheiros e pelo técnico do time (Sam Moore) para continuar com seu plano original: escolher Vontae Mack (linebacker de Ohio State interpretado por Chadwick Boseman, de Pantera Negra) ou Ray Jennings (running back que é interpretado por Arian Foster, que realmente jogou na NFL).

Como você que acompanha a NFL de forma mais intensa vai rapidamente perceber, Draft Day tem trocas mais malucas do que de costume. Mas algumas – o overpay que Weaver dá pela primeira escolha geral – já aconteceram na vida real. Em 1999, apaixonado pelos talentos de Ricky Williams, Mike Ditka troca TODO O DRAFT dos Saints pela escolha de Washington na primeira rodada. Possivelmente uma das piores trocas da história da liga, dado que um jogador não vale um draft inteiro. As “entrelinhas” do caráter de Callahan lembram muito vários busts do Draft da NFL – Johnny Manziel e Ryan Leaf, notoriamente.

Considerando que o filme trata de um assunto complexo para os fãs casuais, frequentemente você vê aqueles diálogos entre personagens que nada mais são do que recurso de roteiro para fazer a audiência entender o filme e seu contexto. Como o processo de trocas no Draft é feito de muitas ligações telefônicas, um recurso interessante que foi utilizado é a tela dividida entre os dois personagens ao telefone – o que faz com que o espectador tenha a leve impressão de que ambos estão na mesma sala.

Não vou mentir: o roteiro é um tanto quanto previsível e, tirando para os fãs mais hardcores, Draft Day não é aquele filme que você vai ver um milhão de vezes (a não ser que, como eu, você seja viciado no Draft mais que criança em Peppa Pig).

No final das contas, é um filme leve e que, devido ao enredo – cujas trocas são exageradas e não acontecem com aquela magnitude todo ano, já aviso – cativante para os amantes de esporte, pode fazer com que alguém que é fã mais casual de NFL acabe se apaixonando pelo Draft e pelo poder que ele tem em moldar o destino das franquias da liga.

Mesmo que você não goste de futebol americano (aí que boa hora para chamar alguém e ver junto), Draft Day é aquele típico filme que, ao terminar de assistir, te dá uma sensação gostosa de otimismo.

Abaixo, o trailer legendado.

Ficha Técnica

Diretor: Ivan Reitman
Ano: 2014
Elenco: Kevin Costner, Chadwick Boseman, Denis Leary, Frank Langella, Jennifer Garner, Sam Elliott
Gênero: Drama, Esporte
Tempo de Exibição: 109 minutos

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