Drake Maye, para além de números e exageros

Talvez seja a hora de apenas sentar e assistir Drake Maye crescer e dar frutos, tal qual uma árvore no seu quintal.

 

Confesso que ultimamente ando fugindo das redes sociais, em especial aquela de 280 caracteres. Talvez a idade tenha me deixado com menos vontade de “estar certo” e mais interessado em boas discussões. Claro que por vezes ainda incorro em não ouvir o outro lado da forma mais racional, afinal, como humano, falho sou. 

Um dos meus grandes dramas em relação a essas discussões é que, em geral, parece que todo argumento se resume a números. Entendam, eu os uso e sempre os usarei. Acho que num aspecto amplo eles nos mostram desvios – positivos e negativos – que podem ter passado desapercebidos aos nossos olhos. São grandes alerta, algo que serve como chamariz.

Todavia, números sem contexto, são apenas algarismos jogados ao vento. Entender a situação denota estudo do tape e muitas coisas. Pensando nisso, para escrever esse texto sobre Drake Maye, me lembrei da frase do Coronel em Tropa de Elite.

E eu lá quero saber de numerologia?

Controle é a chave

Uma das maiores missões de um quarterback na NFL é controlar o jogo. Sim, ele é como se fosse um coordenador de transmissão numa cabine durante um evento ou médico na sala de cirurgia: pode não estar executando algo em específico, mas tudo precisa estar sob seu controle o tempo todo. Drake Maye tem mostrado isso, semana após semana. Basta ver sua capacidade de se mover dentro e fora do pocket.

Se em 2024 ele andava assustado e sua primeira decisão era correr para longe do defensor, hoje ele começa a desenvolver um sentido que é vital para ser um grande QB na liga: sentir a pressão em vez de ter que enxergar. Diante do Cleveland Browns, Myles Garrett – possivelmente um dos seres humanos mais assustadores vivos – o colocou no chão por 5 vezes. Mesmo assim, não vi Drake com medo, desconcentrado ou mesmo apressado.

Ele apenas seguiu jogando, entendendo que tem dias que irá apanhar e precisa seguir mostrando controle e comando.

Melhorar medianos é uma qualidade

O torcedor do New England Patriots pode até discordar, mas o grupo de recebedores é mediano, sendo bem gentil. Mesmo assim, o time segue produzindo no jogo aéreo. Será que foi algum elixir milagroso, servido por Mike Vrabel? Ou eles são filhos do sol, tal qual Kamer Rider Black RX?

Prefiro ser racional e entender que hoje, o time tem um quarterback que conseguiu criar sintonia com cada uma de suas peças. Isso exige não apenas técnica, mas também percepção de quem são as pessoas ao seu redor: o que esse recebedor é capaz? O que preciso fazer para o colocar em condição de produzir? Adianta eu mudar a rota dele na linha de scrimmage para atacar o fundo, se ele é um recebedor de passes rápidos?

Não se aumenta a produção de jogadores medianos se o seu QB não entende quem são eles. Para sorte do grupo que recebe a bola, Drake Maye já os entendeu e os ajuda.

Chato, mas eficiente

Se eu fizer um top-5 pessoas que tenho mais antipatia na NFL, é bem provável que Josh McDaniels esteja na lista. Como head coach no Denver Broncos e Las Vegas Raiders, ficou evidente que pensa ser Bill Belichick: infelizmente para ele, só existe um. São inúmeras histórias bizarras de vestiário, além de ter dado sua palavra para o Indianapolis Colts e voltado atrás após o anúncio.

Todavia, nunca neguei sua qualidade como coordenador ofensivo. Se ele fez um nome menos talentoso como Mac Jones ter um bom ano de calouro, me parecia quase certo que daria certo com Maye. E vem dando, graças um bom sistema: passes em movimentos, conceitos que deixam o QB em situação boa, com leituras rápidas e chamadas de qualidade. McDaniels é insuportável…mas é bom pra caramba.

Torcedor de New England, comemore: seu QB está no caminho certo. Sem queimar etapas, mas mostrando que pode as vencer com até relativa tranquilidade. Solavancos vão aparecer? Claro, mas a estabilidade do carro está boa. Desfrute da viagem, sem se perguntar tanto aonde ela vai chegar, afinal, apreciar a paisagem do caminho também é bem gostoso.

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