É sustentável imitar o sucesso dos Chiefs?

Assim como os Patriots nos últimos anos, os Chiefs podem se tornar o novo modelo de sucesso das franquias. Seguir o mesmo rumo é a atitude correta?

Ao ler uma análise do Football Outsiders para a temporada do Kansas City Chiefs, fiquei interessado pelos comentários feitos acerca do sucesso da franquia. A meta da equipe é instaurar uma dinastia, tal qual o New England Patriots realizou nos últimos anos. No caso deste, diversos times tentaram copiar a fórmula e não se pode dizer que a taxa de êxito foi minimamente satisfatória.

Caso os Chiefs consigam estabelecer um caminho triunfante, o incentivo à imitação será criado novamente, influenciando franquias que estão no fundo do poço. Visto o que aconteceu com New England, é sustentável que o mesmo caminho seja percorrido mais uma vez?

O modelo dos Chiefs

Um ótimo técnico e a seleção perfeita de um grande quarterback: esses são os dois pilares do caso de sucesso da franquia. Os Chiefs aproveitaram a chance de contratar uma das grandes mentes ofensivas de sua geração e deram a ele o controle de selecionar quem seria o nome que comandaria sua unidade.

Podemos até levar em conta a pitada de sorte na queda de Patrick Mahomes no Draft 2017, só que o tratamento feito com ele por parte da comissão técnica não tem nada a ver com o acaso. Andy Reid moldou o quarterback com precisão de Michelangelo, pois sabia que, nos dias atuais, um grande passador pode minimizar os problemas de uma equipe.

O resto do time passa longe de ser ruim, mas sob a tutela de Mahomes, os pequenos empecilhos tornam-se microscópicos. Basta observar a campanha do título: a defesa nunca precisou ser uma das melhores da liga, apenas subir de nível ao fim do ano a ponto que não entregasse os pontos; para a linha ofensiva, a solidez nas pontas bastou, já que o quarterback possui boa mobilidade lateral. O corpo de recebedores possui talento, principalmente em Tyreek Hill e Travis Kelce, sendo maximizado pela qualidade do signal caller e pelo esquema de Reid.

Basicamente, os Chiefs possuem um elenco sólido, com duas peças como diferenciais. Não fosse essa dupla, o time provavelmente oscilaria entre campanhas boas e medíocres – e esse é o principal ponto quando outras franquias tentarem imitar seu sucesso.

Seguir o mesmo rumo é sustentável?

Pensando pelo lado das franquias, em tese o caminho é fácil, pois encontrar um franchise quarterback e um bom técnico exige, além de uma pitada de sorte, “apenas” um processo de escolha condizente da diretoria. Ademais, há inúmeros exemplos de boas duplas na liga, indicando que a tarefa pode, então, não ser tão complicada.

Entretanto, se encontramos tão frequentemente boas conexões entre treinador e quarterback, mesmo que por apenas um ano, por qual motivo é tão difícil construir uma dinastia? Sim, você pensará no salary cap e essa parte é importantíssima, só que há um fator extra que, no fim das contas, é o principal determinante desse rumo – e que, enfim, o torna insustentável para a maioria das franquias.

Não basta apenas conseguir um bom quarterback: é necessário um excelente, que seja constante e coloque seu ataque no topo todos os anos. Não basta apenas um bom técnico: é necessária uma ótima mente ofensiva, que se adapte bem às mudanças da liga e que sabia manter o time focado fora de campo.

Isso é o que separa os Chiefs – e que diferenciou os Patriots – de times como o Seattle Seahawks e o Los Angeles Rams: esse possui um passador inconstante ao lado de uma boa mente ofensiva; aquele tem um quarterback excepcional, mas um técnico arcaico. Bons trabalhos são premiados em algum ano, mas para se atingir a excelência (leia-se: a dinastia) é necessário mais do que uma boa temporada.

Logo, o rumo para boa parte das franquias acaba se tornando insustentável e pode levá-las a perdição, ao dar contratos multimilionários a quarterbacks bons e resultando em constantes demissões de treinadores. Parafraseando o ditado: “passadores e técnicos históricos não dão em árvore” e, nesse ponto, há a dose de sorte. Evidentemente, o trabalho de scouting da diretoria também é necessário, como o próprio Reid fez com Mahomes que, na época, não era vista como um atleta geracional.

Sempre é interessante utilizar um modelo positivo como inspiração, ainda mais quando alguns pontos dele podem ser facilmente aplicados na realidade. As franquias, contudo, não podem pensar que serão mais uma exceção à regra, ou o modelo se provará insustentável no futuro próximo – e o exemplo se tornará seu próprio inimigo, como acontece com Tyler Durden em “Clube da Luta”.

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