Eli Manning, o quarterback injustiçado

Campeão, ídolo e uma das faces de sua geração. Ainda assim, longe de ser uma unanimidade quando pensamos nos maiores de todos os tempos. Conheça um pouco mais da história de Eli, um quarterback com uma trajetória épica desde seu princípio

Na última semana, em um texto feito por este que vos escreve, narramos a história de Tim Tebow, nome cuja carreira não foi um sucesso dentro de campo, mas que tem muito a nos ensinar fora dele. O que acontece, porém, quando mesmo as vitórias dentro das 100 jardas parecem não ser o suficiente?

Esqueça o nome e olhe as estatísticas: primeira escolha geral de seu Draft, 16 temporadas na liga pelo mesmo time, 2 troféus – sendo MVP da final nos dois -, sendo que um deles foi contra um dos melhores times da história; além disso, está no top-10 histórico de jardas e touchdowns passados.

Você, torcedor, já deve saber de quem estamos falando. Eli Manning fez história na liga, sendo um dos grandes nomes de sua geração e um dos maiores ídolos do New York Giants. Bicampeão e dono de um espaço importante na memória recente, o irmão mais novo de Peyton, contudo, não tem base firme quando mencionamos os melhores na posição.

Ok, não é fácil ser considerado um quarterback top-10 da história da NFL. Só que, mesmo em um top-15 ou 20, Eli não tem posição cravada. Mais ainda, quando se aposentou, a discussão é se havia espaço para ele no Hall of Fame da liga. Polarizante, amado e, por vezes, injustiçado. É a hora de revermos essa bela história.

“Não te quero”

Um recrutamento histórico: o ponto de partida perfeito para a narrativa de Eli. Como seu pai – o também lendário, Archie Manning-, ele fez sua carreira universitária em Ole Miss. Adentrando o Draft 2004, era ele o nome preferido em uma classe que também possuía Ben Roethlisberger e Philip Rivers.

Só havia um “pequeno” detalhe. Quem detinha a primeira escolha geral no recrutamento era o Los Angeles (na época, San Diego) Chargers, sendo que Eli não queria ser recrutado por eles. A franquia, porém, ignorou os desejos contrários e o selecionou mesmo assim. No entanto, seus momentos com o time original seriam curtos, já que os Giants – ansiosos por sua presença – selecionaram Rivers na quarta escolha geral para executar a troca.

Fez-se assim o início de uma grande história de amor. Desde o início de sua carreira com New York, as marcas de Eli tornaram-se evidentes: um quarterback que te entregaria vitórias, suor e apareceria nos momentos importantes, mas que não conseguiria se manter no patamar de elite da liga e que seria igualmente responsável pelos momentos difíceis que os Giants passariam. Em todas as temporadas nas quais foi titular por completo, Manning sempre teve mais de 10 interceptações; em três anos, liderou a liga no quesito. [foot]Pro Football Reference[/foot] Seu histórico de vitórias é de exatos 50% (117-117). A relação de 1,5 touchdowns para interceptações também é baixa – para efeitos de comparação, a de seu irmão mais velho é de 2,14 e a de Brady 3,06.

Nesse ponto, já começamos a nos perguntar: será que Eli é realmente injustiçado ou seu baixo ranqueamento é realmente válido? Seu sucesso é exagerado ou há algo a mais por trás de tudo isso?

A medida do sucesso 

Olhando de fora, alguns aspectos do esporte fogem de nossa análise, mas isso não os torna menos importantes. Ao fim da carreira de um jogador, o que resta? Não estou falando pensando na visão externa, mas nele. A própria classe de Manning no Draft nos traz um ponto interessante: dos três, em talento, Rivers, discutivelmente, teve o maior pico, porém, foi o único a sair sem levantar um título. Será que, para Eli, é tão crítico assim não ser considerado um dos grandes da posição na história, sendo que foi decisivo em dois troféus?

Quando falamos de Eli, as primeiras coisas que vêm à mente são o Helmet Catch e o Manning to Manningham, dois dos momentos mais marcantes da história das finais. Ele foi o principal responsável por impedir que o New England Patriots não conquistasse o título após um 16-0 na temporada regular, no melhor ano da carreira de Brady e no que é considerado o melhor time de todos os tempos que não conquistou um Super Bowl.

Será que essa narrativa já não é a que Eli quer ter em sua estante? Não estou menosprezando a importância de ser um dos melhores da história – Peyton, seu irmão mais velho, é o exemplo vivo de que é possível unir as duas coisas -, mas precisamos entender que é raríssimo atingir esse nível.

O que importa para Eli não é a presença no Hall of Fame ou na lista dos melhores da história, mas que seu legado está marcado. Por isso, ele acaba sendo, muitas vezes injustiçado, porque o debate é iniciado tentando o colocar em um patamar no qual ele não precisa estar. Manning foi bicampeão e uma lenda de sua equipe. Já basta. Para que exigir demais de quem não está pedindo?

Sejamos, então, justos: um passador vitorioso e que sempre será lembrado quando falamos da história da liga. Para sempre um dos ídolos de uma das mais importantes franquias. Prazer, Eli Manning: o quarterback (agora) justiçado.

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