Apenas um defensor draftado pelo New England Patriots nos últimos 25 anos está no Hall da Fama. O mais incrível é que ele não foi escolhido por Bill Belichick – mas certamente foi moldado por ele.
Se hoje temos Stephon Gilmore e já tivemos Asante Samuel como nome dominante na secundária patriota, o setor era incrivelmente dominado por Ty Law ao final dos anos 1990 e, sobretudo, na primeira metade da década de 2000. Law foi draftado em 1995, ano que Belichick ainda era head coach do Cleveland Browns. Demitido ao final da temporada com a mudança de cidade para Baltimore, Belichick encontrou refúgio nos Patriots de seu mentor, Bill Parcells, como técnico de secundária. Essa secundária, aliás, foi um dos principais motivos pelo qual New England chegou ao Super Bowl naquela temporada – tendo sido derrotado pelo Green Bay Packers.
Quando Robert Kraft procurava um treinador após o fiasco de Pete Carroll na temporada de 1999, pensou em Belichick – então nos Jets. Para compensar o medo das coletivas de imprensa assustadoras de Belichick, Kraft conversou com alguns dos jogadores que trabalharam com Bill naquele 1996 campeão da Conferência Americana. Law era um deles. Todos, sem exceção, endossaram a contratação do treinador.
Não é por acaso, portanto, que existe um certo vínculo entre a gênese da dinastia patriota, Ty Law, Bill Belichick e o fato de Law ser o único (por enquanto) daquela unidade que está no Hall da Fama. Law liderou a NFL em interceptações por duas vezes e este era seu quinto ano de elegibilidade – terceiro como finalista. Não é um first ballot, mas é indiscutível sua contribuição para o fomento da “cultura patriota”, do “Do Your Job” e do senso de responsabilidade entre si que existe até hoje no New England Patriots. É certo que a secundária é a menina dos olhos de Belichick na atualidade – investindo mais na unidade do que no pass rush, por exemplo. E pode ser também certo dizer que essa relação começou com aquela unidade de 1996, quando o atual head coach era apenas um técnico de posição que havia sido chutado por Cleveland.
Selecionado para a seleção de melhores jogadores da NFL na década de 2000, Law teve seu grande momento na Final da Conferência Americana de 2003. Foi uma das três finais de Conferência na qual foi titular e aquele foi um momento importante na solidificação do New England Patriots enquanto dinastia. O time vencera como uma das maiores zebras da história do Super Bowl em 2001 e no ano seguinte sequer foi aos playoffs. 2003, portanto, seria um tira-teima – contra um Indianapolis Colts de Peyton Manning que parecia maduro o suficiente para vencer o título.
Manning fought the law and the Law won. O quarterback dos Colts foi interceptado por Ty Law em três passes derradeiros em meio à neve do Gillette Stadium, que recebia sua primeira de muitas finais de AFC. Esse, aliás, é o recorde de interceptações por um jogador numa final de Conferência. No total, em sua carreira, Law tem 36 – nenhum jogador do New England Patriots tem mais.
O final de carreira de Ty Law foi semelhante a muitos “vítimas” do sistema patriota e não chamados Tom Brady. A partir do momento que Bill Belichick percebeu que o auge estava chegando em seu crepúsculo e que o custo de oportunidade financeiro era alto demais, rua. Law terminou sua carreira em passagens menos brilhantes pelo New York Jets, Kansas City Chiefs e Denver Broncos. Contudo, ficou marcado pela passagem patriota de 1995 a 2004. Foram três Super Bowls e uma fundação marcante que ainda hoje permanece. A disciplina tática e o senso de “um por todos” daquela defesa de New England ainda é uma marca de hoje. O “Do Your Job” nasceu, também, por conta de Ty Law.

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