É incrível como as narrativas são construídas de forma rasa na NFL. Tyreek Hill, após quase bater 2000 jardas em 2023, teve queda drástica em seus números: menos 1000 jardas, algo que não acontecia desde 2019 + 31 anos completos = está em declínio e não é mais do topo da posição na NFL. Felizmente, uma coisa que nos orgulhamos no ProFootball é de nunca termos preguiça de olhar para além do básico e isso vale muito para esse caso.
Muito fácil esquecer
Imagine que você trabalha o dia inteiro digitando…qual a pior lesão que você poderia ter? Nos dedos, pois isso impossibilitaria de digitar, tornaria o processo doloroso e tudo mais. Tyreek tem como principal função pegar a bola, fazer a recepção. Pois bem, ele jogou a temporada de 2024 toda com uma lesão no pulso, que os médicos recomendaram cirurgia, o que faria que ele não tivesse jogado. Mesmo assim, ele foi a campo e produziu quase mil jardas.
Quer mais? Tua Tagovailoa, seu quarterback titular, perdeu 6 jogos e quando esteve em campo não conseguiu repetir o ano anterior, com um sistema que ficou manjado. Tyreek nas partidas com seu titular teve uma média de 1,81 jardas por rota corrida, um número ruim para alguém de seu calibre, claro. Todavia, é um número similar ao de Jaxon Smith-Njigba, a grande promessa do Seattle Seahawks.
Isso só comprova uma coisa: para um jogador como Hill, a régua é diferente. Seu mediano é o bom de muitos.
Velocidade não se ensina
Essa é uma das máximas que mais repito: velocidade não se ensina e nada causa mais problemas que ela. Agora, imagine você que um atleta que NÃO treina especificamente para os 100 metros rasos, aos 31 anos de idade, resolveu correr a prova em suas férias e fez o tempo de 10.15 segundos. É, estou falando do camisa 10 do Miami Dolphins, que fez isso no Texas em junho e desafiou o campeão olímpico Noah Lyles.
Um jogador como esse, saudável, é um estrago no plano de jogo de qualquer coordenador defensivo. Sua maior qualidade sempre foi fazer tudo numa velocidade acima do normal e se isso não foi afetado, sua valência está lá. E aí vem aquela coisa: quantos cornerbacks conseguem jogar contra Hill no mano a mano, sem apoio no fundo do campo? Nos seus dois primeiros anos em Miami – 2022/2023 – ele teve 669 e 740 jardas em bolas que viajaram pelo menos 20 jardas no ar. Para efeito de comparação, Alec Pierce, líder em 2024, teve “míseras” 514 jardas.
Se um safety precisa ficar no fundo do campo, ele não está em outra parte dele, o que abre espaços para os passes curtos, outros alvos e até para o jogo corrido. Repito: desqualificar Hill por um ano ruim, em que jogou lesionado e sem seu quarterback em mais de 30% dos jogos, soa insanidade para este que vos escreve.
Onde terminará? Eis uma incógnita
Ao fim da temporada, o recebedor disse palavras duras: “Estou fora, mano”, disse Hill. “Foi ótimo jogar aqui, mas, no fim das contas, tenho que fazer o que é melhor para a minha carreira.”
Contudo, ele voltou meses depois, alegou estar de cabeça quente e disse que queria trabalhar para ser um líder melhor, além de reconquistar a confiança de seus colegas de time. Além disso, o camisa 10 declarou que está plenamente saudável e que a adição do coordenador Bobby Slowik o fez entender melhor o esquema ofensivo.
Mas não se engane: um começo ruim de Miami pode fazer com que ele seja trocado até o começo de novembro, que é quando o período de trocas de encerra. Isso resultaria numa economia de US$ 15 e 35 milhões na folha salarial dos Dolphins neste e no próximo ano respectivamente. Interessados? Não faltariam: todo mundo sabe que não se encontra um Tyreek Hill em cada esquina.
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