Quando se fala de esporte, em especial coletivo, não existe certeza que seu planejamento será bem-sucedido. Inúmeros fatores interferem e podem tornar a caminhada mais ou menos árdua. Entretanto, um bom comandante precisa saber fazer ajustes nos passes e também o momento em que deve dar um passo para trás. Isso não tem sido visto no Cleveland Browns de 2021: recheado de expectativas por conta da boa campanha da temporada passada, o treinador Kevin Stefanski insiste em colocar Baker Mayfield em campo.
O que foi visto contra o Baltimore Ravens pode ser descrito como constrangedor para o quarterback. Os péssimos números são a menor parte do problema – 48% de passes completos, com apenas 6,7 jardas por tentativas -, mas a forma como Baker se apresentava dentro de campo mostrava um jogador sem qualquer condição de fazer o básico por esse time: ele lida em simultâneo com uma lesão no joelho, uma ruptura de labrum do ombro esquerdo e uma fratura no úmero. Imagine isso tudo, tendo que lançar a bola rápido, com precisão e tomando pancadas constantemente.
Stefanski é o maior culpado
Pouco importa o que Baker diga para seu treinador: não se ouve jogador num momento desses. É claro que ele vai querer jogar e provar que pode ajudar seu time: sua cabeça de atleta é programada para isso, para superar limite. Quem tem a dor como companheira diária não sabe mais diferenciar quando ela extrapolou ou não o aceitável. Esse é o momento que o treinador precisa chamar a equipe médica e perguntar qual a recomendação, pensando até no futuro do jogador. Independente de renovar com Mayfield para longo prazo, ele é o quarterback da franquia e se nada mudar, em 2022 será também.
Não é como se fosse a primeira vez na história que um time perde seu quarterback titular por lesão, num ano em que a equipe está repleta de expectativas. São percalços comuns e Kevin Stefanski não está com o emprego em risco, para forçar tanto uma situação como essa. Toda essa exposição faz uma vítima: o próprio Baker. A discussão em torno de sua renovação e teto se mistura com seus pobres desempenhos de 2021, o que não é justo. Mayfield está longe de ser um quarterback de elite, mas ele não é tão ruim como sua versão atual. Tratá-lo como um jogador da rabeira de sua posição é uma distorção enorme da realidade.
