Fora de Jogo: Cowboys são favoritos na NFC East, mas a divisão promete rumo aos playoffs

Com as quatro vitórias seguidas de Washington e Philadelphia com seis vitórias, o mês de dezembro promete emoção até o fim

Existe algo de inexplicável sobre a NFC East. Às vezes a divisão traz competição entre os melhores times da NFL, como em 2016. Naquele ano, os Cowboys chegaram a 13 vitórias no ano de calouro de Ezekiel Elliott, enquanto o New York Giants alcançou 11 vitórias ancorados na sólida defesa. O Washington Football Team, comandado por Kirk Cousins, chegou à Semana 17 podendo vencer e disputar a pós-temporada, o que não ocorreu graças às duas interceptações de Dominique Rodgers-Cromartie.

Outras vezes, a divisão parece nivelar por baixo e oferecer um cenário de “quem quiser, leva”, como se numa terra sem lei, lógica ou razão – mais muita paixão. Há pouco mais de um mês, parecia que o Dallas Cowboys estava destinado à conquista da divisão, com retrospectos (e atuações) pavorosas de seus rivais. E, embora o time ainda seja o favorito e lidere a NFC East com duas vitórias de vantagem sobre os Eagles e Washington, os três rivais oferecem uma considerável melhora e trazem um cenário de grandes confrontos entre rivais.

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A NFC East tem um charme inevitável. Acompanho futebol americano há muitos anos, e tenho certeza que muitos leitores o fazem há mais tempo que eu. Quando comecei, lembro do domínio de Andy Reid em Philadelphia, dos anos com McNabb, da ressureição da carreira de Michael Vick e uma vitória acachapante contra o Washington Football Team em 2010 num Monday Night Football. Vi a tentativa de engrenar Chip Kelly, o fracasso do projeto e a conquista histórica do Super Bowl, algum tempo depois, com Nick Foles e o inesquecível Philly Special.

Recordo com clareza da noite do Super Bowl XLII, com os underdogs do New York Giants enfrentando um dos maiores times da história da NFL e vencendo após a mitológica recepção de David Tyree com o capacete. Falando em recepções históricas, que tal a de Odell Beckham Jr. contra ninguém menos que os Cowboys? Nos altos e baixos de Eli Manning, alguns anos depois, venceriam a dinastia de Boston mais uma vez, apenas para derrocarem com Ben McAdoo, praticamente encerrando a era do camisa 10 e inaugurando uma questionável era ofensiva sob Daniel Jones.

Pelo Dallas Cowboys, cansei de argumentar sobre como Tony Romo foi um dos melhores da sua geração, como o time ancorou sua identidade nas suas raízes da década de 1990, com temporadas brilhantes por Marion Barber, DeMarco Murray e Ezekiel Elliott atrás de uma barreira intransponível como linha ofensiva. Na capital dos Estados Unidos, onde moro hoje, lembro dos insucessos do final da década de 2000 terem a alma lavada com a read option de Robert Griffin III em 2012, o final trágico desse relacionamento e uma esperança em Kirk Cousins. Sem o camisa 8, o time busca ainda sua identidade ofensiva, mas com jovens talentos defensivos e uma defesa que pode surpreender qualquer adversário.

Todas essas memórias apenas ilustram o quão rica a história dessa divisão é, e a grandiosidade das rivalidades. E isso apenas dos anos que acompanhei, sem ir para o tricampeonato do time de Washington, a dinastia dos Cowboys na década de 90, a riquíssima história dos Eagles pré-Super Bowl e os lendários times dos Giants, liderados por personagens como Y.A. Tittle, Sam Huff, Lawrence Taylor e Phil Simms.

E o mês de dezembro, esse mesmo que estamos agora, promete trazer o melhor da disputa entre essas quatro equipes.

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Com oito vitórias, os Cowboys parecem estar na melhor forma para seguirem líderes da NFC East. Com Dak Prescott saudável e uma defesa jogando em altíssimo nível – fica o abraço para Micah Parsons -, o time do Texas precisa “apenas” manter a forma. Por outro lado, são quatro duelos dentro da divisão, começando pelo  confronto contra o Washington Football Team, no FedEx Field, no próximo domingo.

Liderados por Taylor Heinicke, o time da capital vem de quatro triunfos consecutivos – Buccaneers, Panthers, Seahawks e Raiders. Aos poucos, o camisa quatro encontra mais confiança, anota pontos e domina o relógio em campanhas longas para impedir uma surpresa adversária nos minutos finais. É uma partida de vida ou morte para os donos da casa, e o time que em outubro perdeu quatro dos seus cinco duelos, encontrou em novembro sua identidade dos dois lados da bola. Sendo um jogo dentro da divisão, a atmosfera promete ser intensa – falo em primeira mão, pois os ingressos para esta partida estão com preços exorbitantes.

Falando ainda sobre Washington, o time só enfrentará, a partir de domingo, rivais da NFC East. Dallas enfrenta fora da divisão apenas o Arizona Cardinals, na Semana 17. O Philadelphia Eagles, de bye nesta semana, voltam na Semana 15  para enfrentar uma sequência de Washington, Giants, Washington e Cowboys. Na hipótese de uma derrota dos Cowboys nesta semana, a NFC East se torna aberta e extremamente disputada. Mesmo se considerarmos o New York Giants um time um pouco menos ameaçados ofensivamente, seu crescimento defensivo recente coloca obstáculos significativos para qualquer um que os enfrente.

De dezembro em diante, os Giants enfrentam dois times fora da NFC, Cowboys um. E é isso. De resto, só com os adversários mais íntimos. Teremos um mês eletrizante dentro de uma das divisões mais ricas e charmosas do futebol americano. A disputa pela NFC East está nas mãos do Dallas Cowboys, mas domingo começa uma maratona de rivalidades, e, como diz o ditado “clássico e clássico” (e vice-versa).

Sorte a nossa!

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