Sem quarterback titular, e subestimados: Como os Giants de 1990 podem tranquilizar os Eagles sem Wentz

Poucos times me fascinam mais do que os Giants de 1990. Não era um time, ofensivamente falando, considerado uma potência. Phil Simms nunca foi unanimidade entre aqueles que fazem lista de melhores quarterbacks da década de 1980 ou 1990. De toda forma, aquele time – mesmo sem muitas estrelas do lado ofensivo da bola  – era talentoso do outro lado. Antes de falarmos dele, lembremos: quarterback é a posição mais importante do futebol americano.

E estamos no crepúsculo de uma pós-temporada que, bem, está cheia de reservas. No ano passado foi assim também: Em vez de termos um quarterback de peso em Oakland, tivemos o calouro Connor Cook em sua primeira partida como titular. Em Houston, o campeão da AFC South de 2016, Brock Osweiler causou o maior remorso de compra depois de pessoas que compraram TV de Plasma pagando 30 mil reais em 2004. Ryan Tannehill não voltou a tempo da partida contra os Steelers e Matt Moore não fez muito no comando dos Dolphins no Heinz Field.

Pois bem, dado todo esse contexto e ante a lesão de Carson Wentz, pensei comigo mesmo: existiu alguma oportunidade na história da NFL em que um time perdeu seu quarterback titular na véspera da pós-temporada e mesmo assim conseguiu ir longe? Bom, sim. O Giants de 1990 é o exemplo que podemos dar sem muito pestanejar.

Na temporada regular, os Giants tiveram campanha de 13 vitórias e apenas 3 derrotas. Com tal campanha, chegaram à pós-temporada com semana de folga. Isso não quis dizer que o caminho fosse fácil ali.

Na semana 15…

Tal qual Ryan Tannehill e Derek Carr no ano passado, o comandante abatido dos Giants de 1990 era Phil Simms, um quarterback capaz de conduzir o time longe. Até então, a equipe tinha apenas duas derrotas na temporada. A partida da semana 15 seria contra o Buffalo Bills e seu ataque de alta octanagem – uma prévia do que viria pela frente em janeiro de 1991. Justamente nesse jogo contra Buffalo, Simms foi atingido e quebrou o pé. Com a lesão, o quarterback titular dos Giants acabaria por perder o restante da temporada regular e dos playoffs. Parece familiar?

Após a lesão de Simms, parecia que aquele time franco-favorito ao Super Bowl acabaria por implodir com o reserva. Parece familiar?

O camisa 11 foi substituído por Jeff Hostetler nas duas partidas finais da temporada regular – ambas vitórias, contra Cardinals e Patriots. Com as vitórias asseguradas, os Giants conseguiram garantir, também, a semana de folga. E isso fez a diferença.

Certo, mas por que você está falando do quarterback?

Este é o ponto deste artigo. A gente é tão apaixonado por quarterbacks que esquece que defesas são importantes no futebol americano. Se o seu ataque for um lixo e você tiver média de 20 pontos por partida, você vencerá jogos caso sua defesa seja fora de série e não ceda mais de 10 pontos para o adversário. Simples lógica e matemática.

Bom, a defesa dos Giants daquele ano foi o que levou o time ao Super Bowl e ao título. Não Hostetler. Parece bastante confuso se consideramos que o título foi justamente “Algum time já venceu o Super Bowl com o reserva após o QB titular na reta final da temporada?”. Coloquei isso como isca, porque o objetivo aqui é mostrar que defesas, sim, ganham campeonatos. E que defesas podem suplementar ataques deficientes ou ataques com quarterbacks reserva.

Em 2007, a ESPN.com elegeu a defesa dos Giants de 1990 como a sexta melhor da história. O time cedeu apenas 13,2 pontos por jogo num calendário bastante difícil (NFC East e AFC East). A unidade tinha nomes como Leonard Marshall, Carl Banks, Dave Duerson e, claro, Lawrence Taylor. Não obstante, o coordenador defensivo era um tal de Bill – já volto nele. E o head coach, outro Bill (Parcells), é considerado um dos melhores da história.

Os Giants de 1990 entraram nos playoffs com semana de folga e mesmo assim foram subestimados. Venceram os Bears por 31-3, um passeio, na abertura de sua pós-temporada. Na semana seguinte, enfrentaram os 49ers pelo título da conferência.

Aqui, cabe contexto: os Giants haviam perdido (com Simms em campo) contra os 49ers na temporada regular. Venceram cedendo poucos pontos no Candlestick – o jogo teve um Joe Montana arrebentado num dos hits mais fortes da história e que, de maneira indireta, acabou com sua carreira em San Francisco (um dia falo mais sobre). No Super Bowl, Nova York era zebra novamente contra os Bills e seu poderoso ataque. Também, pudera: os Bills tinham Thurman Thomas no backfield. Os Giants tinham um calouro e um OJ Anderson que muitos achavam que não renderia nada. Os Bills tinham Jim Kelly e os Giants tinham o reserva, Hostetler.


“RODAPE"

De todo modo, novamente, isso de nada importou. No Super Bowl XXV, os Giants tinham um plano defensivo claro: marcar em zona, punir os recebedores e “forçar” os Bills a correrem por conseguinte. Thomas teve mais de 100 jardas terrestres na partida – como era a ideia do coordenador defensivo daquele time. Com efeito, Buffalo fez apenas 19 pontos na partida.

E Hostetler? Bom, com todo respeito a ele, tudo o que ele teve que fazer foi não estragar tudo. Houve uma jogada, em específico, na qual ele tropeça em OJ Anderson na end zone e a defesa dos Bills quase lhe rouba a bola. Ele consegue segurar e cede apenas o safety. Caso houvesse um touchdown ali, os Giants teriam perdido a partida.

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Quem era o coordenador defensivo? Ah, um tal de Bill Belichick. O plano de jogo dos Giants para aquela partida, dito acima, está no Hall da Fama do Futebol Americano Profissional. Quem venceu aquele jogo – e aquele playoff como um todo – foi a defesa dos Giants. Não importou muito que haja um quarterback reserva em campo, desde que ele não estrague tudo.

Qual deve ser o plano de jogo dos Eagles sem Carson Wentz, então?

O mesmo dos Giants de 1990, ou tipo isso. Por que deste texto? Bom, para ressaltar a importância da defesa de Philadelphia neste ano. Não há um Lawrence Taylor pressionando os adversários, mas os Eagles contam com – para mim – a melhor linha defensiva da Conferência Nacional. Brandon Graham, Fletcher Cox, Timmy Jernigan, Vinny Curry, Chris Long e o calouro Derek Barnett: respeitável, não? Aliás, o próprio Long – que é reserva na rotação – forçou um fumble crucial na vitória contra o Los Angeles Rams.

“49ERS"

A ausência de Wentz afeta a defesa, claro – pergunte aos Broncos como um ataque inepto atrapalha tudo. Mas ainda é uma unidade que cede a menor quantidade de jardas corridas por jogo e a quinta que menos cede pontos por partida. Em diversos outros casos, os Eagles estão bem ranqueados no lado defensivo da bola.

No ataque, a base deve ser correr – mas em vez de O.J. Anderson, aqui há um talentoso comitê de running backs que figura entre os dois melhores da NFL em jardas corridas por jogo – e quarto melhor em jardas por tentativa terrestre.

Leia mais: Eagles: Fim da linha ou ainda há esperança sem Carson Wentz?

Não acabou tudo. Ainda há jogos pela frente. Resta saber qual será o destino desse time. Até porque, por mais que haja esperança, quarterbacks que têm três ou menos jogos como titulares e comandam seus times nos playoffs possuem duas vitórias e doze derrotas desde os Giants de 1990. O lado bom? As duas vitórias foram comandadas pelo atual coordenador ofensivo dos Eagles e outrora quarterback reserva na NFL, Frank Reich.

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