Agora a NFL posta em português no Facebook – embora o seja apenas para pessoas que residem no Brasil, é possível fazer esse direcionamento para páginas grandes.
Isso fez com que muitos vislumbrassem a possibilidade de que a liga desembarcasse no Brasil em breve para uma partida de temporada regular. Eles estão ligando para nós! E, afinal de contas, somos um dos maiores mercados consumidores do mundo. Mais: existem diversos estádios que receberam jogos com “padrão FIFA” – além de novas arenas como o Allianz Parque e a Arena do Grêmio.
Lugar para jogar não falta. Mas, obviamente, não é só isso que a NFL vai levar em conta para pegar suas malas e desembarcar em um país. Não tenha dúvidas que existe uma “fila de espera” para tanto.
FOX Sports americana e o insider Albert Breer, da NFL Media, reportam que os donos de franquias devem marcar partidas para a Alemanha em 2017 e China para 2018. Como reportamos aqui em ProFootball, o México já está confirmado para 2016 – e existe um compromisso dos owners de expandir o mercado internacional. Mas… Nada de Brasil?
Não, nada. E faz sentido por enquanto.
Primeiro porque, fora Londres, a Alemanha é um importante mercado consumidor para o esporte. É a maior economia da Europa Continental e tem “traços” de Futebol Americano em sua cultura, sobretudo devido a presença de militares dos Estados Unidos na Alemanha Ocidental enquanto esta existiu. Não é a toa que era o país com mais times na empreitada da “NFL Europa”, que acabou há alguns anos.
A China é outro “no brainer”, até porque é um mercado consumidor de literalmente bilhões de pessoas – e a experiência da NBA vem sendo muito bem sucedida por lá. A liga já queria desde 2007 tentar pelo menos um jogo de pré-temporada na China, jogo este que acabou sendo remarcado para 2009 e acabou não virando.
Zika, Impeachment e Olímpiadas
A conjectura internacional vai além de ter um mercado consumidor forte ou estádios “padrão FIFA”. É importante falar sobre como estamos inseridos no cenário internacional no momento.
Para escrever este texto, assisti ontem a um programa da Globo News sobre jornalistas que são Correspondentes Internacionais no Brasil. Eles falaram um pouco sobre como estão vendo as coisas por aqui. Há um padrão de apreensão no discurso de todos, sobretudo quanto à apreensão e incerteza sobre zika vírus, a dengue, a crise política e outras coisas mais.
Quando e se a NFL desembarcar no Brasil, deve ser por volta de outubro ou novembro – dificilmente um jogo internacional aconteceria nas quatro primeiras semanas de temporada regular, isso “prejudicaria” algumas equipes. Esses são justamente os dois meses nos quais o calor começa pacas e, com ele, as epidemias de dengue e outras doenças ligadas ao aedes aegypti. Os americanos tem terror disso.
Ao mesmo tempo, existe uma desconfiança tremenda no cenário internacional quanto à situação política atual do Brasil. Partido político a parte – não vou me meter nisso aqui, ainda é um site de esportes – as coisas estão definitivamente instáveis. Existe um processo de impeachment rolando no parlamento e literalmente ninguém sabe como as coisas estarão daqui alguns meses. Isso, somado à atual crise econômica – a qual é objetiva, aparte da sua opinião política, dado o aumento da inflação e recessão do PIB – gera ainda mais incerteza para que a NFL desembarque num país.
Esses dois fatores – zika/dengue + instabilidade política e econômica – serão melhor analisados durante as olimpíadas agora neste ano. O quanto eles afetarão a organização de um evento esportivo?
A Copa do Mundo não é tão parâmetro: o futebol é nosso principal esporte e pode estar havendo uma epidemia zumbi que mesmo assim lotaríamos os estádios. Mas os Jogos Olímpicos tem 42 modalidades, algumas um tanto quanto desconhecidas do brasileiro, como o badminton.
Saber como o brasileiro irá abraçar os jogos – e sobretudo se os zika da vida e a instabilidade econômica afetarão o sucesso da competição – é essencial para que a NFL tome qualquer decisão. Ao invés de temporada regular, a princípio, soaria mais lógico que a liga tente “salvar” o Pro Bowl ao enviar o jogo das estrelas para o Brasil na temporada 2017. Isso ainda estaria de pé – uma vez que novos jogos internacionais não precisam de voto da maioria absoluta (24) dos donos de franquias, isso já foi autorizado antes por eles. Quem marca é o escritório da NFL e ainda há tempo hábil para isso.
Ainda, vale ressaltar, o Brasil ainda é um mercado “novo” para a liga. Daí o motivo pelo qual a China (que está sendo conversada há 10 anos) e a Alemanha terem “passado” na frente. Todos esses pontos foram levados em conta para que não houvesse nenhum anúncio sobre nosso país.
Por ora, resta torcer para que a crise política e econômica acabem (novamente, sem tomar partido) e que o zika seja contido. Mas, mais do que tudo isso, que a Olimpíada seja um sucesso. Aí, sim, as chances do Brasil receber um jogo de temporada regular aumentam bastante.






