Indianapolis Colts, 2-0: será que esse time é pra valer?

Nem o cidadão mais otimista sonhava com tudo dando certo: Daniel Jones jogando com consistência, defesa forçando turnovers à la carte e 2-0 de campanha. Indianapolis é o único time invicto da divisão até agora, mas será que isso é sustentável?

O Indianapolis Colts era um dos maiores pontos de interrogação antes da temporada começar. O motivo principal estava na posição de quarterback: descobrir quem seria o vencedor da (terrível) batalha de titularidade entre Anthony Richardson e Daniel Jones. Eis que por coincidência do destino – e incompetência de Richardson -, quem vira titular é Daniel Jones. O discurso estava pronto: um quarterback limitado que afundaria o ataque e, por consequência, o time. A perspectiva de uma campanha negativa em 2025 e de uma nova reconstrução à caminho pareciam inevitáveis.

Corta para o momento atual, vésperas da semana 3 da temporada regular. Os Colts estão 2-0, e são os únicos invictos da AFC South até agora. Mais do que isso: o time está jogando bem nos dois lados da bola, com destaque para… Daniel Jones?? Daniel Jones JOGANDO BEM?? O QUE ESTÁ ACONTE…

Embora a situação lembre um clássico meme da Turma da Mônica, os Colts não estão bem por magia do destino. Existe muito mérito da comissão técnica e do elenco. A grande questão, no entanto, é saber se essa fórmula é sustentável mais lá na frente. Até lá, o importante é valorizar o bom trabalho dos Colts neste começo de ano.

Desapegar te fez bem, Shane

Antes que os engenheiros de obra pronta venham, um lembrete: Daniel Jones é um quarterback com limitações. Um fato que eu, você, a liga, o Papa e até a Lady Gaga sabe que é verídico. Porém, é dever de qualquer treinador tirar o melhor dos seus jogadores. Shane Steichen, o head coach dos Colts, não somente sabe disso como está o conseguindo com sucesso.

Não existe mistério no plano dos Colts, até porque já vimos uma versão parecida alguns anos atrás. Quando ainda era coordenador ofensivo dos Eagles em 2022, Steichen tornou o ataque do time mais simples, com hot routes bem desenhadas para dissecar as blitzes adversárias. Isso é crucial quando você tem um passador cujo tem problemas contra blitzes. Na época de Eagles, Steichen ajudou Jalen Hurts a identificar elas mais rápido. Agora, Steichen faz algo similar com Daniel Jones.

Indianapolis enfrentou duas defesas que mandam muitas blitzes e, em alguns snaps, disfarçadas. Aqui temos o mérito do próprio Shane Steichen, que desenhou bons conceitos para dissecar essas blitzes, como também de Daniel Jones. Nos dois jogos (e especialmente contra Denver), o quarterback soube ler bem o pré-snap e não caiu fácil nos disfarces.

Outro pilar importante é o play-action. Os Colts são o 2° ataque que mais roda e que mais consegue jardas no play-action, com cerca de 38% das jogadas e mais de 10 jardas por tentativa. Vale lembrar que os Colts possuem uma sólida OL e um bom running back, o que só melhora a situação. Quando a defesa fica dividida entre parar o passe ou impedir Jonathan Taylor de correr pelo meio, a sua janela de passe fica maior e, portanto, a sua chance de turnover diminui. Tanto que, nessas duas semanas, Daniel Jones não lançou nenhuma interceptação. É isso aí que você leu: Daniel Jones tem zero interceptações até agora. Parece estranho, não?

Quando a teoria e a prática se unem com sucesso, é muito difícil algo dar errado. Para a alegria dos Colts, todas as engrenagens estão funcionando bem e as vitórias são o reflexo disso.

Nem tudo são flores ou dancinhas do Camryn Bynum

A frase é autoexplicativa por si só. Os Colts são uma grata surpresa neste começo de temporada, sem contar com o puro suco do entretenimento que é a dupla Camryn Bynum e Blue. A defesa não tem estrelas, mas Lou Anarumo está conseguindo potencializar os talentos – os turnovers são só reflexo disso. Para além de DJ, Jonathan Taylor e a linha ofensiva, outro recém-chegado neste ataque merece mais amor: Tyler Warren. O tight end calouro vem se tornando um alvo de confiança, além de ótimo conseguindo jardas pós-recepção. Além dele, a trinca Michael Pittman Jr, Alec Pierce e Josh Downs também faz um bom começo de temporada.

No entanto, a carruagem pode virar abóbora por um simples motivo: o calendário. Conforme as semanas vão passando, mais o funil diminui. Logo, vira questão de tempo para os outros times começarem a fechar os gaps para Jonathan Taylor correr pelo meio ou frear o play-action, por exemplo. Quando isso acontecer, Daniel Jones será suficiente? Shane Steichen vai conseguir um plano B (ou C) para deixá-lo confortável dentro do pocket ainda?

As respostas para essas e outras perguntas só virão quando os Colts tiverem um grande desafio. Até aqui, conseguiram passar bem contra o Denver Broncos: um time com uma ótima defesa, ataque potente e grandes aspirações de pós-temporada. Outro teste interessante será na semana 4, contra os Rams. Para os coringas de Lou Anarumo, o desafio será impedir Matt Stafford de encontrar Puka Nacua e Davante Adams toda hora. Para a linha ofensiva e Daniel Jones, o teste será como neutralizar a trinca Byron Young, Braden Fiske e Jared Verse.

Até lá, o Indianapolis Colts superou as perspectivas ruins e começou o ano 2-0: algo que não acontecia desde 2009, quando Peyton Manning ainda estava na franquia. Uma baita e grata surpresa.

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